sábado, 12 de dezembro de 2009

A PERIGOSA BUSCA DA VIDA ETERNA

A fonte da juventude simbolizava a imortalidade no fabuloso reino das protociências antigas. Valia qualquer esforço humano para encontrar o que seria a cura de todos os males e, em consequência, viver para sempre gozando as delícias de um corpo jovem à prova de doenças e imune ao desgaste proporcionado pelo tempo. Na busca do mesmo sonho, os elementos preciosos, como o ouro, sempre exerceram um poder quase místico sobre as mentes humanas. O ouro, o metal que se parece com o sol e que nunca oxida nem se corrói, virtualmente eterno; no imaginário popular, prometia a quem o possuísse, não só a riqueza terrena, mas também a vida eterna. Os alquimistas empenharam-se durante séculos na busca infrutífera do segredo da obtenção desse metal. Eles acreditavam que aquele que descobrisse a pedra filosofal obteria a capacidade de acelerar os processos naturais através dos quais, segundo a tradição alquimista, os metais evoluem sob a superfície da Terra, desde o chumbo básico até o nobre ouro. A sua empreitada foi um tiro n’água, mas havia uma pepita de verdade na sua crença. Os elementos podem transmutar-se, tanto nos laboratórios quanto no interior da Terra, o que vem acontecendo desde a criação de nosso Planeta. O decaimento radioativo é um processo natural, espontâneo. Um átomo de isótopo radioativo irá espontaneamente decair em outro elemento através de processos que vão ocorrer normalmente, sem intervenção humana. A maioria dos núcleos de elementos pesados é instável. Isso quer dizer que suas configurações de prótons e nêutrons não são imutáveis, não são perenes. Por serem instáveis, esses núcleos sofrem transformações através da emissão de partículas alfa, por exemplo, e transmutam-se em outro elemento. Na fissão nuclear, conseguida tanto de elementos naturais como o urânio, quanto de elementos criados em laboratório como o plutônio, a energia é liberada pela divisão do núcleo normalmente em dois pedaços menores e de massas comparáveis. O urânio 235, por exemplo, ao ser bombardeado com um nêutron, fissiona em dois pedaços menores, emitindo normalmente dois ou três nêutrons e uma quantidade descomunal de energia. Se houver outros núcleos de U235 próximos, eles têm certa chance de ser atingidos pelos nêutrons produzidos na fissão. Se for muito grande o número disponível de núcleos, a chamada massa crítica de urânio 235, a probabilidade de ocorrerem novas fissões será alta, gerando novos nêutrons, que irão gerar novas fissões, é o que chamamos de reação em cadeia. Foi a fissão dos átomos de urânio e plutônio que proporcionaram as duas bombas que destruíram Hiroshima e Nagazaki, prova cabal dessa terrível verdade. Uma bomba atômica é isso, o resultado da transmutação de um elemento pesado em dois outros mais leves liberando energia que, descontrolada, pode constituir a mais destrutiva das armas já concebidas. Portanto, a conquista desse conhecimento, qual seja, de transmutar um elemento da tabela periódica em outro, não nos deu a chave da vida eterna, mas sim a possibilidade da destruição em massa da vida sobre a Terra, e, talvez, a morte eterna. JAIR, Floripa, 08/12/09.

2 comentários:

Anônimo disse...

bueno, mi amigo, gracias por compartir estos conocimientos.
un abrazo

Adri disse...

Jair é Cultura!