A História, que é fruto do andamento da civilização, é produzida tanto pelos figurantes que são conduzidos sem consciência pelas filigranas dos acontecimentos sobre os quais nada influem, quanto por aquelas figuras iluminadas, raríssimas, que “fazem as coisas acontecerem”, deixam marcas profundas e duradouras naquilo que virá ser uma era ou uma época distinta das demais. Pensando ou fazendo, homens como Platão, Da Vinci, Camões, Newton, Fleming, Churchill e muitos outros construíram a História com “H” maiúsculo. Nos dias de hoje, naturalmente, existem e ainda vão aparecer muitos homens que figurarão nos livros do futuro como aqueles próceres sem os quais o andamento da civilização seria outro, a História teria outra cara. Quero lembrar de homens como Bill Gates que, queiramos ou não, estão deixando sua assinatura nos acontecimentos que influem no futuro da humanidade.
Vamos falar sobre um desses “construtores da História”, um polímata que, por acaso, é brasileiro: José Carlos Ryoki de Alpoim Inoue. Neto de imigrantes japoneses, filho de português com nissei, Ryoki é, tecnicamente, um sansei, terceira geração de japoneses no Brasil. “O International Guinness Book of Records” registra-o como o escritor mais prolífico do mundo de todos os tempos! Até o momento escreveu e publicou mais de 1100 livros sobre os mais variados assuntos com 39 pseudônimos diferentes a pedido dos editores.
Ryoki é O Cara. Sua história de vida inclui carreira de aviador militar da FAB, quando 1964, foi convocado tendo se tornado piloto de helicópteros até 1978 quando, no posto de Major, deixou a Força Aérea e ingressou no curso de medicina da USP. Formado médico pela USP, especialista em cirurgia do tórax, Ryoki deixou a medicina em 1986 quando jogou o estetoscópio para o alto e ingressou na carreira de escritor. Deve-se observar que aí é que está a característica fantástica do polímata Ryoki, com quarenta anos, depois de ter sido aviador militar e médico, resolve ser escritor profissional num país onde ninguém lê, num país onde escritores bem sucedidos podem ser contados nos dedos. O escritor Ryoki é o duplo do homem Ryoki, seus personagens contém doses de sua múltipla formação. Ele que havia mudado radicalmente de rumo profissional por duas vezes, encarnou o escritor que passeia com firmeza e elegância pelos mais variados temas: histórias de faroeste, guerra, policiais, espionagem, amor e ficção científica. Escreve ensaios, roteiros para filmes, livros de referência, traduz, tem a própria editora e é leitor voraz para manter-se atualizado.
Agora vamos pensar, por que num dado momento da História surgem espécimes humanos fora do contexto? É uma imposição da civilização ou tem outra explicação? Inclino-me a admitir que acidentes evolutivos “normais” sempre produziram e produzem indivíduos excepcionais. A variabilidade genética das espécies é que determina multiplicidade de aptidões, cores, formas, tamanhos, habilidades e capacidades intelectuais dos seres de uma mesma espécie num mesmo momento histórico, pessoas normais mas diferentes que convivem umas com as outras. A tendência evolutiva é premiar o mais apto, o antílope mais rápido é o que sobreviverá e deixará descendentes, seus herdeiros têm chances maiores de também serem mais rápidos. Em contrapartida, o guepardo que corre mais é o que conseguirá caçar o antílope, seus descendentes também tenderão a ser mais rápidos. O Homo sapiens, por que tem um cérebro melhor, interfere nessa fórmula que a Natureza construiu por milhões de anos, e consegue manter produtivos todos os indivíduos nascidos vivos, não importam suas aptidões ou a falta delas, mas isso não vem ao caso. No caso, o que interessa é a excepcionalidade, aqueles indivíduos que “marcam a História” são os espécimes que excedem os demais em produção intelectual, por exemplo. Assim como foi Da Vinci no seu tempo, Ryoki o é no nosso. Suas conquistas literárias, ao lado do excelente cirurgião que foi e do piloto “top” da Força Aérea, o colocam no mesmo patamar das maiores figuras humanas da civilização, cujas existências confirmam que a evolução “faz experimentos” de tempos em tempos, experimentos que dão um impulso na História que vinha andando num passo constante e comedido. A evolução chuta o traseiro da História com seus experimentos, e esta toma um susto e dá aquele salto inesperado.
Tenho certeza que nossos netos e seus descendentes encontrarão milhares de referências a esse multifacetado escritor que “deixou sua marca” para sempre na História da humanidade. Nunca houve outro Da Vinci, ou outro Newton, não haverá outro Ryoki, ele é o único da sua espécie, sua produção literária o coloca num patamar muitos pontos acima do que qualquer autor de qualquer época considerada. O Cara, é a única expressão que me ocorre para qualificá-lo. Ainda por cima ele é editor de meus dois primeiros livros e agora também o mais recente seguidor deste blog. JAIR, Floripa, 13/01/11.
9 comentários:
Eu como mulher do Jair faço "lobby":
Os livros de Jair Lopes:" O TUAREGUE" e "A FONTE E AS GALINHAS" estão disponíveis no site: https://editora.webstorelw.com.br/
Parabéns pelo texto e "O CARA" é nota mil.
- "O Homo sapiens, por que tem um cérebro melhor, interfere nessa fórmula que a Natureza construiu por milhões de anos..."
- Esse "cérebro melhor" desenvolveu-se da mesma forma que a velocidade do antílope e do guepardo, ou seja, po seleção natural - provando que "pensar melhor" é mais importante que "correr mais rápido" (pelo menos não estamos ameaçados de extinção, senão por nós próprios).
- Portanto, parabéns aos ilustres pensadores listados na matéria. Acrescente-se a eles o autor d'O TUAREGUE, com justiça. E faça-se justiça também a algumas mulheres que também se destacaram no "pensar" (ô, Jair... esquecestes delas? ô, Brandina, não deste o teu pitaco?): Simone de Beauvoir, George Sand, Marie Curie... e tantas outras.
- E parabéns pelo novo livro. Abraços.
Jair, eu uma vez assisti uma matéria na TV sobre este cara. Ele é mesmo incrível! Sem saber, eu já havia lido diversos livros de bolso escritos por ele, sob vários pseudônimos.
Para escrever ficção ambientada em cenários tão diversos, precisa ter bastante conhecimento, coisa que ele demonstra nos seus livros!
P.S.: Já adquiri minha cópia do "O Tuaregue", e estou aguardando sua chegada.
Abraços!
Realmente, alguém com a capacidade de dar duas guinadas radicais na vida, e ainda se tornar o maior escritor do mundo, só pode ser chamado de O CARA. Você tem razão.
JJ, eu não conhecia "O Cara", depois de ler o seu artigo e visitar o site do Ryoki, fiquei fã dele.
A propósito, fiquei chocado com o que o Ryoki escreveu acerca da desonestidade das editoras. Com 1100 títulos publicados ele deve saber do que está falando. Parabéns pelo lançamento do Tuaregue.
Ola Jair,
Vim agradecer pela sua visita em meu blog.
Passei por aqui para conhecê-lo e fui docemente surpreendida.
Gostei demais do seu espaço.
Voltarei mais vezes.
Um abraço,
Olá Jair
Só agora vi seu comentário em meu blog, falha minha.
Muito bom seu texto.
E obrigado por me seguir no blog www.joaobatistadeandrade.blogspot.com
Um abraço
JBA
É de tirar o chapéu e ficar boquiaberta com O Cara!!
Jair. Embora ja tivesse me falado sobre ele, fiquei embasbacado. O cara não é fraco!!!
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