sábado, 3 de outubro de 2009

SALVEMOS OS URUBUS


A foto que ilustra este post é de uma mãe urubu e seu filhote, SUPÉRSTITE*, com apenas alguns dias, nascido no mês setembro deste ano na cidade de Sorocaba, em uma floreira de um edifício comercial. Prova de resiliência de uma ave que se recusa abandonar seus hábitos de nidificar em lugares altos apesar de árvores de porte serem coisas do passado na região. Urubus de cabeça preta como estes, muitas vezes vivem na periferia das grandes e médias cidades que, por incúria humana, acumulam dantescos lixões onde matéria orgânica em decomposição atrai as incautas aves que não têm onde procurar alimento, porque seu habitat foi invadido pelo homo sapiens. A propósito desses soberbos animais, publiquei em julho deste ano um texto “URUBUS”, cujo trecho reproduzo abaixo:
"Os urubus, aves da família Cathartidae, primos pobres dos condores, são animais de extrema importância na natureza por serem necrófagos, ou seja, são aves que se alimentam de restos de animais já mortos. Apesar de feioso e com má fama, o urubu tem papel essencial na natureza. Como é um animal necrófago, que se alimenta de carne em putrefação, faz uma espécie de “faxina” nos locais onde vive, pois elimina do meio ambiente a matéria orgânica em decomposição”.
Artigo que suscitou da leitora Letícia, mensagem solicitando informação de como salvar o bebê urubu que nasceu na floreira do edifício no qual ela trabalha, e que corre perigo de ser morto por funcionários “zelosos”, por causa do barulho que pode vir a fazer. Os funcionários já haviam removidos ovos da mãe urubu para impedir sua reprodução, e um dos filhotes nascidos morreu devido à chuva, daí o nome SUPÉRSTITE do único sobrevivente. Reproduzo abaixo a mensagem de SOS pela vida do pequerrucho que ela enviou:
"Estive procurando no Google sobre urubus e vi um interessante artigo seu. Mas ele não respondeu minha dúvida, nem algum outro daí resolvi escrever! Tenho urubus, mãe e filho, morando na floreira de minha sala num edifício comercial, onde várias vezes ela pôs ovos que foram vistos e retirados, fato que reprovo totalmente, mas, desta vez o filhote está lá forte e aparentemente saudável! Contudo, eles, para o condomínio, não são bem vindos, e estou querendo saber até quando o filhote fica no ninho, pois, aparentemente, logo começará fazer barulho e teremos problemas se isto acontecer, a quem poderei pedir ajuda, mas que o mantenha em lugar seguro com a mãe? Agradeço atenção e aguardo resposta!"
Letícia.
Confesso que fiquei lisonjeado com a solicitação feita pela Letícia, mas, ao mesmo tempo, triste por me saber ignorante e incapaz de lhe dar uma resposta adequada que salve a avezinha. Como meu conhecimento sobre urubus se limita a pouco mais do escrevi no post, optei pelo mais óbvio: Aconselhei-a a brigar contra a remoção do bicho de seu local de nascimento, e colocar o IBAMA ou outro órgão ligado à preservação do meio ambiente na cola de quem quisesse prejudicá-lo. Feito isso, resolvi postar este texto com a intenção de, mais uma vez, lembrar aos leitores que nós somos responsáveis pelo mal que causamos ao meio ambiente, e que ainda há tempo de tentar alguma coisa no sentido de reverter o atual quadro de deterioração a que chegamos no Planeta azul. Podemos começar salvando os urubus, por exemplo. Pois bem, primeiro é edificante saber que um texto tão despretensioso tenha atingido a leitora sensível preocupada com a avezinha inocente. Depois, como já algumas vezes escrevi, o homem ocupa os locais que antes era domínio dos animais e depois culpa estes por “invasão” de espaço humano. Não poderia haver maior absurdo, os animais apenas tentam sobreviver num espaço que antes era deles. Mas, já que o modo que a maioria das pessoas vê as coisas não admite animais “selvagens” convivendo com humanos, o mínimo que podemos fazer é respeitarmos os espaços que eles eventualmente ocupam ao nosso lado. É imperioso que não vejamos os animais, quaisquer animais, como inimigos, devemos colocá-los no exato lugar que ocupamos na natureza: Seres com direito à vida. Assim, se a ave faz ninho na sua varanda, respeite-a, mantenha uma certa distância, deixe-a criar seus filhotes em paz. Depois ela irá embora e você continuará com sua vida normal, aliás, normal não, uma vida com a grandeza de quem realizou uma obra pela qual pode se orgulhar para sempre: agora você pode contar para todos que salvou uma vida, ou melhor, que salvou a humanidade. Surpreso? Para esclarecer reproduzo palavras de Leonardo da Vinci que vêm bem a calhar: "Chegará o dia em que todo homem conhecerá o íntimo de um animal. E neste dia, todo o crime contra o animal será um crime contra a humanidade." JAIR, Floripa, 03/10/09.
*Que sobrevive, sobrevivente, subsistente.

5 comentários:

Letícia disse...

Acredito eu, que a grande maioria sabe que gosto, cuido, preservo,luto...pela toda grandeza que é a Ecologia!!!

E nestes dias ¨cuidando¨ de um serzinho entrei em contato com alguém que também tem apreço por estes ideais, daí eu resultou num texto para seu blog nossos contatos!!!!

Envio à vocês com intuito de que também possam ter em consideração que sempre há algo pra se fazer !!!

No dia de hoje ele está bem e grande!!!Logo voa!!!

Bjs

Letícia

Joel disse...

Jair. O teu texto, a emocionante atitude da tua leitora Letícia em tentar salvar o pobre animalzinho e o comentário de Leonardo da Vinci me lembraram da carta que o Cacique Seatle, da tribo Duwamish, do Estado de Washington, enviou para o presidente Franklin Pierce, dos Estados Unidos, em 1855, depois de o governo ter dado a entender que pretendia comprar o território da tribo. Essa carta que ficou conhecida como "Manifesto do Cacique Seatle" aborda o comportamento do branco em relação aos índios, o meio ambiente e os animais. Reproduzo aqui parte da mesma: "O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isso é gentil de sua parte pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade, porém, vamos pensar na sua oferta pois sabemos que se não o fizermos o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra.... Tal idéia é para nós estranha. Nós não somos donos da pureza do ar, dos animais que aqui habitam ou do resplendor da água. Como podes então compra-la de nós?....Cada folha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira, cada animal e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na conciência do meu povo... Se eu me decidir por aceitar imporei uma condição: O homem branco deverá tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não comprerendo que possa ser certo de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão que nós matamos apenas para sustentar nossas vidas. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem o homem morreria de solidão espiritual porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo está relacionadoentre si. Tudo que fere a terra fere também os filhos da terra... Se te vendermos nossa terra ama-a como nós a amavamos, protege-a como nós a protegíamos, nunca esqueças como era a terra quando dela tomaste posse, e com toda a tua força, o teu poder e o teu coração conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos...
Grande abraço, Joel.

J. Muraro disse...

Animais nobres e soberbos, os urubus devem ser preservados pelo que representam, lixeiros naturais do ambiente. Gostei do texto, parabéns.

Letícia disse...

Olá !!!

O Supérstite vai bem , ficando mais enegrecido . Estes dias tive o privilégio de observar a mãe dando comida na boca dele, uma cena sem igual!! Mãe natureza!!

Acho que preciso ir me acostumando que logo não os terei mais lá!! Mas está sendo legal enquanto existe!!

Até

Letícia

Anônimo disse...

Apareceu um filhote aqui. O que faço?

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