Uma olhada na evolução sobre lugar que o homem ocupa na história da vida no Planeta mostra-nos que o Homo sapiens assenhora-se de seu espaço na natureza durante uma ínfima fração dos 4 bilhões e meio que se supõe seja a existência da terra. Em muitos sentidos, somos um acidente biológico recente quase improvável, o resultado de um sem número de circunstâncias favoráveis. À medida que os arqueólogos estudam o registro fóssil, camada por camada de espécies há muito tempo extintas, a maioria das quais floresceram por muito mais tempo do que provavelmente florescerá a espécie humana, somos forçados a nos lembrar de nossa mortalidade como espécie. Não há lei, como se deduz desse amplo espectro biológico, que estabeleça ser o bípede falante diferente de qualquer outro animal. Não há lei que declare ser a espécie humana imortal.
Não há dúvida que espécie humana É especial de muitos modos, assim como quaisquer outras espécies o são lá aos modos deles. Na história da Terra, animais acabaram extintos porque, por uma razão qualquer, o mesmo ambiente que lhes facilitou o aparecimento, tornou-se hostil a eles. Talvez, porque o clima tenha sofrido alterações ou porque a competição com outra espécie tenha se tornado desfavorável a uma delas, ou porque houve superpopulação e os meios disponíveis se esgotaram. Os humanos são os primeiros animais capazes de manipular o ambiente global “em seu próprio benefício”. Assim, embora no decorrer da evolução tenhamos escapado das instabilidades do ambiente natural, à medida que nos tornamos até certo ponto independentes dele, paradoxalmente, temos agora em nossas mãos os instrumentos para nossa própria destruição. E não me refiro às armas nucleares - que estas já são execradas pela sua natureza destrutiva - e sim pela manipulação irresponsável dos recursos que a natureza nos faculta. Em consequência, há hoje uma necessidade urgente da conscientização profunda de que somos ainda parte do equilíbrio maior da natureza, que fazemos parte do Planeta e que não somos “donos” dele, não importa quão especiais sejamos (ou pensamos ser) como espécie. A menos que alcancemos tal consciência, estamos caminhando amoque para a destruição do ambiente que nos sustenta.
E aqui vai uma profissão de fé sem a qual o que resta é o niilismo: O Homo sapiens é capaz de adquirir uma profunda consciência de seu lugar no mundo natural; e não há razão para que a humanidade não possa agir em sintonia, harmonia e até humildade com o Planeta no qual nascemos e vivemos. Durante nossa evolução diferenciada dos demais seres, as pressões evolucionárias forjaram um cérebro excepcional, - muitos pontos acima dos cérebros de nossos parentes mais próximos, os outros primatas - capaz de compreender o mundo a sua volta, um cérebro analítico e hábil para lucubrar pensamentos abstratos. O cômputo das conquistas científicas e intelectuais do século vinte dá-nos uma ampla visão do que a mente humana é capaz de realizar. O resultado chega a espantar, o mesmo cérebro que realiza, se assombra com as conquistas. Podemos, se assim o desejarmos, fazer praticamente qualquer coisa: terras áridas se tornarão férteis; doenças hoje consideradas incuráveis poderão ser extintas pela engenharia genética, o estudo das células tronco está aí para comprovar; viagens interplanetárias serão mais que apenas sonhos de ficcionistas; a profundeza dos oceanos será explorada; e poderemos até mesmo entender como funciona a mente humana!
Ninguém, por carente de imaginação que seja, poderá excluir essas “previsões”, elas são viáveis à luz das descobertas e pesquisas atuais. O que se pergunta é se as nações poderão viver em paz e harmonia umas com as outras para que o objetivo maior da humanidade se concretize: a sobrevivência da espécie. A resposta se impõe por não termos opção: SIM. Temos o equipamento intelectual para conseguir isso. Nossa capacidade de análise deverá conduzir-nos a compreender que o futuro só depende de nós. Seria uma suprema ironia, termos chegado ao que somos, a espécie mais bem sucedida do Planeta, para dele partir em conseqüência de nossa arrogância e falta de visão. Façamos jus à nossa inteligência e nos poupemos do vexame de sermos objetos e agentes de nossa própria extinção. JAIR, Floripa, 09/07/11
11 comentários:
Ótimo texto nobre colega... Através dessa agradável leitura pude traçar um paralelo com as ideias do historiador Fernand Braudel, que afirma em sua obra "O Mediterrâneo" que "toda forma de vida que não é capaz de se adaptar, [infelizmente] deixa de existir..."
