Na história da humanidade registra-se um período em que os homens viviam em bandos familiares pouco organizados, em atividade de coleta e caça de alimentos, eram os caçadores-coletores. A economia de caça e coleta implicava em viver em pequenos bandos, o número de indivíduos era limitado pela disponibilidade de fontes alimentícias e pela necessidade de mobilidade. Há fortes indícios que esse número girava em torno de vinte e cinco indivíduos incluídos adultos e meia dúzia de crianças já andando. A própria estrutura do bando excluía qualquer apropriação de áreas de bandos vizinhos e de propriedade de bens. O ônus de propriedades móveis e de invasão de áreas de coleta de outros era maior que os benefícios que poderiam advir de tais opções. Claro que é razoável supor que em tempos de escassez pode ter havido conflitos entre os bandos, mas as indicações arqueológicas depõem contra essas confrontações. Mas, quando a necessidade ou a vontade ditaram o estabelecimento de aldeias, foi que essas populações vizinhas encontraram motivos para cobiçar os recursos de seus contíguos. Ao contrário do modo de vida de caça e coleta, onde os pequenos bandos são mais apropriados para explorar fontes de alimentos, a concentração de alimentos mediante cultivo e pastoreio permite que populações sedentárias cresçam. As aldeias podem tornar-se cidades, com todas as implicações que esses aglomerados apresentam. Se uma aldeia agrícola decide apoderar-se das plantações de uma aldeia vizinha, ela se beneficiará porque sua própria população poderá expandir-se por causa do alimento adicional. Está claro que haveria antes o detalhe de uma batalha. Mas, desde que os benefícios superassem as perdas supervenientes, a aldeia que vencesse o conflito se colocaria numa posição vantajosa à custa dos vizinhos.
Com o advento de povoações permanentes ocorre também o nascimento do materialismo. A vida sedentária nas aldeias permite a acumulação de objetos não essenciais, é e com esses objetos que costumamos associar, o mais das vezes, os símbolos de status e riqueza. A experiência nos mostra que a acumulação de riquezas provoca o desejo de novas riquezas, e, em nenhum momento, essa sede de bens é saciada. Ou seja, ninguém é rico o suficiente para desprezar aquisição de mais e mais bens. O fenômeno vai além do simples acumular coisas materiais, como um fim em si mesmo: pode ser definido como um psicomaterialismo, fenômeno parecido com a cobiça do poder. Riqueza e poder são irmãos xifópagos. E mais, o poder só é atrativo quando há um grande número de pessoas sobre as quais exercê-lo. A história recente do século passado nos dá a medida que essa compulsão pelo poder pode ser maléfica. Com toda evidência, as possibilidades de procura, de manutenção e de expansão do poder foram muito maiores após a revolução agrícola do que antes. E a história nos mostra que há dois caminhos básicos para a expansão do poder: manobras políticas habilidosas ou operações militares bem sucedidas. Mais uma vez nos lembramos de Clausewitz: “A guerra é a continuação da política por outros meios”.
Concordando com Clausewitz, já que a natureza dos dois fenômenos é a mesma, ambas, guerra e política, sempre estão concorrendo para a tomada, aumento ou manutenção do poder. Ainda mais, como poder e materialismo na forma de riqueza são irmãos xifópagos, não há contradição em afirmar que a guerra que está a serviço do poder, e também a política, ambas têm como objetivo aumento da riqueza, seja de nações seja de indivíduos. Meio complicado, mas intrinsecamente verdade. Poder gera riqueza que para ser mantida ou ampliada serve-se da guerra e/ou política para tal. Maquiavel na mais pura acepção: os meios, guerra e política, justificam os fins, poder e riqueza. Fico fascinado como pensadores antigos já tinham uma sintonia fina para perceber os grandes temas sócios antropológicos e os meios para alcançá-los que predominariam nossa sociedade atual. JAIR, Floripa, 21/11/11.
