quinta-feira, 8 de abril de 2010

O CRIACIONISMO É UMA BOBAGEM ESFÉRICA*


O criacionismo, como qualquer ser inteligente sabe, é um besteirol sem tamanho. É até estranho que tanta gente perca um tempo precioso se dedicando a uma hipótese tão estúpida e absurda. A ciência está careca de provar que os seres vivos encontram-se na face deste Planeta há mais de três bilhões de anos, e que evoluíram para suas formas atuais desde outras formas primitivas. Os criacionistas acreditam que toda a vida que existe foi criada num átimo, nas suas formas atuais, há cerca de seis mil anos (alguns admitem dez mil anos) por uma entidade suprema. Em consequência dessa estultice os criacionistas enxergam homens e dinossauros convivendo ao mesmo tempo. A evolução é um fato comprovado por provas físicas, o criacionismo é uma bobagem que se baseia na fé.

Quero repetir aqui argumento que usei em meu texto “A maravilhosa ciência”: A ciência “aconselha-nos a considerar hipóteses alternativas em nossas mentes, para ver qual se adapta melhor à realidade. Presta-se como ferramenta do cético, do inconformado, do curioso e não daqueles habituados a certezas inquestionáveis”. Por isso, o cientista (e por extensão o evolucionista) é uma mente sempre aberta para ideias e propostas novas, já o criacionista é adepto de “certezas inquestionáveis”.

O livro Why evolution is true, de Jerry Coyne, é uma obra que apresenta de maneira sentenciosa provas irrefutáveis da evolução, oferecidas pela distribuição geográfica. Ele também aborda a característica dos criacionistas de ignorarem evidências, quando estas são contrárias a sua fé; quando são provas que não corroboram aquilo que eles acreditam, aquilo que eles leem nas escrituras. Diz Coyne: “As evidências biogeográficas da evolução agora são tão poderosas que eu nunca vi um livro, artigo ou conferência criacionista tentar refutá-las. Os criacionistas fazem de conta que as evidências não existem”. Os criacionistas agem como se apenas os fósseis fossem evidências da evolução. Realmente, o testemunho dos fósseis é o mais substancial e o mais “visível”, por assim dizer. Incontáveis fósseis foram desencavados desde a época de Darwin, e todas as evidências obtidas a partir deles corroboram ou são compatíveis com a evolução. E, mais importante, nenhum fóssil contradiz a evolução. Se fosse o caso, como o evolucionista “considera hipóteses alternativas”, o edifício evolucionista ruiria fragorosamente e a ciência acataria humildemente uma hipótese que se adequasse a nova realidade.

Não obstante, por mais convincentes que sejam as provas dos fósseis, considera-se que elas não são as mais poderosas que a ciência dispõe. Mesmo que em nenhum momento tivessem encontrado fósseis, as evidências fornecidas pelos animais sobreviventes ainda assim nos impeliriam de maneira inexorável e categórica à conclusão de que Darwin estava certo. A cronoestratigrafia, que é o estudo referente à idade de rochas e de camadas geológicas, torna tão evidente a sequência de eras, que até o pior cego não pode se furtar de reconhecer a idade da Terra e sua evolução.

Com o surgimento da genética e o mapeamento do genoma de plantas e animais, foi possível estabelecer “parentesco” entre os seres de modo a fortalecer ainda mais o que já se sabia de suas ascendências e descendências. A distribuição geográfica dos seres, mais uma vez prova a deriva dos continentes, a existência de placas tectônicas e a antiguidade do Planeta.

O criacionismo empunha a Bíblia como se um tratado de ciência fosse; como se a verdade última da história do universo, do homem e da vida, ali estivesse contida. A Bíblia não pode ser encarada como compêndio de história, muito menos de ciência, quando muito é um apanhado meio desconexo de filosofia doutrinária escrito por vários autores distribuídos no espaço e no tempo, cada um contando à sua maneira estórias e lendas de um povo e de uma região, ouvidas e interpretadas de acordo com os costumes de cada época.

