Árvore - do Lat. arbore - grande vegetal lenhoso, cujos ramos saem a certa altura do tronco. Esta definição, não obstante acadêmica, encerra as três principais características que determinam o que é uma árvore em oposição a outros vegetais: tronco lenhoso significa que quase toda madeira usada na fabricação de artefatos, seja uma simples cadeira ou um grande pagode chinês, é originária de árvores, enquanto arbustos, ervas, algas, gramíneas, cactos e outras plantas não são lenhosos, não fornecem madeira; grande ou de porte elevado, em contraste com outras plantas que, - exceto o bambu que é uma gramínea mas pode ser enorme, e algumas algas do pacífico que também crescem muito em busca de luz solar - podem ser médias, pequenas, minúsculas e até microscópicas, mas nunca grandes; ramos ou galhos saem a certa altura do tronco, é quase uma regra geral, árvores costumam ter uma parte do tronco livre de galhos, diferentemente dos arbustos, por exemplo, que têm rebentos desde o chão na maioria das vezes. Todas as árvores da terra podem ser classificadas, grosso modo, em apenas três categorias: Palmáceas, Folhas largas e Coníferas. Palmáceas são todos os tipos de palmeiras e coqueiros imagináveis, são plantas adaptadas a praticamente todos os climas do planeta. Costumam ter galhos grandes formadas por um eixo no qual estão distribuídas simetricamente as lâminas, que são as folhas propriamente ditas. O tronco distingue-se das demais árvores por não possuir anéis de crescimento, são normalmente cilíndricos, lisos, sem casca e os galhos e frutos ficam, em geral, bem no alto. As palmáceas são extremamente decorativas e paisagísticas, e algumas produzem palmitos, mas isso significa sacrificá-las, já que o palmito nada mais é que o miolo da parte superior do tronco. Outras fornecem frutos como cocos, tâmaras, fruta-pão ou coquinhos. Folhas largas são árvores que, mantidas as características que as define: lenhosas, grandes e com parte do tronco livre de galhos, possuem, ademais, como o nome informa, folhas largas no sentido de abertas, contrário às folhas das coníferas que são fechadas e se parecem com espinhos. São muito lenhosas, quase metade de toda a madeira utilizável na história humana vem dessas árvores, o resto é oriunda das coníferas. Grande maioria das árvores frutíferas são folhas largas, cajueiro, abacateiro, laranjeira, pereira, macieira, mangueira, jaqueira, pessegueiro etc. O baobá, típica árvore meridional africana é uma intrigante e excêntrica representante das folhas largas. A última categoria, Coníferas, tem esse nome por causa de suas folhas que lembram cones ou espinhos. São as árvores mais antigas do planeta, estão aqui a duzentos milhões de anos. Todos os pinheiros, araucárias, cedrinhos, ciprestes e pinus são coníferas. O maior representante das coníferas é a sequóia gigante canadense, chega a ter 130 metros de altura. Dentre as coníferas, encontra-se a Araucária Angustifólia. Araucária é um gênero de árvores coníferas na família Araucariaceae. Existem 19 espécies no gênero, com distribuições altamente separadas na Nova Caledônia (onde treze espécies são endêmicas), Ilha Norfolk, sudeste da Austrália, Nova Guiné, Argentina, Chile e sul do Brasil onde se encontra o Pinheiro-do-Paraná, essa belíssima árvore que é símbolo daquele estado. O Pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifolia) ou pinheiro-brasileiro, também conhecido pelo nome de origem indígena, Curi é a única espécie do gênero encontrada no Brasil. É uma planta dióica, isto é, apresenta gêneros masculinos e femininos em indivíduos separados. O gênero feminino produz frutos chamados pinhas e o masculino possui um