A ciência conhece, ou acha que conhece, o processo de criação da vida. Para ela, (a ciência) a vida surgiu a partir de um grau de organização da matéria primordial que existia. Não se sabe que matérias estavam presentes nesse início dos tempos mas, as mais praticáveis seriam a água, o dióxido de carbono, o metano e a amônia; todos compostos simples que sabemos estarem presentes nos planetas do nosso sistema solar e nos demais planetas recentemente descobertos em outros sistemas de nossa galáxia. Alguns cientistas reproduziram em laboratório as condições que, supostamente, imperavam no planeta terra quando jovem. Colocaram essas substâncias simples em frascos e as submeteram a radiações de fontes ultra-violeta e ação de correntes elétricas – uma simulação de relâmpagos a que estiveram expostas há bilhões de anos. Após algumas semanas desse “tratamento”, surge algo interessante no interior dos frascos: um caldo acastanhado contendo grande quantidade de substâncias muito mais complexas que as originalmente lá colocadas. Normalmente são encontrados aminoácidos – os blocos de construção das proteínas, classe de moléculas biológicas. Mais recentemente, as simulações laboratoriais das condições químicas da terra antes do aparecimento de vida, já produziram substâncias orgânicas chamadas “purinas” e “pirimidinas” – blocos de construção da molécula de DNA. Conjetura-se que processos análogos a estes devem ter criado uma espécie de “sopa primeva” que os cientistas crêem ter constituído os oceanos cerca de 3,7 bilhões de anos atrás. As substâncias orgânicas concentravam-se localmente, talvez em gotículas em suspensão, ou espuma que secava nas margens dos mares. Sob a influência da energia dos raios ultravioleta do sol, combinavam-se em moléculas maiores e mais complexas. Pode-se perguntar por que isso não ocorre hoje. Moléculas assim seriam rapidamente absorvidas, degradadas ou devoradas por bactérias e outros seres vivos. Entes que apareceram tardiamente no planeta, como queremos demonstrar. Naqueles tempos as grandes moléculas orgânicas podiam boiar livremente no caldo cada vez mais denso sem serem molestadas. Num dado momento formou-se por acidente, uma molécula notável, uma molécula que podia replicar-se. Na verdade, uma molécula que possa fazer cópias de si mesma não é tão difícil de imaginar como aparece à primeira vista e só teria de surgir uma única vez. Não terá sido necessariamente a molécula maior ou mais complexa de todas, que adquiriu essa propriedade extraordinária de ser capaz de tirar cópias de si mesma, mas, por certo, terá sido uma molécula que sofreu um acidente singular. Um acidente nem um pouco improvável, no entanto, certamente, um acidente fundamental. Que acidente fantástico seria esse, já que, replicar-se significa reproduzir-se, significa perpetuar-se, deixar descendência, enfim, significa VIDA? Por que essa molécula constituída por uma cadeia complexa de vários blocos moleculares, que nada mais é que, em essência, milhões de átomos – que a bilhões de anos continuam imutáveis - organizados de certa maneira, passou a ter essa qualidade especial? A resposta a essas questões parece vir de um livro sem pretensão de desvendar o mistério da vida: “O que é a energia atômica”, de Maxwell Eidinoff e Hyman Ruchlis. Os autores introduzem o leitor no mundo atômico desde a descoberta do átomo, o que é a radioatividade, a fissão e fusão nucleares, a descoberta das partículas elementares, o funcionamento das pilhas e bombas atômicas, o esmagamento de átomos através de feixes de energia e outros conhecimentos relativos à estrutura do átomo e suas partículas subatômicas. É um livro que, em linguagem simples, dá informações deveras interessantes aos leitores curiosos sobre o mundo atômico, e nada mais. Entretanto, no capítulo que trata das emissões vindas do espaço que atingem a terra, as chamadas radiações cósmicas, há um revelador trecho que diz: "Agora mesmo o leitor está sendo alcançado por muitas delas (partículas das radiações cósmicas) sem a mais leve sensação. Algumas radiações atravessam nosso corpo. Ocorrem muitas colisões em que milhares de moléculas de nosso corpo são arrebentadas”. Ora, percebamos, “milhares de moléculas são arrebentadas”, o que significa isso? Significa que a estrutura das moléculas sofre modificações. Significa que os átomos - que a bilhões de anos continuam imutáveis – que compõe as moléculas, sofrem modificações. Significa que a molécula primordial, que boiava, junto com milhares de outras similares a ela e igualmente inertes, em algum momento, sofreu modificação em sua estrutura devido às radiações cósmicas. Significa que as radiações cósmicas transmutaram o íntimo da matéria, impingindo-lhe mudanças tais e tão significativas que, por isso, são responsáveis pelo surgimento da VIDA na terra, e onde mais se possa encontrá-la. Significa que o “fluido vital” apregoado pelos antigos, nada mais é que modificações íntimas na matéria inerte, originadas pela quebra de moléculas, causada pelas radiações de altíssima energia vindas do espaço. Quando se diz que a vida veio do espaço, de certa maneira, está se propagando uma verdade incontestável. A vida veio do espaço, na medida que as radiações cósmicas são integralmente responsáveis pela desestruturação molecular na “sopa primeva” que deu origem à propriedade auto-replicadora da molécula primogênita. Os raios cósmicos, em outro contexto são responsáveis, também, pela degradação das moléculas que se unem em aminoácidos e outras substâncias, que formam células, que fabricam tecidos, que constituem órgãos, que se agregam em sistemas que permitem a vida, quando atingem as moléculas dos seres vivos arrebentando-as, mas isso já é outra história. JAIR, Floripa, 24/07/05.