Os autores da Bíblia ao contarem o mito do dilúvio, por exemplo, estavam colocando em letras o que ouviam dos mais velhos que haviam escutado de outros contadores de estórias, algo que estava entranhado na tradição folclórica de povos mais antigos como os mesopotâmicos (Epopéia de Gilgamesh), babilônicos e hassídicos. Lembrando que mito é uma narrativa em forma de história que, por meio de seleção de eventos e atribuição de relevância a situações e personagens, torna um passado virtual em algo significativo, encorajando a coesão social. Depreende-se que os mitos são necessários. É razoável inferir que nem os escribas acreditavam na veracidade de suas estórias, eles provavelmente as escreviam como ficção.

Enquanto a estultice do criacionismo descarta as evidências que a ciência descobre sobre a evolução, e assume como verdade estórias ficcionais e lendas nem tão boas registradas na Bíblia, não haverá como conciliar a boa ciência com a cegueira de quem não quer ver. Lamentável. JAIR, Floripa, 08/04/10.

*Por qualquer ângulo que se olhe é igual.

16 comentários:

Leonel disse...

Caro Jair, eu também acho que querer explicar a história do planeta baseado apenas em livros ditados pela fé contradiz fatos científicos evidentes e se baseia em argumentos muito frágeis para serem levados a sério.
Entretanto, no meu entender, nas próprias hipóteses científicas do dito evolucionismo existem lacunas não explicadas.
Algumas coisas são aceitas como definidas quando sua base é apenas hipotética.
A idade do planeta é uma dessas coisas: não me lembro qual cientista falou que "a cada ano, a terra fica mais velha um milhão de anos". Isto porque novas descobertas empurram a formação do planeta, o início da vida, da inteligência ou da civilização cada vez mais para trás.
Diversos hominídeos considerados à princípio como estágios anteriores da evolução do Homo sapiens foram "destituídos" ao se verificar que foram apenas variantes que não deram certo, alguns contemporâneos eliminados na concorrência com o próprio Homo sapiens. E continuamos à procura do tal "elo perdido" que nos ligaria aos primatas. Está difícil de encontrar.
Talvez porque não seja possível encontrar o que nunca se perdeu.

JAIRCLOPES disse...

Leonel,
Realmente, a ciência contém enormes "lacunas" em suas teorias, e ela jamais disse que era completa, aliás, no meu próprio texto você pode verificar que ela "aconselha-nos a considerar hipóteses alternativas..." etc. Quanto ao "elo perdido", sinto decepcioná-lo, mas quem criou essa infeliz expressão foi um criacionista que tentava encurralar a ciência, pois esta nunca usou a sério a expressão porque não lhe faltam intermediários (expressão usada pelos evolucionistas), milhares deles. Não cabe aqui enumerá-los. Só para termos ideia de como essa expressão é vazia, basta citar que os criacionistas a usam no seguinte contexto: "Se os mamíferos descendem dos peixes, cadê o cachorro-peixe? cadê a vaca-tubarão? e idiotices congêneres. Não dá para levar a sério quem assim se expressa, não é mesmo? Me dá vontade de dizer: "Vão estudar cambada de néscios!"

Anônimo disse...

..."Os criacionistas acreditam que toda a vida que existe foi criada num átimo, nas suas formas atuais, há cerca de seis mil anos (alguns admitem dez mil anos) por uma entidade suprema."...

Aos criacionistas falou dizer que esta entidade suprema (terráqueo amigo deles!!!rsrssss) com lampejos mentais desconexos e umbilicais, formou uma seita de "viagem astral", que embarca quem quer (crer). Com tudo isso, acabaram por distinguir e atribuir poder a este cidadão, o assim constituindo chefe/líder/cacique do seu bando!!!

Que a ciência e bíblia estejam permeadas de contradições ou fracas teses, mas o que não se concebe é a rigidez e estupidez mental ao ser enfático e inflexível 100% a outros contextos.

Lembrando que:

"Em terra de cego quem tem um olho é rei!!!"

"Várias e ingênuas rolhas de cortiça, quando lançadas ao rio simultanemante tendem a seguir o mesmo trajeto e conservarem-se próximas umas das outras! (não por sua capacidade, mas por sua natureza). No entanto sem mais do que isso poderem fazer, somente as resta concordar com designios da correnteza (chefes/caciques/líderes) que as circundam!"