estróbilo que poliniza as flores da árvore feminina através do vento. O Pinheiro-do-Paraná, ou simplesmente Pinheiro como é conhecido por lá, é uma árvore simétrica como tendem ser todas as coníferas; em geral, por disputarem a luz do sol com outras árvores na mata fechada, crescem acima do dossel da floresta e apresentam-se com perfil de taça rasa com pé comprido, mas, eventualmente, ao desenvolverem-se em local onde não haja árvores concorrentes como no campo, por exemplo, podem tomar a forma de cone, assim como as árvores de natal. Suas sementes, os pinhões, em formato de pião, eram importantes na alimentação indígena e ainda hoje são iguarias que inspiram muitas receitas. Medem cerca de quinze milímetros de largura na parte mais larga e cerca de oito centímetros de comprimento. As pinhas podem pesar vários quilogramas e atingir o diâmetro de cerca de trinta centímetros e conter até cento e cinquenta pinhões. Os pinheirais fazem parte de um ecossistema chamado floresta Ombrófila (que gosta de chuva) mista, que integra o bioma da Mata Atlântica. A copada majestosa das araucárias, voltadas para o céu a até cinquenta metros de altura, lhes confere um porte majestoso não igualado por nenhuma outra árvore da mata que a circunda. Canelas, imbuias e cedros formam um segundo extrato que cobre sub-bosques de erva-mate e xaxim. A fauna original tinha onças, bugios, cotias, catetos e a incrível e agora que extinta gralha-azul, pássaro que dispersa o pinhão, deliciosa semente do pinheiro, contribuindo para a disseminação das árvores. Antes da colonização, essa mata ocupava mais de metade da região, hoje não resta nem 2% da floresta original. O pinheiro é importante, pois controla a qualidade da fauna e flora do bioma. Seus pinhões servem de alimento para pequenos animais no inverno, porque nesta época do ano quase não existem frutos nem néctares. Seus cones são como uma manjedoura, protegem as plantas menores e retêm a umidade. As demais coníferas, como os pinus que abundam no hemisfério norte, em geral formam grandes florestas monófitas, ou seja, florestas compostas de uma só espécie, o Pinheiro não, ele vive sempre associado a uma mata mista. Ao nascer ele necessita de sombra para sobreviver nos primeiros anos, então cresce e ultrapassa as demais plantas formando ele próprio o dossel que sombreará a floresta. Tive a sorte de passar minha infância e parte da adolescência à sombra dos pinheirais do Paraná, catei pinhões e os comi no “sapêco”, que é a maneira indígena de assá-los, ou amassados feitos "bilé" que é como as famílias pobres, que só possuem fogões à lenha, os comem. Hoje os pinheiros que, pela abundância, conferiram ao Paraná o título de Terra dos Pinheirais, quase desapareceram frente à ganância desenfreada dos madeireiros míopes que enxergam apenas até onde seus machados e serras motorizadas alcançam. De forma geral, quase todos os remanescentes da mata de araucária encontram-se hoje muito fragmentados e dispersos, o que contribui para diminuir ainda mais a variabilidade genética de suas espécies, colocando-as sob verdadeiro risco de extinção. E, apesar dessa situação, as ameaças continuam. A situação é agravada pela exploração ilegal de madeira e pela conversão das florestas em áreas agrícolas e de reflorestamento de espécies exóticas, aumentando ainda mais o isolamento dos remanescentes. Corremos o risco de, no futuro, nos tornarmos uma espécie de Austrália do terceiro mundo, passarmos a ter apenas extensas plantações de eucalipto no lugar das matas de pinheiro originais. É hora de acordarmos para salvar esta que é, talvez, a mais bela e imponente árvore da nossa flora. JAIR, Floripa, 04/03/09.