Com o advento de povoações permanentes ocorre também o nascimento do materialismo. A vida sedentária nas aldeias permite a acumulação de objetos não essenciais, é e com esses objetos que costumamos associar, o mais das vezes, os símbolos de status e riqueza. A experiência nos mostra que a acumulação de riquezas provoca o desejo de novas riquezas, e, em nenhum momento, essa sede de bens é saciada. Ou seja, ninguém é rico o suficiente para desprezar aquisição de mais e mais bens. O fenômeno vai além do simples acumular coisas materiais, como um fim em si mesmo: pode ser definido como um psicomaterialismo, fenômeno parecido com a cobiça do poder. Riqueza e poder são irmãos xifópagos. E mais, o poder só é atrativo quando há um grande número de pessoas sobre as quais exercê-lo. A história recente do século passado nos dá a medida que essa compulsão pelo poder pode ser maléfica. Com toda evidência, as possibilidades de procura, de manutenção e de expansão do poder foram muito maiores após a revolução agrícola do que antes. E a história nos mostra que há dois caminhos básicos para a expansão do poder: manobras políticas habilidosas ou operações militares bem sucedidas. Mais uma vez nos lembramos de Clausewitz: “A guerra é a continuação da política por outros meios”.
Concordando com Clausewitz, já que a natureza dos dois fenômenos é a mesma, ambas, guerra e política, sempre estão concorrendo para a tomada, aumento ou manutenção do poder. Ainda mais, como poder e materialismo na forma de riqueza são irmãos xifópagos, não há contradição em afirmar que a guerra que está a serviço do poder, e também a política, ambas têm como objetivo aumento da riqueza, seja de nações seja de indivíduos. Meio complicado, mas intrinsecamente verdade. Poder gera riqueza que para ser mantida ou ampliada serve-se da guerra e/ou política para tal. Maquiavel na mais pura acepção: os meios, guerra e política, justificam os fins, poder e riqueza. Fico fascinado como pensadores antigos já tinham uma sintonia fina para perceber os grandes temas sócios antropológicos e os meios para alcançá-los que predominariam nossa sociedade atual. JAIR, Floripa, 21/11/11.
8 comentários:
Na minha opinião, um ensaio dessa densidade deveria ser publicado numa revista especializada em guerra e política. Parabéns pelos pensamentos claros e por saber expressá-los.
Estava com saudades á de ler seus textos e seus blogs adoráveis, esses dias na aula de biologia a professora coentou sobre um video da ilha das flores e lembrei de voce! rs
Parabéns pelas excelentes matériasde seus blogs,sao muito importante.
Beijos Jair.
O COMÉRCIO, quando regulado pela política, é também um instrumento de PODER. E eu lembraria que essa compulsão pelo poder e pela riqueza desemboca muitas vezes em LUTAS INTESTINAS, antes de chegarem a guerras externas. Mas isso, aposto que você está reservando para outro "post", para não sobrecarregar esta ótima explanação.
Abraços.
Sociólogos geralmente definem poder como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Os Políticos consideram poder como a capacidade de de impor sem alternativa para a desobediência. o poder político, quando reconhecido como legítimo e sancionado como executor da ordem estabelecida, coincide com a autoridade, mas há poder político distindo desta e que até se lhe opõe, como acontece na revolução ou nas ditaduras.
Adorei a postagem! Parabéns!
Abraços...
As guerras são sempre declaradas por políticos sedentos de poder, e os militares são seus intrumentos e joguetes, para fazer o trabalho sujo e depois ficarem com a fama de maus.
Porque as vítimas da guerra são sempre as populações civis!
Perdem de uma forma ou de outra, ou com a destruição de seus bens materiais, ou com a perda de seus familiares, engajados ou não...
Excelente texto sobre a mecânica do poder, desde os primórdios da civilização...
Abraços, Jair
Um simples empregado numa secretaria estatal,pode sentir muito próximo essa questão do poder.Comentava-se que o poder é diabólico,triturador...As questões eram sempre inqueridas na base: oposição ou situação?As soluções eram banidas na origem, sem dar importância para
as consequências advindas para a coletividade...Sinto que é preciso, urgentemente, a nível global,uma tomada de consciência , um despertar coletivo,para modificar o rumo do poder na política.Príncipios éticos,a honestidade,caráter,inteligência,
sensibilidade,amor ao próximo,devem prevalecer.Luci.
Meu caro Jair,
teu texto remete-me para algo que estava escrito no meu estojo escolar (¿lembra deste artefato de madeira que usávamos?): “Saber é poder”. Muito mais tarde soube que este aforismo é atribuído a Francis Bacon, a quem se atribui o ‘método científico’. Convenço-me que tudo se resume nisso. Quem tem o conhecimento tem o poder.
Grato pela possibilidade poderosa de aprender aneste blogue que realmente faz pensar.
attico chassot
PUTS O TEXTO NEM É DO CARA KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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