Contribuição de: Saulo

Carlos Ricardo Soares disse...

Em qualquer abordagem opinativa o que mais me horroriza e, ao mesmo tempo, me estimula a intervir é a displicência com que se generaliza acriticamente, se hostiliza e denigre gratuitamente, se põe tanto entusiasmo nos qualificativos pejorativos quanto seria de esperar que o pusessem no cuidado em respeitar o fiel da verdade, para não dizer os outros. O que é que se ganha ou se teme perder com isso? Afinal, o que é o criacionismo? E o evolucionismo?
Não vou responder a estas perguntas, porque, neste contexto, não é minha obrigação. Ainda não compreendi onde é que criacionismo e evolucionismo dizem "coisas diferentes". O que eu vejo é alguns "adeptos evolucionistas" pretenderem que o evolucionismo diz coisas diferentes do criacionismo bíblico.
Factos são factos e a ciência que os determine até onde puder. Mas a interpretação e a explicação?
Quem puder que seja sério e crítico. Quem não puder, que tenha vergonha e se abstenha de pregar sermões.
Ainda está para aparecer a Ciência que não seja religião sem Deus.
Tenham paciência, não se trata os outros como mentecaptos impunemente.

Leonel disse...

Jair, como você pode ver eu coloquei o termo "elo perdido" entre aspas, pois é uma expressão popular e não científica.
Mas, tenho uma dúvida: como a ciência poderia provar que a superação do homo sapiens sobre os outros hominídeos paralelos NÃO foi determinada por um monolito negro, colocado neste planeta na pré-história, como experimento de uma raça alienígena que nos visitou?
O que eu quero dizer é que temos tão poucos indícios sobre a origem da inteligência humana que qualquer hipótese pode ser baseada em algum indício, dependendo de sua interpretação.
O pesquisador "free-lancer" suiço Erik Von Daniken escreveu diversos livros, nos quais apresentou indícios que, de acordo com a interpretação dele, levariam a concluir que a raça humana não se originou neste planeta, mas foi resultado da ação de seres alienígenas, que teriam nos visitado e semeado uma nova raça inteligente na Terra.
Foi combatido, ridicularizado e até processado, tendo que se retratar de algumas idéias propostas.
Mas, alguém provou que sua hipótese era impossível? Acho que não, apenas se mostrou que algumas de suas interpretações eram pré direcionadas para chegar à conclusão que lhe interessava.
Alguns setores da ciência também agem assim, só que não são contestados por fazerem parte da grande confraria que é aceita como mensageira da verdade.
Infelizmente, a ciência também tem seus dogmas.

Ruy disse...

Caro Jair:



Li o teu texto sobre o criacionismo e não fiquei surpreso pelo seu conteúdo porque conheço a sua capacidade de sintetizar temas complexos e polêmicos, tornando-os palatáveis para um universo maior de leitores. Vc foi muito feliz na concretização desse objetivo e passou um recado que só quem não quer entender é que não entende. E quando digo “quem não quer”, estou me referindo às pessoas dogmáticas e dogmatizadas que só vêem uma verdade” à sua frente, ou seja, aquela vinculada aos seus pressupostos ligados à fé. Essa — a fé —, como sabemos nós que reconhecemos a Ciência com “C” maiúsculo, está suportada em “razões” que desconhecem a razão, daí não ser possível atingí-los através de qualquer ato racional, pois eles estão encouraçados pela sua fé de tal maneira que nada que os contradiga será sequer considerado. Vejo isso como se um indivíduo de uma dada religião tentasse converter um outro para a religião do primeiro. É uma empreitada muito dura e provavelmente fadada ao insucesso, tão impossível como, por exemplo, fazer um flamenguista tornar-se vascaíno ou vice versa.

Os criacionistas não o são (criacionista) por uma questão de opção, escolhida por eles. Assim como nasceram e foram batizados numa religião, aceitam as diretrizes emanadas do núcleo forte de suas igrejas para agirem assim ou assado e acreditar no criacionismo faz parte dessa “cultura”, digamos assim, e nada os fará ver que os fatos, como bem citou um seu leitor (só que usando a Bíblia como produtora dos fatos para suportar seus fracos argumentos criacionistas!), apontam para o lado oposto. RUY

R. R. Barcellos disse...

Vejo o dilema entre ciência e religião como uma luta pela afirmação de dogmas de parte a parte. Se aceitarmos o relato do Gênesis como uma alegoria e o evolucionismo como uma teoria científicá, há como harmonizá-las. Mas quem quer isso? O bom mesmo é ficar na briga...

