sábado, 5 de novembro de 2011

Lixo

Assunto recorrente em muitos textos de blogues que se preocupam com o meio ambiente, lixo não poderia deixar de aparecer em meus escritos. O fato é que já publiquei dois ou três registros de minha indignação para com o pouco caso que nós, os chamados civilizados, tratamos os dejetos que produzimos. Em primeiro, devemos ter em conta que a quantidade de lixo produzido aumenta na proporção que nos tornamos mais “civilizados”, isto é, uma existência mais “primitiva” - menos tecnológica - produz menos refugos que outra com grau maior de sofistificação. Mais “cultura” e civilização se traduzem num amontoado maior de sobras. É razoável inferir que o indígena ou silvícola quase nada de lixo produz que agrida o meio onde vive, seus restos são orgânicos e absorvíveis pela natureza, não há plástico numa tribo primitiva.
Em segundo lugar, devemos lembrar que o Planeta é um só e limitado no espaço que dispomos para ocupá-lo. Se nós formos acumulando as escórias e resíduos, fatalmente diminuímos o espaço disponível para vivermos. Seja pela ocupação física do lixo em lugares que poderíamos plantar e produzir alimentos, ou pelo envenenamento das águas, do solo e do ar. O problema é tão sério que não é apenas uma questão de construir lixões onde as dejeções humanas podem ser enterradas e, virtualmente, o problema pode ser empurrado com a barriga para as próximas gerações. É um problema de proporções tão gigantescas e consequências tão deletérias, que se não for tratado com prioridade máxima em nível mundial, a humanidade estará fadada a imergir nos próprios excrementos e de lá não sair mais, com todos os efeitos que esse mergulho coprófilo pode representar.
Dados oficiais do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, sigla em inglês para Global Environmental Facility) nos dão conta que o cidadão médio produz em torno de 700 gramas de lixo doméstico por dia. Se multiplicarmos por sete bilhões de habitantes dá um resultado absurdo de 4.900 mil toneladas a cada 24 horas, isso sem contar os resíduos industriais e agropecuários. Aliás, o gado vacum é responsável pela emissão de milhões de toneladas de gás metano por ano, o que contribui sobremaneira para incrementar o efeito estufa, e os dejetos de porcos e galinhas poluem os cursos d’água em todo o Planeta.
Considerando que o aumento demográfico é uma realidade inescapável e que níveis maiores de prosperidade advenientes trarão aumento correspondente na produção de dejetos, há que se pensar urgentemente em alternativas que tornem viável a vida saudável de todos os seres deste mundo. Então, como não é enterrando o lixo em baixo do tapete – literal ou metaforicamente - que se resolve a equação lixo/vida, o GEF propõe o que muitos consideram a única opção ao alcance da humanidade antes que um ponto sem retorno seja alcançado.
O Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) é um mecanismo financeiro internacional formado por 176 países que se dedica a apoiar iniciativas voltadas à preservação do meio ambiente e à promoção do desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento sustentável é a expressão chave que deverá nortear todas as ações visando o futuro da civilização. Vejamos então o que é o conceito desse desenvolvimento: “O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais”. Me parece que, uso razoável dos recursos encerra tudo que devemos perseguir para tornarmos viável nossa perpetuação na face deste Planetinha azul.
No atual estágio de desenvolvimento onde existem poucos muito ricos e a grande massa é de despossuídos, é completamente irreal pensar um mundo futuro com todos ostentando o nível de consumo dos americanos ou dos europeus ricos, por exemplo. Também é uma ingenuidade imaginar que os atuais povos muito prósperos possam manter seus patamares de demanda de recursos sem comprometer a condição de vida humana como um todo. Então, deduz-se, só é possível resolver o impasse encontrando um ponto intermediário onde não existam milionários do desperdício nem miseráveis do consumo. E esse ponto de inflexão só será alcançado no dia que a humanidade perceber que se não tomar providência nesse sentido, o arcabouço cultural e as realizações da humanidade ruirão para sempre arrastados para o monturo de lixo que engolirá a civilização. JAIR, Floripa, 26/10/11.

11 comentários:

Leonel disse...

Amigo, a coisa está num rumo bem assustador!
A população continua aumentando a taxas ainda muito altas, e a produção de resíduos acompanha essas taxas!
As técnicas de reciclagem e o emprego de materiais biodegradáveis apenas amenizam o problema, que ainda é enorme!
Acho que teria que surgir algum fato novo, e, mesmo que surja, essas coisas não são assimiladas de maneira uniforme neste planeta cheio de contrastes sociais!
Muito preocupante!
Vale o seu alarme!
Abraços, Jair!

