No meu texto “Cor não é raça”, escrevi o seguinte: “Querer definir o homem como espécie e dividi-lo em raças de acordo com a cor da pele ou tipo físico é coisa mais estúpida que se pode fazer. Raças humanas não existem. A cor da pele, uma adaptação evolutiva aos níveis de radiação ultravioleta vigentes em diferentes áreas do mundo, é expressa em menos de dez genes dentre os milhões que compõem o genoma humano.” Pois bem, aqui explicito mais fatos que embasam minha opinião contra o racismo amparada com a palavra da ciência, para que não haja dúvidas de onde vêm meus argumentos.
Hoje quero juntar aos meus arrazoados outros dados da ciência que foram descobertos através das pesquisas do projeto “Genoma Humano”, os quais destroem o chamado “racismo científico”.
Historicamente, a noção de raça humana surgiu durante a expansão imperial européia, e baseia-se num pequeno conjunto de características fenotípicas observáveis a olho nu, superficiais, portanto. Significativamente, o avanço no estudo dos grupos sanguíneos forneceu os primeiros indicativos científicos da variabilidade hereditária da humanidade, sem comprovar teoria de racismo alguma. O fator RH também evidencia diferenças que estão correlacionadas com a distribuição geográfica dos grupos humanos, nunca de “raças” humanas, que isso é criação político-econômica, nunca científica. As variações genéticas entre populações mapeadas por meio desses marcadores não ajudaram a sustentar as antigas teorias raciais, que caíram por terra.
Com a descoberta e uso do DNA tornou-se possível aprofundar as investigações sobre as origens e migrações das antigas populações humanas. Na verdade, o DNA mitocondrial, que é um marcador que não se altera por milhares de gerações, apontou para o que os cientistas chamaram de “Evas” primordiais: Seriam apenas dez mulheres as nossas “mães”, oriundas da África, que geraram toda a humanidade. Não há, portanto, fundamento científico para afirmar que “raças” humanas tiveram origens distintas, todos temos um pé na África.
Os computadores facilitaram o processamento de uma enorme massa de informações genéticas que ajudaram a mapear a aventura pré-histórica humana. Uma conclusão quase banal a que se chegou é que a “distância genética” entre populações aumenta na razão direta da distância geográfica que as separa. A explicação é simples, os humanos cruzam-se com o parceiro que está próximo, na mesma localidade ou localidade vizinha. Isto diminui a variação genética do grupo local e aumenta a “distância genética” com um grupo distante. Simples.
Mesmo assim, dois indivíduos escolhidos casualmente dentro da mesma região só serão 5% mais parecidos entre si do que de qualquer indivíduo de outro continente por exemplo. Na verdade, como comprovou o mapa genético fornecido pelo projeto Genoma Humano, não é possível encontrar qualquer “fronteira” que delimite raças no continuum da humanidade, onde as semelhanças são abundantes e existem pequenas variações dentro de quaisquer grupos considerados.
Num interessante experimento que cientistas americanos fizeram, reuniram-se oito representantes de etnias diferentes e comparou-se o DNA mitocondrial deles. Eram pessoas que vivem nos EUA, mas de origens díspares como uma chinesa, um árabe, um índio sioux, uma sueca, um maori da Nova Zelândia, um fueguino do sul da Argentina, um negro do Zaire e uma tailandesa. Para surpresa dos pesquisadores o grupo apresentava tanta diferença genética quanto um grupo de pessoas da mesma aldeia pode apresentar. As semelhanças eram tão grandes que a sueca, branca de olhos azuis, tinha “parentesco” evolutivo com o sioux, a ponto de serem “primos” distantes, descendentes da mesma Eva primordial africana.
Os mapas genéticos tornam evidente a falta de embasamento científico na crença que existem raças humanas. Esses mapas mostram que não há maior similaridade entre, por exemplo, europeus do leste e oeste que entre europeus e africanos. Por outro lado, há tantas diferenças estatísticas entre populações vizinhas, que os adeptos das seitas racistas poderiam sustentar que existem milhões de raças.
Finalizando, como qualquer população selecionada para compor uma amostra apresentará diferenças genéticas estatisticamente relevantes, o tal “racismo científico” que Hitler usou para se livrar dos judeus, não passa de balela, ou seja, burrice pseudo científica. JAIR, San Diego, 17/05/10.
3 comentários:
O racismo é igual à soma da burrice com a ignorância, elevada ao cubo da estupidez. Tudo isso multiplicado pelo medo de quem se acha superior perder esse pseudo-status.
Segundo dizem os estudiosos do Projeto Genoma, existe mais diversidade genética entre os cães que entre os humanos.
Por incrível que pareça, as diferenças genéticas se referem na maioria apenas à características exteriores, provavelmente resultado da adaptação aos diversos climas e condições ambientais.
A conclusão resultante das análises da diversidade genética é que a raça humana esteve por um fio de desaparecer, pois em determinado momento havia apenas uma pequena tribo, que acabou se expandindo e dando origem a toda essa gente que hoje superlota o planeta.
Leonel,
Justamente, a pequena tribo a qual você se refere, são as mesmas dez "Evas" que citei, que foram descobertas graças ao DNA mitocondrial. Portanto, a origem do homem moderno está relacionada com esses ancestrais africanos comuns a todos. O resto e bobagem.
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