sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mamutes congelados


Mamutes são animais extintos parentes próximos dos elefantes atuais e que pertencem ao gênero Mammuthus, à família Elephantidae, chamados proboscídeos porque têm trombas (probóscides). Tal como os elefantes, estes animais possuíam presas de marfim encurvadas, que podiam atingir até cinco metros de comprimento, mas, compreensivelmente, tinham o corpo coberto de pêlos compridos. Estes animais extinguiram-se há apenas doze mil anos e eram muito comuns no Paleolítico, onde foram uma fonte importante de alimentação do homem da Pré-história. Aliás, alguns paleontólogos atribuem a extinção desses magníficos animais à caça predatória empreendida pelos homens paleolíticos, tese não aceita pela maioria. Descobertas fósseis demonstram que o ser humano caçou mamutes para comida, vestimentas, uso de ossos e couro para fabricação de abrigos, utensílios domésticos e armas.Os mamutes viviam na Europa, norte da Ásia, América do Norte em climas temperados a frios e já foram encontrados vestígios destes animais na América do Sul. Esses paquidermes extinguiram-se provavelmente devido às alterações climáticas do fim da última Idade do Gelo.
As condições climáticas ideais para conservação de organismos animais são as das regiões circumpolares do hemisfério norte, desde a parte mais nórdica da Sibéria até o Alasca, do norte do Canadá até o arquipélago da Groenlândia. No solo permanentemente congelado conhecido como permafrost, em algumas zonas desta vasta extensão encontram-se vestígios de ocupação humana primitiva, bem como restos de animais que o homem caçava, tão bem conservados como se estivessem num frigorífico moderno.
No nordeste da Sibéria já foram encontrados dezenas de mamutes congelados os quais são ilustrações tridimensionais do papel que um clima extremo pode ter no processo de conservação. A maioria das descobertas foi feita nas Ilhas Novas da Sibéria, portanto, próximo ao Círculo Polar Ártico. As circunstâncias em que os animais foram encontrados sugerem que eles caíram em fissuras no gelo através de camadas superficiais de neve devido a seu peso. Em virtude ao esforço para sair dos precipícios fizeram mais neve e gelo caírem sobre eles criando condições para que se congelassem rapidamente. Acrescente-se que foram encontrados nessas mesmas condições alguns rinocerontes lanudos que viviam na região naqueles tempos gelados. Paleontólogos nutriam a esperança de se deparar homens paleolíticos congelados, até que nos Alpes entre a Suíça e Itália foi encontrado, em 1991, um homem perfeitamente conservado de cinco mil anos que acabaram apelidando de “Otzi” por ter sido achado numa região chamada Alpes Otztal. Bem, o assunto do texto não é este.
O mamute mais bem conservado – ou pelo menos aquele que foi mais bem estudado – foi descoberto em Beresovka, no ano de 1900, por um indivíduo da tribo Lamut que lhe cortou uma presa e levou para casa. A história que contou quando resolveu vender o marfim em Sredne-Kolymsk, foi que encontrou um diabo peludo, história que estimulou o interesse das autoridades da Academia Imperial de Ciências que, no ano seguinte, enviou uma expedição dirigida pelo doutor Otto Herz acompanhado pelo zoólogo Pfizenmeyer. O animal foi encontrado numa fenda cheia de lama congelada em pleno verão, numa elevação sobranceira ao rio Beresovka. A pelve e a pata dianteira estavam fraturadas em consequência da queda, queda esta que deve ter sido súbita e inesperada a julgar pela presença de comida meio mastigada entre suas mandíbulas. A posição das patas dianteiras mostrava que, quando morreu, ainda tentava se libertar da prisão de lama e neve e gelo. Parte da tromba estava ausente sugerindo, pelos indícios, que havia sido devorada por lobos, os quais haviam comido também a parte carnuda do topo da cabeça. O resto do corpo estava muito bem conservado.
Não havia meios de transportar o animal intacto como encontrado, então resolveu-se desmembrá-lo. Ao se levantar a pele para o desmembramento, Herz verificou que: “A carne debaixo do ombro, fibrosa e estriada pela gordura, era vermelha escura e parecia tão fresca como carne de gado bem congelada. Tinha um aspecto tão apetitoso que durante algum tempo pensávamos em prová-la. Só que ninguém teve coragem de arriscar metê-la na boca e preferiu carne de cavalo”. Os cães dos trenós devoravam com evidente satisfação as partes que lhes atirávamos, completou ele.
Foi mesmo possível identificar restos da última refeição do animal, pois tinha alguns vestígios ainda na boca e muitos quilos no estômago. Parece que também se alimentava de pinhas e ramos de abeto, pinheiro e musgos, tomilho selvagem e papoula dos Alpes e várias outras ervas. Havia muitas sementes ligadas às plantas ingeridas, o que dá indícios que o animal morreu no outono, possivelmente depois da primeira queda de neve ter tapado a abertura da fenda na qual ele veio a cair.
Depois da descoberta desse paquiderme, cientistas europeus e russos empreenderam várias outras expedições, as quais, após informações de nativos siberianos, encontraram até agora perto de duas dezenas de mamutes congelados, alguns bem conservados, outros nem tanto. Agora com o avanço da genética e clonagem de mamíferos já se pensa em encontrar DNA intacto num desses animais e fazer uma clonagem cuja candidata a mãe de aluguel seria uma aliá, elefoa ou elefanta africana, parenta viva mais próxima do paquiderme extinto. O futuro dirá se isso é apenas um sonho extravagante ou um evento praticável. JAIR, Floripa, 11/08/11.


