segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SOBRE NUVENS


Duvido que exista alguém que, quando criança, não se deitou na grama e apreciou as nuvens, não viu castelos, peixes, barcos e aves em constante mutação naquelas formações brancas que se parecem com algodão doce em alguns momentos. Duvido também, que a maioria desses que olharam as nuvens e as curtiram ou se encantaram com elas, saiba como são formadas, de que matéria elas se constituem ou porque existem céus sem nuvem e céus nublados. Interessante não? Nós, virtualmente, vivemos a nossa existência toda debaixo dessas formações e estamos, o mais das vezes, a mercê de fenômenos relacionados com elas, costumamos tomar decisões como, “hoje vai dar praia?” em função delas e geralmente nada sabemos sobre essas efêmeras mutantes atmosféricas. As nuvens não nos são indiferentes, contudo, como atesta nossa literatura poética que está eivada de referências e termos que relacionam as nuvens a nós. Exemplo: Nefelibatas são pessoas que vivem com a “cabeça nas nuvens”, fora da realidade, em devaneio, sonhadores, enfim; Estar nas nuvens significa estar feliz, muito satisfeito, extasiado de alegria; Como nuvem passageira é outra expressão usada para nomear algo fugaz, transitório, que não deixa rastro; Como nuvens carregadas, expressão que quer dizer algo funesto, pungente, tristonho. Claro, se a literatura e a imaginação humanas registram tantas expressões e termos relacionados com as nuvens, isso deve significar que, apesar de quase nada sabermos sobre elas, as consideramos importantes, necessárias e até fundamentais em nossa vida, não é mesmo? Assim, vale a pena saber alguma coisa sobre essa massa de vapores de água condensados na atmosfera em forma de gotículas, que produzem cores e formas variadas em diversas altitudes. Bem, vejamos então o que podemos dizer sobre essas familiares desconhecidas que pairam sobre nossas cabeças, ou passam ligeiras sob nossos pés quando viajamos de avião: As nuvens são formadas pelo resfriamento do ar até a condensação da água que ascendeu aos ares devido evaporação de rios, lagos, pântanos, mares e umidade do solo. Para que haja a nuvem são necessárias três condições, sem as quais ela não se forma: ¹água em forma de vapor, ²temperatura adequada e ³núcleo de condensação. Depois que a água evapora, ela tende a elevar-se em virtude que o ar aquecido próximo do solo é mais leve que o ar frio, e o vapor de água encontra-se misturado ao ar atmosférico e sobe com este; a medida que o ar sobe vai encontrando condições mais frias, expande-se em função da pressão menor e está pronto para formar nuvens, só faltando o terceiro elemento; ao encontrar núcleos de condensação, que podem ser partículas de poeira, pólen, cinza vulcânica ou fumaça, o invisível vapor dágua diluído no ar tende a ser atraído por esses corpos estranhos, se aglomera em torno deles e forma a gotícula visível da nuvem. Sabem aquele rastro que parece fumaça saindo dos aviões a jato em grande altitude? O nome é trilha de condensação e é uma nuvem. Acontece que naquela altitude existem duas condições para a formação da nuvem, mas falta a terceira. Há vapor dágua na atmosfera e temperatura adequada, faltam os núcleos de condensação. A exaustão dos motores do avião fornecem os núcleos em forma dos resíduos da queima do combustível, em geral monóxido e dióxido de carbono. As partículas se aglomeram em torno dos núcleos e formam a nuvem, cuja existência será longa ou breve dependendo se as condições permanecerem ideais ou não. Daí, dependendo da altitude, regime dos ventos e temperatura, da orografia do terreno, da quantidade de água e gelo na formação e da aparência, as nuvens passam a ser classificadas em dez categorias diferentes, cada uma com suas particularidades. Claro, existindo desde diáfanos véus como os cirrus e cirrocumulus, até nuvens pesadas que geram chuvas como as nimbostratus. O esquema abaixo dá uma idéia dessa nomenclatura e as formas mais comuns dessas companheiras do cotidiano:



Sabem aquelas nuvenzinhas que habitualmente são branquinhas e parecem fofinhas, com jeito de carneirinhos ou chumaços de algodão? Pois é, elas são as mais comuns e são chamadas de “Cumulus humilis”, isso mesmo cúmulo humilde, por que são baixas e menos imponentes que outras, como suas irmãs mais velhas e rechonchudas cumulus congestus, ou suas primas mal humoradas e perigosas para a aviação cumulonimbus, por exemplo. Vejamos uma boa descrição dessas humildades: "Os cumulus humilis (cumulus de bom tempo) parecem grandes flocos densos de algodão a flutuar e têm uma base plana (mais escura) e contornos bem definidos que se vão tornando menos definidos à medida que envelhecem e ficam mais erodidas. As partes iluminadas pelo Sol têm uma cor branca brilhante. Formam-se em massas de ar com alguma instabilidade, quando a umidade é relativamente baixa e a temperatura é relativamente elevada”. Sejam quais forem nossas relações ou nossa informações a respeito das nuvens, o fato é que entre o céu e terra elas são soberanas; desde sempre são resultado e influem no clima e nas condições que tornam possível a vida sobre o Planeta e não há nada que possamos fazer para modificar seu caráter onipresente e atuante todo o tempo. Quando a humanidade já não habitar esse planetinha azul e o fim dos tempos para os homens tiver chegado, as nuvens continuarão aí ainda, formosas, flutuantes e volúveis, decorando o teto celeste sem ao menos se importarem com nós, e ressaltando nossa insignificância frente ao universo. JAIR, Floripa, 10/08/09.

6 comentários:

Jorge disse...

Bonita explanação meteorológica. Linguagem simples e bem leve, ficou ótimo o texto.

Anônimo disse...

Fácil de entender esta aula de metereologia e que bom recordar coisas que aprendemos e estão um pouco esquecidas. Abraço

Fribugres disse...

Boa tarde Jair, fico imensamente lisongeado pela atencao e palavras de elogio, o Sr. deve saber mais do que eu, como é dificil manter um blog. Eu sou ainda novato no assunto, mas estou sempre pesquisando textos e imagens para fazer um post que valha a pena ser lido ou pelo menos visto. E em relacao ao seu texto sobre nunvens o meu é q nao tem como comparar! ;) Grande abraco e qualquer coisa estamos ai.

Maila-Kaarina disse...

Muito obrigada por seu comentário em meu blog e por estar o seguindo.
Prometo vir aqui com mais calma e ler seus textos, pois tenho certeza de que irei adorar.
Um beijo!
Maila

Adri disse...

O Pai, Sempre fui um grande fan das nuvens, quaisquer que sejam elas... Gostei do texto, e gostei como voce deu personalidades para as tal!!

Anônimo disse...

Criatura,
Nos como "piá do campo" obviamente, não tnhamos estas facilidades modernistas de hoje, e olhar as nuvens e ver e identificar figuras era uma das minhas preferidas brincadeiras. Mas cada vez que se fala em nuvem, eu lembro o Ten. Senra, que ao perguntar ao Sargento da sala de operações por o T6 tal não havia decolado ainda, recebeu a resposta" é por causa do CB" ao que ele retrucou imediatamente " então prende este cabo filha da mãe"
Abração
Fabio
Obs. estou postando como anonimo por que não lembro meu usuario nem senha.