Unknown disse...

Caro amigo Jair eu sou cristão e teólogo e realmente existem muitas lacunas(que jamais poderão ser preenchidas por nenhuma das duas teorias isoladamente).
O que ocorre é que (creio) as duas teorias tem que estar juntas. O que aconteceu, no meu entender, é que a evolução do homem para se tornar semelhante a Deus precisava de Crescimento moral (espiritual).Esta evolução está citada na Bíblia como criação do homem.

Jair disse...

Dogma: “Ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa apresentado como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar”.
A ciência, pela sua própria natureza de SEMPRE questionar o questionável, não possui dogmas e não os aceita em seu âmbito, pois se o fizesse estaria contradizendo sua essência.

Carlos Ricardo Soares disse...

A definição de dogma que encontrei e penso ajustar-se aos dogmas que fundam a Fé, não apresenta o dogma como algo que não deva ser questionado, mas como algo verdadeiro e, como tal, indiscutível.
Não é que não se possa ou não se deva discutir.
Sem dogma não há Fé e não há religião, no sentido forte do termo. Quer dizer: a igreja não pode fundar-se (e não se funda) na mera hipótese de Deus existir.
Por outro lado, a força do dogma, do ponto de vista da racionalidade, advém justamente de não ser posto eficazmente em causa, ou seja, um dogma só o é porque não é consistentemente negado por aqueles que o questionam.

Adri disse...

Eu absulutamente concordo que o criacionismo e' uma bobagem tremenda.... e tenho um grande amigo meu que acredita nesta bobagem... um homem inteligente e de boa criacao.... e ja tivemos inumeras conversas sobre o assunto... mas nunca conseguimos chegar a um acordo....

Estranho....

Anônimo disse...

Minha mente científica, curiosa, fica se perguntando se acreditar em qualquer coisa sobrenatural, em deuses, em milagres etc. não seria explicada por um gene em nós. Não seria eu um cacador mais corajoso se eu tivesse certeza absoluta que Tupã olhava por mim?
Como a maioria das características genéticas, está presente em alguns e ausente em outros.
De um ponto de vista evolutivo ser crente é talvez uma vantagem.

Ass. Togusau

JAIRCLOPES disse...

Com certeza, o homem temente a algum deus que pune e premia poderá ter alguma vantagem sobre outro que não possua essa fé. A observância dessa entidade presume que o crédulo será mais comedido em suas atitudes, tendo, por isso, certa vantagem evolutiva sobre outro que não teme punição por seus "erros".

Anônimo disse...

concordo com cada vírgula do texto!
é impressionante como os religiosos dizem que a ciência não faz sentido e quer que a gente veja sentido nesses absurdos que são mudados de tempos em tempos para justificar a mesma coisa conforme a ciência vai derrubando as mitologias.

Anônimo disse...

JAIRCLOPES trabalho na área de serviço social, e fizemos um trabalho junto com uma igreja evangélica que não vou citar o nome por motivos óbvios, em presídios da região em que eu moro em MG. 99.3% se dizem religiosos, ficando o restante irrisório de 0.7% de agnósticos, pessoas que acreditam mas não tem religião, e ateus.
isso refuta por completo essa sua desculpa apelativa que ateus são mais propensos a serem criminosos. eu já acho que uma pessoa que acredita na história da bíblia tem sempre a esperança de que deus em sua infinita bondade perdoe seus pecados!
então quer dizer que vc sr JAIRCLOPES só não mata, estupra e rouba porque tem medo de ir pro inferno? não apenas pelo fato de isso ser muito, mas muito errado?

JAIRCLOPES disse...

Embora não costume responder para "anônimos" quero dizer que em nenhum momento encontrei: "que ateus são mais propensos a serem criminosos" em meu texto. Acho que você, caro anônimo, deve estar delirando.