12 comentários:

Roberta de Souza disse...

Olá Jair!!!
To por aqui!!
Coloque um feed de e-mail para ficar mais fácil de acompanhar seus posts!!!

bj
Beta
Mix Cultural

Unknown disse...

Muito interessante, depois de ler o seu texto fiz várias buscas no Google. Foi um conhecimento divertido.

Professor AlexandrE disse...

Sempre gostei de animais 'pré históricos' (que viveram antes de 4.000ac, quando o desenvolvimento da escrita 'alfabética' marcou o fim da chamada 'pré história'), entre eles um de meus favoritos, com toda certeza é o Mamute. Alguns especialistas arriscam o palpite de que esses animais eram conhecidos como Manaks (na época em que viveram), mas isso é só uma suposição.
Adorei o post, Parabéns nobre colega...

Vida Longa e Próspera!

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jair,
o polímata,
confiro este título a poucos. Leonardo da Vinci, talvez o primeiro, no renascimento
Agora este paranaense que se faz ilhéu em Floripa se reconhecido a cada blogada como um polímata pós-moderno.
Obrigado pelos teus textos

attico chassot

J. Muraro disse...

Cara, assisti um programa no Discovery que tratava do encontro de um desses "elefantes", só que filhote. Interessante demais! O teu texto apresenta detalhes formidáveis que não vi na TV. Já pensou se os cientistas conseguem reproduzir um bichão desses através de clonagem? Espero viver o suficiente para ver um mamute andando num parque ecológico como o Jurassic Park. Abraços e parabéns.

Luci disse...

Interessante!Ainda bem que o devir
possibilita uma reconstrução dos estragos feitos pelo homem para sobreviver... A clonagem é possível,mas parece ter pouca duração, não li muita coisa a respeito, mas enquanto se pesquisa a vida, acreditamos num futuro onde a paz será um evento possível...Luci

Tais Luso de Carvalho disse...

Jair:
Muito proveitosa sua matéria, já que estou preparando uma sobre a Pré-história. Quase sem recurso de linguagem, e apenas movidos pelo instinto da curiosidade os homens desse período pré-histórico começaram a revelar tendências - embora vagas e obscuras -, ao culto da beleza de alguns animais. Como eram caçadores, e se alimentavam das renas, mamutes e bizontes, interessava-lhes muito a figura destes e que, também, reproduziam seus contornos nas paredes das cavernas. E as renas, os bizontes e mamutes foram os principais modelos de iniciação artística onde foram encontrados as primeiras pinturas nas cavernas de Lascaux e Altamira.
Gostei muito da postagem e foi de grande proveito em saber de tais descobertas, dos mamutes congelados.

Abraços
Tais luso

Maria Rodrigues disse...

Jair, excelente post e um blog super interessante. Irei acompanhar com muito prazer.
Um abraço
Maria

Daniela disse...

Um texto muito rico! E que bom que a natureza, com a ajuda de seu clima, nos permitiu adquirir maiores detalhes desse incrível animal!!

Leonel disse...

Jair, eu li anos atrás uma descrição desta descoberta exatamente assim, com estes detalhes das fraturas ocasionadas por uma queda, a vegetação ainda na boca, e a carne fresca que foi atraente para os cachorros.
Um comentário é que, para a carne estar ainda em tão bom estado, teria que ter sido resfriada em um espaço de tempo muito curto, e portanto em uma temperatura baixíssima. Mas, a contradição é que o animal estava pastando! Portanto, estaria em um local nem tão frio, pois havia vegetação à mostra!
Um enigma fascinante!
Eu também já vi num canal de TV a cabo um grupo de pesquisadores aventarem esta hipótese de clonar um mamute, no útero de uma mãe elefante! Parece que fizeram um experimento parecido com um animal canino da Tasmânia, já extinto.
Um assunto muito interessante que tu trouxestes à tona, para me deixar mais uma vez com a pulga na orelha!
Obrigado, amigo!
Aquele abração!

Graça Lacerda disse...

Olá, Jair!

Oxalá essa clonagem dê muito certo mesmo, meu querido amigo, e em pouco tempo (de preferência...), que é pra gente poder apreciar esse figurão "pré-histórico-pós-moderno"!
Já pensou, que acontecimento?
Um grande abraço, e obrigada pela postagem, superinteressante.
Parabéns!

Adriano disse...

Muito interessante o texto, e fico abismado em aprender que acreditam que um destes mamutes fosse soterrado durante o Outono, fico pensando aqui comigo... o que um Mamute estaria a fazer sobre as neves durante o outono, talvez fugindo de predadores ou então imigrando?!? Durante o Verão, a maioria do gelo e neve descongelam, e somente em ambientes muito frios a neve permanecem… mas os bichos não encontrariam de forma de alguma comida nestas áreas… Ahhh!! talvez entivessem fugindo do calor, ja com barriga cheia para durar a estação?? Uma incógnita!!