Anônimo disse...

É por isso que sou contra a cantora Sandra de Sá por incentivar esse caos com a música "JOGA FORA NO LIXO"

J. Muraro disse...

Concordo, o lixo humano tende a deteriorar a vida no Planeta. E cabe somente a nós, destruidores implacáveis do meio ambiente, encontrar solução para esse sério problema. Abraços e parabéns pela necessário postagem,

R. R. Barcellos disse...

É... e precisamos lembrar também que toda a reciclagem - ou falta dela - é feita na finíssima e frágil camada chamada "ecosfera", com seus 12 km de espessura - menos de dois milésimos do raio do planeta.
Talvez devêssemos rebatizá-la de "ecasfera"!
Abraços.

Andre Martin disse...

Jair,

Esta montoeira de lixo crescente proporcional ao aumento explosivo da população é tão alarmante e preocupante, que chega a dá certa verossimilidade à argumentação conspiratória (de Illumintati e Nova Ordem Mundial, etc), que pretende dizimar a população com epidemias e guerra, sobrando assim somente uns poucos para poder gerenciar o caos restante! rsrs

Enfim, qualquer que seja a abrodagem, é uma situação aterradora e com prenúncio de desfecho tenebroso.

Mas, penso sinceramente, a inventividade civilizatória e a engenhosidade do ser humano inteligente é capaz de achar soluções viáveis. O que esculhamba e funciona como impeditivo é o poder imperioso da ganância humana. Por exemplo, já há muito há motores ecologicamente corretos, inclusive movidos à água! Porém, estes projetos nunca desenvolvem (nalguns casos são até sufocados e desacreditados), porque a indústria petrolífera, aparato governamental, mercado financeiro, e todo o mecanismo social construído e que gira em torno do petróleo e derivados e dependências, desmoronaria se esta "fonte de energia (e lixo)" for desativada ou perder utilidade ou credibilidade. Não deixam! Por isto, a situação piora cada vez mais, enquanto alguns continuam a ganhar com isto.

Como solução de contorno para se desvencilhar do lixo não reciclável, eu pensei agora que poderiam ser feitos containers espaciais abarrotados de lixo, e dispará-los em direção ao Sol, que alimentaria a "grande fornalha" por bastante tempo (não digo infinitamente, mas pelo menos enquanto durar a humanidade geradora de lixo contínuo). Um tipo de um gigantesco "tiro (os rejeitos) ao alvo solar"... Um possível custo elevadíssimo, mas com um propósito nobre de sobrevivência do Planeta e nossa!

Lembrei que também já postei sobre o tema lixo no meu antigo blog (no myblog, que só se vê bem com o Internet Explorer, por isto migrei), e que vou resgatar e repostar no blogspot. E venho te avisar aqui, ok?

Abraço,
André Martin

http://mesdre.blogspot.com
http://famainfame.blogspot.com

Andre Martin disse...

Ok. O tal post foi recompilado e publicado, conforme mencionado:

Puro Lixo
http://mesdre.blogspot.com/2011/11/puro-lixo.html


Tais Luso de Carvalho disse...

Sobre o lixão concordo com todos os ótimos comentários e gostaria de ressaltar mais uma coisinha:
É inadmissível, ainda e contudo, que sejamos, para alguns países, vistos como negócio, o depósito para seus lixos, hospitalares e infectados. Será o Brasil a casa da mãe Joana? Se tem gente que aceitou é porque teve gente que propôs.
É algo de horrorizar.

Grande abraço.

Carlos disse...

Nosso amigo Carlos comenta por meu intemedio: Uma das esperanças e a extinção do petroleo a não migração para a exploração do átomo como fonte de energia. Precisamos explorar o potencial de energia limpa: solar, ventos, mares, etc e acabar com o grande volume de embalagens, todas oriundas do petróleo .

Professor AlexandrE disse...

O 'problema' do lixo ja assola a humanidade desde o antigo Ipério Romano, e infelizmente vem crescendo numa relação de P.G., enquanto as possíveis soluções para o mesmo são desenvolvidas em relação de P.A. ...
Gostei do Texto!

Abraços!

Camila Paulinelli disse...

Ola,

Acabei de voltar de uma travessia do Grand Canyon e confesso que ainda estou triste por ter voltado a civilização. A natureza pura e limpa eh linda demais. Lugar preservado como aquele nao tinha que ser exceção. O lixo na civilização torna a sua existência ainda mais pobre.

Bj

Maricota disse...

Muito bom...
Conscientização!