segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sujando os ares


As aeronaves em voo são como imensas fábricas poluidoras e com sede voraz de combustível, e, por existirem hoje em tão grande número, algo em torno de vinte mil grandes jatos que transportam mais de dois milhões de passageiros apenas em viagens transoceânicas, a poluição que causam é extremamente preocupante. Muitos ambientalistas afirmam que os danos que esses monstros de alumínio causam ao frágil manto que é a atmosfera são alarmantes.
Ao voar a mais de dez quilômetros, belos e serenos, os aviões podem parecer aves metálicas inofensivas, mas, na verdade, estão deixando para trás longas trilhas de gases nocivos e nevoeiros cinzentos de partículas poluidoras. O querosene usado na aviação emite enormes quantidades de gases de efeito estufa que muitos creem estar contribuindo para o aquecimento do Planeta, sobretudo dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio.
As quantidades dessas emissões são algo quase inimaginável. Num voo entre Londres e Nova Iorque, por exemplo, um Boeing 777 lança no ar nada menos que setenta toneladas de dióxido de carbono. Um 747, o segundo maior avião comercial em operação no mundo, despeja 540 mil toneladas de dióxido de carbono por ano. Se levarmos em conta as 475 mil travessias atlânticas que a aviação comercial faz por ano, algo em torno de 33 milhões de toneladas de dióxido de carbono são lançadas no lindo céu do nosso planetinha azul, isso sem contar os voos que não cruzam oceanos, voos domésticos e entre nações europeias, por exemplo. Excluindo todos os aviões de pequeno porte e a aviação militar, sobre a qual não se tem dados tabulados.
No entanto parece que há uma pequena luz no fim do túnel, se não for um trem em sentido contrário, podemos ter alguma esperança. Existem projetos para tornar essas viagens “neutras” no que se refere à emissão de carbono. Os motores de novíssima geração estão sendo reprojetados para consumir menos e aeronaves são construídas com ligas leves, de modo que estima-se 20% a menos no consumo do querosene altamente poluidor. Existe a possibilidade de produzir biocombustível para uso em aviação. A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, em parceria com a Embraer, realizou um voo experimental utilizando biocombustível. Produzido da cana-de-açúcar, o combustível pode reduzir em até 82% a emissão de poluentes.
Agora se faz uma conta, produzindo-se biocombustível a partir de plantas que consomem o próprio dióxido de carbono que os jatos emitem durante os voos chega-se num resultado zero. Isto é, as plantas normalmente absorvem gás carbônico, então grandes plantações que visem à produção de combustíveis estarão coletando tanto gás carbônico quanto o emitido pelas aeronaves que queimam aquele produto. Conta zero, neutra, portanto. Viável e desejável, portanto.
Contudo, ainda passará muito tempo antes que uma parte importante do transporte aéreo passe a usar combustíveis “sem culpa”, feitos de óleo de babaçu ou de cana de açúcar. Enquanto isso, continuará a degradação da atmosfera, causada pelo que o homem acredita ser uma necessidade vital: voar para todos os cantos do Planeta. Uma alternativa possível para esse mal que as viagens aéreas causam seria diminuir o número de voos. Considerando que agora vivemos numa aldeia global como nunca antes aconteceu; graças a internet e os novos meios de comunicação instantânea podemos “visitar” qualquer canto do Planeta em tempo real, por que não incrementarmos mais essas interações e viajarmos menos? Será que todo mundo precisa voar tanto? Por que continuarmos com essa degradação lamentável, mas evitável?
Tal degradação será vista como um dos mais chocantes exemplos de desprezo do Homo sapiens pelo planetinha azul que tão bem o acolhe desde muitos milhares de anos. Espero não viver num Planeta que um dia dará uma resposta a altura para a humanidade que não valoriza o que tem. JAIR, Floripa, 22/06/12. 

6 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Tão perto, tão Óbvio e eu nunca tinha pensado nisso! Gostei demais do texto, você sempre dá o seu 'alerta'. Bom que já estão pensando...

Abraços, Jair!
Tais

J. Muraro disse...

É mesmo, porque será que se viaja tanto? Com a internet, skipe, MSM e outros meios é fácil estar, falar e curtir qualquer lugar, em qualquer hora. As viagens deviam se restringir à necessidades mais urgentes. A atmosfera seria menso agredida com um número menor de viagens aéreas. Parabéns pela postagem.

Leonel disse...

É verdade, Jair: eu ainda não vi nenhuma alternativa para reduzir a poluição causada pelos aviões, exceto "aquela" turbina que inventastes lá no Galeão! Kkkkk!
Mas, falando sério, os carros podem ser elétricos ou até movidos a energia solar, mas os grandes aviões não tem alternativa, a mudança de combustível pode diminuir o problema, mas não resove-lo.
Talvez, se abrirmos mão da velocidade, pudessemos retornar aos dirigíveis, agora mais seguros com as novas tecnologias e usando hélio ao invés de hidrogênio!
SOnho meu!
Seu texto chama a atenção para um fato que quase nem se fala, talvez pela falta de solução!
Abraços!

Attico CHASSOT disse...

Jair,
fiz, por ocasião da Rio+20, minha pegada ecológica. Fiquei apavorado: Preciso de 1,8 Planeta. Sabes o que me fez predador: o número de viagens aéreas que faço por ano.
Apenas 1% dos humanos usa avião e fazem este estrago.
Com consternação,
attico chassot

R. R. Barcellos disse...

Perguntas:
Ao queimarmos combustível fóssil, não estaremos apenas devolvendo à atmosfera o dióxido de carbono que dela foi retirado há 300 milhões de anos, no carbonífero?
Segundo se sabe, a temperatura do planeta era a mesma, o teor de oxigênio o dobro e o de CO2 o triplo.
(Dados: Wiki)
Abraços.

Professor AlexandrE disse...

Adorei seu texto... principalmente por se tratar de algo que interessante cujo qual eu nunca havia me dado conta!

Parabéns...