sábado, 6 de dezembro de 2008

A CAUSA PRINCIPAL

Notícia sobre relatório do acidente da Gol e, logo abaixo, excelente comentário irado do meu amigo Leonel Rodrigues:


Piloto do Legacy desligou transponder, aponta relatório.

Brasília - A Aeronáutica concluiu um relatório apontando o que causou a segunda maior tragédia da história da aviação civil brasileira, que deixou 154 mortos, em 29 de setembro de 2006. A análise que será divulgada na próxima semana mostra que o transponder do jato Legacy, equipamento que poderia ter evitado o acidente com o Boeing da Gol, porque alerta para a colisão, foi colocado inadvertidamente desligado pela mão de um dos pilotos - 7 minutos depois de o jato passar por Brasília. O equipamento só voltou a ser acionado 3 minutos após a colisão, quando os americanos perceberam que estava em stand by. No total, o transponder permaneceu inoperante, sem emitir sinais para o radar de Brasília, por 58 minutos.

Trata-se do ponto central na cadeia de erros dos pilotos do Legacy e dos controladores de vôo mostrada numa detalhada e precisa animação - com mais de duas horas -, feita por computador, a partir dos dados recolhidos pelas caixas-pretas das aeronaves. O acaso ainda ajudou a tragédia: um terceiro avião atrapalhou a comunicação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentário: Eu já disse e repito: tentaram se aproveitar dos erros reais do sistema de tráfego aéreo para desviar a atenção da causa principal do acidente! Como se sabe pela doutrina de SIPAer, o acidente é conseqüência de uma série de falhas que acabam criando as condições para sua ocorrência. Se o software do radar fosse mais eficiente, a ausência de indicação do transponder teria sido percebida com mais facilidade. Se os controladores estivessem mais atentos às indicações na tela, poderiam ter percebido a ausência de confirmação da altitude do Legacy. Se as comunicações fossem mais efetivas e sem falhas, a aeronave poderia ter sido advertida sem dúvidas sobre falhas nas chamadas. Se os controladores tivessem um domínio melhor sobre a língua inglesa, os pilotos não poderiam alegar má compreensão dos dados transmitidos! Muita coisa poderia ter sido feita para evitar a colisão. Porém, eu repito o que já disse a várias pessoas: se os dois aviões estivessem voando sobre a superfície de Marte, onde não há nenhum controle de tráfego, nem comunicações do solo, mas apenas o sistema de transponder estivesse funcionando em ambas as aeronaves, a colisão não teria ocorrido! Isto foi demonstrado por pilotos profissionais em simuladores de vôo, inclusive em mais de uma emissora de TV! Os gringos fizeram merda, sim, e as falhas (por incompetência ou má-fé) deles na operação da aeronave foram as principais causas da colisão! A alegação de falha no equipamento já foi descartada pelo fabricante, com dados obtidos no Flight Recorder, que não acusou nenhuma falha (aliás, se tal falha tivesse ocorrido, o equipamento reserva entraria no circuito automaticamente!).

O fato de o mesmo ter sido ligado logo após a colisão, quando eles precisavam ser identificados, para receber orientação para o pouso de emergência, é um indicativo de uma possível má fé: o transponder poderia ter sido desligado intencionalmente, para ocultar a identidade do avião, que estava desobedecendo ao seu plano de vôo original! E, se o transponder estivesse em pane, como poderia ter sido ligado justamente quando interessava a eles? Claro que eles nunca serão punidos na justiça por isto! Até porque as informações obtidas na investigação do acidente não podem ser usadas em juízo, já que o objetivo de tal investigação é introduzir providências que impeçam a repetição das condições que causaram o acidente. Por isto, para que ninguém fique preocupado em esconder algo, as declarações dos tripulantes e os fatos apurados não podem ser usados para outros fins. Sabemos, porém, que, mesmo sem risco de processos na justiça, os pilotos temem o julgamento profissional que será feito pelos seus pares, e muitas vezes omitem fatos que apontariam para suas falhas. Num caso que chocou uma nação, com tantas mortes e com tamanha repercussão, acredito que eles nunca assumirão o que fizeram! Um pacto de silêncio deve ter sido feito pelos ocupantes do Legacy, logo após a tragédia. O consolo é que, para os profissionais, tanto daqui como do país deles, as causas verdadeiras do acidente serão percebidas, embora o corporativismo vá manter os fatos ao nível de rodinhas de conversas reservadas e em voz baixa!

Um comentário:

Unknown disse...

E ai Pai;

Achei muito interessante a leitura, e na minha opiniao acho que o importante eh que a "industria" sabe sim exatamente o que aconteceu, e de quem foi a culpa ou o culpado... mesmo sim que os olhos da lei nunca sabera a verdade, e nao serao punidos pela memsa.... creio que a consciencia e Karma irao tratar do assunto numa forma justa....

Um abracao do teu filho
Adri