quarta-feira, 11 de novembro de 2009

NEOCOLONIALISMO: IMPERIALISMO RECICLADO


Até historiadores concordam que é muito difícil definir em que consiste o imperialismo; quais características lhe são imanentes e que determinam sua aparência, sua figura. Contudo, sob variadas formas, é algo que sempre existiu no decorrer da história da humanidade; e a ele a sociedade moderna, em particular a capitalista, incorporou novas formas específicas. Não sem propósito, o capitalismo americano tornou-se o principal expoente da modalidade não transparente nem direta que veio a ser conhecida como neocolonialismo. Este jeito de fazer, digamos oblíquo, contrasta de modo muito marcante com o método anterior, particularmente agressivo, representado pelos impérios europeus que anexavam e ocupavam territórios, sujeitando seus povos a controle direto, a mais das vezes através de violência e submissão. De qualquer forma, e a despeito das diferenças, ambas as modalidades partilham de objetivos comuns. Falando de maneira bem genérica, e levando em conta que qualquer que seja a relação entre a força econômica e as demais forças que operem como causas de domínio, o imperialismo, e, por extensão, o neocolonialismo, hoje se expressa pela coerção exercida por uma potência, por quaisquer meios, para auferir lucros ou vantagens além dos que são lícitos ou normais pelas simples troca comerciais, de resto, esperáveis entre duas nações livres e soberanas. Sob esse ângulo, o neocolonialismo pode ser visto como uma continuação ou uma intensificação, dentro da era capitalista, da compulsão do maior ganho possível com o menor custo, que constituiu a marca registrada dos domínios feudais, por exemplo. Ainda mais, quando uma nação abriga entre seus construtores, um pensador que se assim expressou: “Deus predestinou, assim a humanidade espera, um papel grandioso à nossa raça, e percebemos coisas grandiosas nas nossas almas, a vanguarda das nações, por direito, deve nos pertencer”, é de se esperar que essa nação queira exercer o “direito” divino que lhe foi autorgado. Em outras palavras, o resto da humanidade é considerado apenas matéria prima passiva, argila a ser moldada pelas mãos do oleiro ungido. Numa compreensão mais básica, o resto do mundo é o pomar onde o Império pode colher sem culpa os frutos que são seus de direito. Essa pressuposição de superioridade, provavelmente um legado do Império Britânico, é o que move os colonialistas modernos rumo ao domínio do Planeta. Na verdade, esse imperialismo que repudia o próprio nome, apresenta a face escanhoada e inocente do comércio vantajoso (para eles, é claro) em substituição ao esbulho praticado pelos impérios europeus anteriormente. Quando Bush invade países sob a falsa alegação de insegurança do ocidente por causa de possíveis armas de destruição em massa, está apenas exercendo o direito divino de fazê-lo, não há contradição no ato nem pudor pelos resultados, está escrito nas estrelas que assim deve ser feito. Que o domínio do petróleo existente na porção invadida seja o mote da agressão, não precisa ser dito nem nas entrelinhas; o dono do bem não necessita provar a propriedade, basta-lhe tomar posse. Os EUA, depois do término da guerra fria, se sentem ainda mais livres para exercerem o que consideram autorga divina irrestrita e intransferível: praticar o neocolonialismo, sua forma predileta de imperialismo reciclado. JAIR, Floripa, 11/11/09.

Um comentário:

Anônimo disse...

De fato, os EUA fazem isso. Mas eles estão perdendo poder, logo surgirão outros "impérios". Isso vai se renovando de tempos em tempos. Um dia foi o Romano, agora o Norte Americano e amanhã talvez o Chinês. E assi caminhamos.