Parabéns pelo texto!
Vida Longa e Próspera!
"Não há lei, como se deduz desse amplo espectro biológico, que estabeleça ser o bípede falante diferente de qualquer outro animal. Não há lei que declare ser a espécie humana imortal"... Desta parte do texto,que obviamente nos conduz à outros,discordo totalmente!!!Saúde e paz!!!Somos espíritos imortais sim e a nossa inteligência só nós a temos.O João de Barro connstrói sua casa inteligentemente verificando pra onde está soprando vento e deixando a porta do lado contrário,todavia nunca mudou o modelo da casa,pois tem apenas uma inteligência rudimentar,enquanto o homem está sempre e em constante mudança para melhor em todas as áreas.É a lei de progresso,Lei natural.
Precisava reler o texto antes de emitir um pensamento...Enquanto lia,tranportei-me para o filme "Avatar" e poque não dizer às profecias do Apocalipse...Realmente é preciso ter fé, acreditar no homem, no seu grau de consciência mais elevado sobre o significado da vida...Luci.
Pois é, há uma incoerência em nossa espécie: na medida em que uns lutam para preservar a vida no planeta, que lutam para preservar as espécies em extinção, outros a destroem com a facilidade e rapidez daqueles que não pensam no coletivo, que pensam em se abastecerem até os tubos pensando numa vida eterna. Será que não pensam que não adianta terem tanto, que jamais haverá tempo para usufruírem de tudo que possam obter através de truculências? Através das devastações das matas, do extermínio de animais que são mortos por suas peles, outros para conseguirem o famoso paté foie-grass, a carne de novilho, a caça às baleias - caça das mais infâmes... É triste, mas não vejo solução uma vez que as leis não são cumpridas, isso quando existem as leis. Se os humanos usassem sua inteligência para a preservação... Mas morreremos com nosso próprio veneno. E com todo nosso potencial, com todo nosso cérebro diferenciado dos demais, nossa espécie continua vil. Os morros continuam vindo abaixo, as cidades debaixo das águas. Taí a mão do homem; e ano após ano.
Abraçosss
Tais luso
Magnífico, uma visão além, um visão de mundo natural, esse tipo de visão que Nietzsche tinha, visões assim as vezes apavora, é porque geralmente o homem é uma soma de valores e crenças que reduz o homem a nada. A vida é princío fundamental e valor absoluto, tudo deveria ser em amor a vida, essa coisa maravilhosa, isso que vivemos.
Seria uma afronta tentar definir o que seja a vida, mas para um ser matarialista, sem visões alienadas e sem supertições, é muito fácil. Vejam: Não existe nada de metafísico, a moral é uma invenção do homem, essa moral transcedente que diz que existe vida após a morte é ilusão. A vida é apenas avida, e todas as certezas metafísicas que adquirimos ao logo dela são apena valores, ou uma soma de relações humanas que depois de algum tempos tomamos com verdadeiras e obrigatórias.
Bom muito bom indico também - http://janduis-city.blogspot.com/
Infelizmente, nossa espécie tem o hábito de aprender pelo processo tentativa-erro, só corrigindo quando a dimensão do erro se torna contundente.
O imediatismo norteia a maioria das ações humanas, que pensa no aqui e agora, e não se preocupa com o amanhã. Quem constrói para fins de especulação imobiliária, por exemplo, não se importa em destruir uma área de preservação ecológica para obter o lucro imediato.
As consequências ficam para os filhos e netos!
Será que isso vai mudar a tempo?
Boa reflexão, Jair!
Abraços!
Olá amigo Jair
Já lá coloquei o seu excelente texto, pode passar para ver se gosta.
Grande abraço
òtimo texto, mas acredito que todas essas coisas maravilhosas só acontecerão quando a humanidade abandonar essa praga ideologica que é o nacionalismo e se ver como uma só, do contrario continuaremos no atraso. Outra coisa que pode acontecer e impedir isso é uma catastrofe planetaria como sermos atingidos por um meteoro etc
Perguntemos às pessoas o que é "pensar"; e o conjunto das respostas se reduzirá, pela fervura, a "pensar é o que eu faço"...
Pois façamos isso melhor. Já existem computadores que pensam melhor que muita gente boa.
Abraços.
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