sábado, 12 de dezembro de 2009

SOBRE A IRRACIONALIDADE HUMANA



O comportamento do homo sapiens na face deste acolhedor Planeta, desde que deu as caras por aqui a menos de dois milhões de anos, tem sido a não deixar dúvidas que ele é uma excrescência animal que não se coaduna, como espécie, à vida que com ele compartilha a mesma biosfera. Tenho publicado aqui minha repulsa aos desmandos humanos como guerras, genocídios, massacres, agressões ao meio no qual vivemos, desprezo pelas demais espécies e tudo o mais que faz do homem o vírus maligno que, como os demais vírus, destrói a célula que o abriga, no caso, o Planeta terra que o acolhe. Parece que o homem, como um energúmeno primevo, se não está destruindo a Terra, está se autodestruindo. São inúmeros os meios utilizados para dar fim a própria espécie. Um dos meios de auto-extermínio que o homem usa deixou rastros sob o asfalto das ruas de Tóquio onde existe um deposito de restos humanos. Os operários que trabalhavam em Shinjuku, um movimentado e famoso bairro de Tóquio, em plena urbanização, ficaram horrorizados. A notícia dessa descoberta, ocorrida em 1989, varreu toda a cidade como uma grande onda. Incapaz de ocultar a verdade por mais tempo, o governo japonês viu-se obrigado a reconhecer o mais terrível segredo da Segunda Guerra Mundial. A poucos metros das obras, esteve localizado o laboratório do tenente-coronel Shiro Ishii, pai do programa de guerra biológica do Japão: a Unidade 731. As cobaias humanas empregadas em suas experiências foram transferidas da base da Manchúria para seu laboratório. No termino da guerra, os restos mortais destas pessoas foram enterradas em uma fossa comum e lá permaneceram ate ser descoberta em 1989. Durante 40 anos, as atividades da Unidade 731 foram o segredo mais bem guardado do Japão. Quando o Japão ocupou manu militari a Manchúria em 1932, essa área se transformou num gigantesco laboratório de guerra química e biológica. Esse era o trabalho de um cientista, o jovem médico tenente coronel do exército japonês, Shiro Ishii, micro-biólogo brilhante e nacionalista feroz. Alto, culto e descrito por colegas como dono de uma voz penetrante e de uma aparência hipnótica, Ishii logo ganhou a reputação de ser o cientista louco do exército. Naquele ano ele estabeleceu um laboratório para testes de campo de guerra biológica na Manchúria, próximo a Harbin, atualmente oitava maior cidade da China. No laboratório de Harbin, realizavam-se experimentos em cobaias vivas, nas quais se empregavam agentes químicos e biológicos. Nenhuma delas saiu de lá com vida. Se Ishii necessitasse de um cérebro humano para seu experimento, os seus guardas simplesmente iam às celas, escolhiam um prisioneiro e cortavam-lhe a cabeça com um machado. Assim como os nazistas, os japoneses também estavam convencidos de sua superioridade racial. Acreditavam que os chineses e coreanos eram subumanos e que os experimentos feitos com eles não diferiam, portanto, dos que usam macacos ou outros animais. De fato, nos relatórios sobre os experimentos, as cobaias humanas, eram chamadas de macacos e tinham especificada apenas a nacionalidade. Os chefes militares de Shiro estavam muito impressionados com os resultados de seu trabalho e, como recompensa, entregaram-lhe generosas verbas para desenvolvimento de um grande complexo de armas biológicas ultra-secretas em Pin Fan nas cercanias de Harbin. A construção ficou operacional em 1939, quando se tornou conhecida como Unidade 731, cujas dimensões rivalizavam com Auschwitz-Birkenau. A Unidade 731 mantinha laboratórios equipados com tecnologia de ponta e uma prisão com capacidade para duzentas cobaias humanas. As necessidades da equipe de três mil japoneses (inclusive quinhentos cientistas) eram atendidas com um auditório de de mil lugares, bares, restaurantes, bibliotecas, piscinas, escolas para crianças, um templo xintoísta e um bordel. Enquanto os trabalhadores se divertiam, pelo menos três mil seres humanos foram mortos nos experimentos realizados por Ishii e seus cientistas, que desenvolveram um arsenal diabólico de agentes patogênicos que incluíam cólera, tifo, disenteria, antraz, tétano e outras pragas, como a gangrena causada por gás e a varíola. As atrocidades cometidas nesse laboratório e em Harbin na busca de armas biológicas são comparáveis aos excessos dos cientistas nazistas, como Joseph Mengele. Em julho de 1942, Ishii conduziu pessoalmente uma campanha de guerra biológica contra a população chinesa. Além de coordenar a contaminação de poços com tifo, distribuiu chocolate com antraz para crianças. Os testes de campo de suas armas eram feitos com pessoas atadas em estacas. Agora, o mais impressionante, depois da guerra, nem Ishii nem seus colegas foram julgados pelos tribunais que se ocuparam dos crimes de guerras japoneses. As suas pesquisas biológicas em seres humanos transformaram-se em passaporte para a liberdade. No mais alto escalão em Washington foi tomada a decisão de oferecer imunidade a Ishii em troca de seus valiosos dados a respeito da efetividade dos agentes biológicos patogênicos. Ele se tornou uma parte fundamental do programa militar americano para a guerra fria. JAIR, Floripa, 14/12/09.

2 comentários:

Adri disse...

Este eh um dilema real... pois os dados podem salvar milhares de vidas no futuro.... em saber exatamente a reacao de uma doenca no ser humano... e por fim saber como evita-la ou cura-la... mas por outro lado, sao experiencias cruieis e des-humanas...

Leonel disse...

Interessante o seu esclarecimento sobre esse fato tão pouco divulgado, ocorrido na II Guerra Mundial. Para mim, é triste saber que no Japão, da mesma forma que na Alemanha, a maioria dos executores e responsáveis pelas barbaridades dos campos de extermínio ficou impune e sob a proteção dos aliados, principalmente americanos e inglêses, em troca de seus arquivos.
Esses arquivos seriam usadas na Guerra Fria, que iniciou imediatamente após o fim da II Guerra.
Alguns desses criminosos de guerra até fingiram ter supostas informações sobre os russos, para usarem isto como barganha e negociarem a sua impunidade.
Já os subalternos que praticaram de forma direta atos criminosos, foram quase totalmente dispensados de responder por seus crimes.