sábado, 11 de julho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
9 comentários:
E ai Jair tudo bem contigo, gostaria de te parabenizar por mais um artigo muito bem construído e desenvolvido, a cada leitura de suas criações, recorro há um pensamento grego "tudo que sei é que nada sei" lembranças para a Brandina, abraços Jair!
Interessante o texto, eu estava pensando num assunto muito proximo a este ainda hoje. A Evolucao. Onde a natureza evoluiu os seres para tornar o que conhecemos hoje, fiquei refletindo a influencia do ambiente tao artificial e "controlado" no que hoje vivemos, e a seleçao natural passaria a ser mais ou menos controlada...
Tambem fiquei tentando imaginar, quais funcoes do ser humano seria mais dominantes, e qual seria superflas, e conseguir chegar a varias teorias.
Um abracao
Jair:
Estou aqui para retribuir a sua visita ao Duelos e para responder ao seu comentário.
Pode enviar para shintoni@terra.com.br a(s) sua(s) história(s) fantástica(s), que ela(s) será(ão) publicada(s) no último dia do mês no Duelos. Caso queira, pode deixar nos comentários do blog mesmo.
Li alguns textos do seu blog e achei ótimos! Será uma honra ter sua participação no Duelos.
Um grande abraço e ótimo domingo.
Olá, Jair! Agora que te descobri, virei fã e seguidora. Apesar de nossos "estilos" tão diferentes, estamos em sintonia. Super obrigada pela visita e digo que também apreciei demais seu texto.
Bjo, Periquita.
Muito bem, Jair. Vin conhecer-lhe o blog e todas as minhas impressões foram muito boas. Desde sua bem humorada apresentação no perfil, com muitos adjetivos rimando em -ético, e tal e coisa.
"A Criação da Vida" já comporta sua seriedade discursiva, ressalvada pela prudente constatação da existência de um hiato entre o que a ciência sabe e o que ela acha que sabe.
Oii
Obrigada pela visita, volte sempree
Concordo com a opiniao sobre Jackson .. rsrs
Caro Jair:
Aí está um assunto onde qualquer hipótese pode ser levantada e nenhuma pode ser comprovada ! Sinceramente, Essa tal teoria da criação e posterior evolução tem tantas questões inexplicáveis quanto a versão bíblica da Genesis.
Recentemente, tem voltado à tona a velha discussão fé X ciência, cada um tentando impôr sua versão, ou, pelo menos, tentando mostrar o quão absurda é a versão do outro. Pelo menos neste último quesito, parece que ambos tem sido bem sucedidos ! Acho que poderia escrever a vida inteira sem chegar nem perto de algo que parecesse uma conclusão! Lamento, mas me sinto como uma bactéria tentando explicar a presença de um nano-robô! Mas, aprecio o seu esforço !
Olá Jair,gostei muito do conteudo ,muito bom...Daí eu com meus botões :mas mesmo com toda a ciência nos falta conhecer o pensamento,ou as variadas criaturas,e a nós, o viver um aprender sem fim, impermanentes em um existir mortal.
Abraços.
Carlos
Acho que o processo é mais simples, é a água do mar com terra, barro + sombra divina ou luz negra = vida.
Postar um comentário