A história da sociedade humana é marcada por acontecimentos, fatos notáveis, eventos e inventos que, uma vez surgidos, modificam ou influem no todo ou em parte dessa sociedade de modo a torná-la dinâmica no sentido de evoluir e deixar de ser o que era até então. Temos como exemplos marcantes revoluções, guerras, desastres naturais de grandes proporções e inventos. A revolução francesa, as grandes guerras mundiais, a descoberta da América, a invenção da máquina a vapor, a invenção roda, a descoberta da penicilina e a internet são marcos na evolução humana que tornaram nossa sociedade tal como ela é, sem que se possa conceber como seria sem essas coisas. Quando um evento de alto impacto como a segunda guerra mundial ou de alta tecnologia como a invenção da máquina a vapor surge, é natural que esperemos grandes e permanentes modificações ou uma espécie de ponto de inflexão evolutivo na sociedade. Contudo, o que mais chama atenção são as descobertas ou inventos de baixa tecnologia, como a adoção da roda num tempo muito remoto que, provavelmente, nada mais foi do que o aproveitamento de uma “fatia” de um tronco redondo furado no meio no qual se introduziu um eixo, e o mundo passou a rodar e nunca mais parou; ou a invenção do clipe de papel em 1898 por Johan Vaaler, norueguês que aproveitou a maleabilidade do arame, dobrou-o de certa maneira e revolucionou para sempre o modo com que se junta papéis nos escritórios e repartições de todo o mundo. Esses dois inventos de baixíssima tecnologia tiveram mais impacto em nossas vidas, influíram mais no que hoje somos, deixaram uma marca mais profunda e significativa na sociedade do homo sapiens, agregaram mais valor à humanidade do que a chegada do homem na Lua, por exemplo. De certa forma, ao nos depararmos com uma coisa nova, por mais simples que seja, não temos condições imediatas de julgá-la de acordo com sua utilidade futura ou quais melhorias operacionais ou na condução de uma atividade que poderá advir de sua adoção. Vale dizer, não é de hoje que pequenas modificações em procedimentos, ferramentas, aparelhos e modos de fazer ou trabalhar, melhoram a produtividade, o desempenho, a qualidade e os lucros das empresas. Colocando na prática e nos dias hoje, empresas de aviação comercial de todo o planeta deparam-se com problema que parece banal, mas que lhes trazem grandes dores de cabeça: Como e quando lavar as aeronaves de modo que estejam sempre apresentáveis aos olhos dos passageiros? Avião sujo denota desleixo e isso, para os clientes, pode parecer falta de segurança, o que sempre redundará em baixa ocupação de assentos e queda de lucros. Por outro lado, quando lavar o avião, se este ou está voando ou no solo recebendo passageiros e abastecendo? Apenas quando entra em manutenção de grande porte, de tantos em tantos meses? Impossível! Isso equivale a dizer que a maior parte do tempo a aeronave voaria suja! Pois bem, a Qantas, empresa australiana de aviação, também encarava esse problema como todas as grandes do planeta. Só que a Qantas agrega em seu quadro de funcionários, Leonel T.R., eficientíssimo chefe de manutenção com espírito inventivo. A partir de uma idéia bem simples: Lavação se faz com água sob pressão e sabão, que pode ser chamado de xampu ou detergente sem desmerecer suas qualidades. Pois bem, durante os vôos em altas altitudes a aeronave, comumente, voa entre nuvens que nada mais são que gotículas de água sob pressão, esta advinda da velocidade aerodinâmica do avião. Temos aí água e pressão, falta o quê? Sabão, xampu, detergente líquido. Foi onde entrou a criatividade e o conhecimento técnico de Leonel, que, apesar do nome latino, é australiano da melhor estirpe, trata-se de descendente direto de aborígines das terras orientais do hoje estado de Queensland, considerados os nativos mais inteligentes da Austrália e do mundo. Posto o problema, Leonel veio com a solução: Adaptar, em pontos escolhidos tecnicamente das asas, fuselagem e empenagem, borrifadores de solução líquida de sabão não corrosivo, que se dispersa em forma de spray através de orifícios calibrados. O disparo do produto fica a cargo do piloto com um simples acionamento de botão na cabine quando houver necessidade e as condições forem favoráveis, ou seja, avião sujo e voando dentro de nuvem. Feitas adaptações e testes que demandaram muitas horas de trabalho, chegou-se a um estado ótimo em que as aeronaves da Qantas sempre pousam limpas como se tivessem saído de lava rápido. A Boeing, consultada sobre o invento, já deu seu aval, isto é, aprovou a modificação em suas aeronaves a título não mandatório, equivale dizer que os operadores de aeronaves Boeing poderão adaptar seus equipamentos se quiserem, e eles querem. Ao chefe de manutenção Leonel coube a dupla glória de ter seu nome incluído no rol de inventores de coisas simples que solucionam grandes problemas, e ter sua conta bancária inflada porque registrou a invenção em seu nome. As grandes empresas agradecem a Leonel que, com alguma criatividade, ousadia para levar uma idéia à frente e perseverança para convencer outros da conveniência do dispositivo, marcou um importante tento para o quadro da manutenção de aeronaves. JAIR, Floripa, 01/02/09.
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3 comentários:
Brilhante ideia teve este meu xará ! Mas, melhor ainda foi a forma que ele bolou para limpar o interior do avião: é só subir a...digamos, uns 20.000 pés como avião pressurizado, o que já deve dar uma boa pressão diferencial, e ejetar uma janela de emergência (com a trava de segurança previamente desabilitada, é claro)! É o melhor aspirador de pó do mundo ! Não vão escapar nem as baratinhas francesas da galley (módulo onde ficam os alimentos)!
Caro Leonel,
Este será o tema de outro texto a ser publicado em breve. Abraços, JAIR.
Quero ver esta tecnologia!!!
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