sexta-feira, 18 de setembro de 2009

REVOLUÇÕES


A sociedade, como a conhecemos, pode absorver apenas certa quantidade de mudanças num dado período, e, quando se avança no sentido de reformas radicais ou mudanças estruturais que representem corte profundo no status quo, é necessário que se faça uma avaliação prévia que meça o quantum satis (quanto basta) dessa revolução para não romper o tecido social por excesso de tensão. Os valores pétreos que formam o alicerce da sociedade como: família, trabalho e oportunidades de ascensão social não devem ser esquecidos sob o risco de a população não suportar as mudanças. A maior parte da população, - aquela que forma a chamada “maioria silenciosa” - está ocupada criando filhos, trabalhando e pagando suas contas; não está preocupada com política e suas consequências; nem sabe e não se preocupa com direita, esquerda ou qualquer nuance ideológica. Não faz sentido para a maioria: política partidária, governos, maiorias, minorias, liberais, conservadores, radicais e moderados, ela quer trabalho que lhe garanta comida à mesa e acesso à saúde; segurança para ir e vir e para seus filhos frequentarem a escola; e ensino de qualidade. As pessoas “normais” que compõem a sociedade têm muito senso comum e querem compreender as forças mais amplas que moldam sua vida, mas não se pode esperar delas o abandono dos valores e dos arranjos sociais que pelo menos lhes possibilitem sobreviver com dignidade, paz e esperança no futuro. Toda revolução traz em seu bojo um rompimento de maior ou menor grau daquilo que se convencionou definir como estabilidade, seja política, econômica ou social, em geral as três. O equilíbrio ótimo de forças, se este existir, entre o que a sociedade espera e aquele que favorece as reformas acaba determinando, deve orientar e se tornar limitante de qualquer revolução que se queira vitoriosa e permanente, e porque não dizer, popular. Há boas e más revoluções. Assim, uma boa revolução não se perde em utopias e sonhos incabíveis; não revoga os valores mais importantes da sociedade, como a Revolução francesa bem o mostrou. Em 1789 teve início, na França, uma revolução política, símbolo da destruição do absolutismo e da consolidação da hegemonia da burguesia no mundo ocidental. A Revolução Francesa tornou-se tão significativa, que os historiadores a colocam como marco divisor da história, na passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Sob o Lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade os revolucionários defenestraram a monarquia do poder, mas deixaram as instituições estruturais, como as famílias, íntegras, motivo pelo qual a Revolução tornou-se popular e permanente, de forma que sua influência se faz presente até os dias de hoje. Já o que ocorreu na Rússia em 1917, foi uma má revolução, sonhou o impossível e não respeitou aqueles valores que a população tem apreço acima de ideologias; não se comprometeu com os seres humanos, colocou o Estado acima das pessoas e, por isso, deu no que deu. Outro exemplo de revolução perversa foi a revolução cultural chinesa. A Revolução Cultural foi um período de transformações políticas e sociais radicais que agitaram a China entre 1966 e 1976. Quem a desencadeou foi Mao Tsé-tung, que liderava o país desde 1949, quando os comunistas chegaram ao poder. Insatisfeito com os rumos do sistema que ele mesmo havia implantado, e para alcançar seus objetivos, Mao recrutou estudantes, os Guardas Vermelhos, que eram unidades paramilitares, organizadas pelo PCC, que ajudaram Mao Tsé-tung a derrotar seus rivais na luta pelo comando do país. O grupo, que chegou a ter 11 milhões de integrantes, iniciou uma onda de vandalismo contra monumentos históricos - que lembravam a antiga cultura chinesa -, perseguiu membros rivais do PCC, professores, médicos, literatos, religiosos, artistas, estudantes, pessoas acusadas de serem conservadoras e, pasmem, comunistas de extrema esquerda. Não respeitavam as mais atávicas células sociais, as famílias, de forma que desestruturaram a sociedade sem ofertar nada em troca, foi um fiasco que custou milhões de vidas, desagregou famílias, aldeias e cidades, e nada de aproveitável acrescentou à história. Logo, os Guardas Vermelhos, num gesto de autofagia, racharam em várias facções, cada uma julgando ser a verdadeira representante de Mao. Com isso, o grupo foi perdendo sua força aos poucos até desaparecer. Porém, deixou um legado de “terra arrasada” o qual só poderá, talvez, ser apagado da história, dentro de duas ou três gerações. A própria índole da sociedade humana, tende, de tempos em tempos, desagregar-se e moldar-se de forma diferente em seguida, de forma que sua nova feição, - mesmo propondo os velhos valores, onde “a busca da felicidade” está sempre em primeiro plano - se torna uma cópia mal feita da anterior. Parece que estamos fadados a nos comportarmos sempre assim, sem jamais compreendermos inteiramente o processo e sem ficarmos satisfeitos a cada nova mudança. Assim, mutatis mutandis, o homem muda para permanecer sempre o mesmo. JAIR, Floripa, 05/09/09.

4 comentários:

► JOTA ENE ◄ disse...

ººº
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.............. (_/....
... PASSEI POR .......
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► p'ra desejar bom f-d-s

NOTA: O link do " INCONGRUÊNCIAS " foi alterado.

Se vc tá com paciência, altera tb o link nos teus favoritos para acompanhar os ultimos post's

Essa é a nova morada:
http://hard-jota.blogspot.com/


Abraço

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► Jota Ene ๏̯͡๏

Amélia Ribeiro disse...

Olá Jair,
é incrível como o homem não aprende com o passado!
Por favor passe no meu blog e leve a ponte para unir Floripa ao Porto e estreitar ainda mais os laços que já unem este povo irmão.

Um beijo.

Anônimo disse...

Como estou a gostar de visitar seu blog. Bjo.

Amélia Ribeiro disse...

Olá Jair,

hoje estou aqui para reclamar que prestigie o meu blog com o seu comentário no concurso "Uma carta para mim".

Um beijo e boa semana!