domingo, 3 de abril de 2016

Diálogo na porta do inferno


M – Pois é Lula, agora estamos lado a lado,
porque não há o que eu não tenha roubado.
L – Engana-se Maluf, você foi só governador,
então roubou nesse nível, coisa de amador.

M – Mas rapinei por muitos anos bem a sério,
e só roubei às claras, sem nenhum mistério.
L – Mas eu formei quadrilha de bandoleiros,
que da Petrobras, encheu o cu de dinheiro.

M – Entendo que você foi mais profissional,
só roubando na encolha, sem sair no jornal.
L – É, foi uma tramoia que envolveu doleiros,
bancos, empresas fantasmas e até puteiros.

M -  Fui eu quem disse primeiro "sou honesto"
então é plágio quando tu o diz: "só eu presto".
L - Sei, porém, ladrão que rouba ladrão assim,
deve ser perdoado por um afano tão chinfrim.

M – Roubei e coloquei meu dinheiro na Suíça,
mas, católico praticante, mandei rezar missa.
L – Coisa de amador mais ingênuo que há,
pus grana no sítio e apartamento no Guarujá.

M – Mas, como você na declaração justifica?
escondendo os imóveis, sem dar uma dica!
L – Inocente! pois tudo no Patropi se arranja,
e você já esqueceu prá que existe laranja?

M – Pilantra! E o dinheiro, aqueles milhões?
A gorda conta bancária, como dos figurões?
L – Eu finjo dar palestras muito bem pagas,
faturo uma gorda bolada enquanto tu cagas!

M – Pois é, e tem aquele acervo do Alvorada
que era poderoso e se transformou em nada!
L – Veja, cada presidente anterior um idiota,
peguei até o crucifixo, que vai dar uma nota!

M - Dizem, até que faqueiro de ouro lá tinha,
que General Costa e Silva ganhou da rainha.
L - Claro, o faqueiro foi o mais valioso butim,
estava lá, quietinho, só esperando por mim!

M – Com tudo isso, acabo ficando na minha,
comparado a você sou simples trombadinha!
L – É que tu nunca conseguiu ser presidente,
eu fui, e só para botar na bunda dessa gente.

M – Mas como fica esse povo, a sociedade?
Que, no fundo, votou na busca da felicidade?
L – Dessa pobreza, só do voto a gente gosta.
Tinha esperança é? agora continua na bosta.

M – E você agora não tem medo da justiça,
que gravou suas conversas em plena liça?
L – Ora Maluf, sou esperto assim como tu.
Aquele inquérito? Eles que o enfiem no cu!

M – Meus parabéns, grande mestre e guru,
você mandou bem, de Ipanema até o Xingu.
L – Mas ainda não terminei, portanto insisto,
daqui a pouco vou ser nomeado ministro.

M – Puxa, irmão, não tem uma boca prá mim,
que roubei, roubo e que vou continuar assim?
L – Claro Maluf, o ministério já está saindo,
onde por certo, todo ladrão será bem vindo.

M – Mas Lula, e aqueles pegos de mão cheia,
mensaleiros que hoje amargam a vil cadeia?
L – A Dilma está providenciando, a essa altura
vai promulgar milagroso decreto de soltura.

M – Portanto, neste país só se dá bem ladrão,
e melhor ainda quando entra em comunhão.
L – Sim, Maluf, neste país política é pretexto
para nós, escrotos bandidos, encher o cesto.

M – Como esta vida é boa, eu nunca fui preso,
por isso, mantenho pelo roubo, o gosto  aceso.
L – Que fui detido pela redentora, eu alardeio
apenas doze horas, mas estou de bolso cheio.

M – E como será o futuro deste Patropi então,
já que nunca pensamos no desejo do povão?
L – Maluf, nós ladrões, só pensamos na obra,
o operariado ignorante é massa de manobra.

M – Fico tranquilo, pois roubar ciência não é,
e eleitor, em nós políticos, continua tendo fé.
L -  Por isso, só valorizo quem rouba e pilha,
pois foi assim que enriqueci a minha família.

M – Uma pergunta só para consumo interno:
Você, vil pilantra, não tem medo do inferno?
L – Maluf, a perguntinha é bem pouco nobre.
Não sabe que inferno é punição pra pobre?

M – Mas estamos, eu e você, aqui na porta,
onde devemos encontrar tanta gente morta!
L – Sou Lula! Livrar-nos dessa, deixa comigo!
vou lá dentro, e do satanás faço um amigo!

M – E os demônios vão separar joio do trigo,
deixando-nos, eu e você, sem algum castigo?
J – Alto lá Maluf ! Você é ladrãozinho a toa,
se molhar a quatro dedos aqui, fica na boa!

M – Pois, diante disso, te passo meu dinheiro,
você faz lobby e do inferno nem sinto cheiro.
J – Apenas me dê aí essa bufunfa roubada,
vou falar com o diabo e resolvo essa parada.

M – Lula, você aí dentro, e eu ainda esperando.
Eu vou ficar nesta expectativa até quando?
L – Maluf, acho que por ser tolo você se fodeu,
o satã pegou a grana, é mais esperto que eu!

M – Assim, você permanece e eu não entro,
quem está fora continua, o outro fica dentro.
L – Engana-se, você é mais burro que cavalo,
porque convenci o satanás a ir aí busca-lo.

M – Malditos, as chamas me queimam tanto!,
Se eu sair, prometo me transformar em santo!
L – Ó Santa Letícia! Isso é coisa que se faça?
Se eu sair, prometo não mais tomar cachaça!

S* - Informo: daqui ambos sairão jamais.
Pior que vermes, são coliformes fecais!
O dia anterior será melhor que amanhã
E se assim não for, não me chamo satã!
* SATÃ