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7 comentários:
Pinheiro não se transplanta, já dizia o velho Leminski
Para se obter 1 metro cúbico de Mógno são derrubadas 28 ávores de espécies diferentes. Para cada árvore abatida, cerca de 1450 metros quadrados de floresta são danificadas e os danos são irreversíveis. (informação retirada do encarte do CD "Catavento e Girassol" de Leila Pinheiro
Letra da música "SAGA DA AMAZÔNIA"
De Vital Farias retirada do encarte do CD "Cantoria 1" de Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai
Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta/Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta/No fundo d'agua Iaras, caboclos, lendas e mágoas e o rio puxando as águas./Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores/Os peixes singrando os rios/Curumins cheios de amores/Sorria o Jurupari, Uirapuru, seu porvir era fauna, flora, frutos e flores./Toda mata tem Caipora para a mata vigiar/Veio um caipora de fora para a mata definhar/E troxe dragão de ferro pra comer muita madeira/E trouxe em estilo gigante pra acabar com a capoeira./Fizeram logo um projeto sem ninguém testemunhar/Prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar/Se a floresta meu amigo tivesse pé prá andar/Eu garanto meu amigo com o perigo não tinha ficado lá./O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar/E o fruto que dá no cacho pra gente se alimentar?/Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar/Igarapé rio abaixo, tem riacho e esste rio que é um mar./Mas o dragão continua a floresta devorar/E quem habita essa mata pra onde vai se mudar?/Corre índio,seringueiro, preguiça, tamanduá/tartaruga pé ligeiro, corre corre tribo dos Kamaiurá./No lugar que havia mata hoje há perseguição/Grileiro mata posseiro só pra lhe roubar seu chão/Castanheiro, seringueiro ja viraram até peão/Afora os que ja morreram como ave de arribação./Zé de Nana tá de prova, naquele lugar tem cova gente enterrada no chão/ Pois mataram o índio que matou grileiro que matou posseiro/Disse um castanheiro para um seringueiro/Que um estrangeiro roubou seu lugar./Foi então que um violeiro chegando na região/Ficou tão penalizado que escreveu esta canção/E talvez desesperado com tanta devastação/Pegou a primeira estrada sem rumo, sem direção/Com os olhos cheios de água sumiu levando esta mágoa/Dentro do seu coração/Assim termina essa história para gente de valor/Prá gente que tem memória, muita crença, muito amor/Prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta/Era uma vez uma floresta na linha do Equador.
É isso meu amigo Jair. Se considerar que é um texto muito longo, descarte-o
Abraços, Joel.
Jair, esse teu texto sobre os pinheiros está muito bom; recheado de informações que situam o leitor no capão dos pinheiros. Vc falou do “sapêco”, mas eu gostava muito mais do pinhão feito “bilé”, amassadinho na beirada do fogão depois de assar na chapa. Lembra disso? E a foto ilustrativa do texto lembra-me um pocinho onde nadávamos, o “25”, lá na altura do olaria dos Xerubinhos, mas próximo da linha do trem, no meio do campo. De lá a gente olhava pros lados do olaria e o que se avistava era um grande capão de mato, que ainda tinha muitas araucárias sobressaindo-se com suas belas copas acima de todas as árvores. Saudades daqueles bons tempos.
Abração.
Jair. Bem lembrado pelo Ruy o pinhão em forma de "bilé". Uma delícia. Boas lembranças também do "25" e não nos esqueçamos do "40" (para minha mãe, 140) assim chamados porque ficavam nos quilometros 25 e 40 da ferrovia. Contavam-se muitas histórias sobre o "40" dizendo ser um local muito perigoso onde certa vez um padre morreu afogado. Eu me pergunto: Que diabo foi fazer um padre ali? Minha mãe, muito zeloza, com seu forte sotaque paranenese recomendava sempre: "Não me vá no 140". Um pouco à frente, não lembro se pelo mesmo caminho, ficava a "Cachoeira da Dona Rosa" local de difícil acesso porém belíssimo, com águas límpidas, cristalinas, onde nadamos muitas vezes e onde pela primeira vez vi uma mulher nua ja que o local era frequentado pelas mulheres da "zona". Mas o assunto aqui é pinhão e pinheiro, daí a minha pergunta: Lembra da vez em que fomos eu, voce, Jonas e Amadeu em companhia do tio Beto "pegar" pinhão numa área particular de propriedade da família Kaminski e o tio Beto por ser o mais velho e lider da turma foi ameaçado de morte por eles? Que sufoco!
Um abraço, Joel.
Pois é, joel, o Kaminski era uma velho amigo e conterrâneo do Tio Beto e, como tal, autorizava que o Tio colhesse pinhões na propriedade dele. O que ocorreu é que Tio Beto encontra-se sobre uma árvore "cotucando" as pinhas com um bambu e nós estávamos no chão apanhando-as quando o Kaminski chegou e não reconheceu o Tio, razão pela qual escorraçou a gente com ameaças, enquanto o Tio gritava: - Kaminski! SOU EU! SOU EU! Só não dizia quem era "EU", e o Kaminski continuava correndo atrás da gente. Foi HILÁRIO! Abraços, JAIR.
Continuando. Foi hilário depois que a poeira baixou, porque no momento quase cagamos nas calças. Aliás, acho que o Jonas se mijou todo.
Oi, Jair
Comovido pelo teu comentário sobre os CURI, lhe informo que tenho dez mudas para plantar em Charrua. Adson
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