quinta-feira, 14 de julho de 2011

Réquiem para um aviador

Rivaldo e eu no B-707.

Num texto sobre aviões, escrevi: “Os aviões parecem sólidos, pétreos, firmes, mas na verdade são máquinas frágeis e elegantes. Não é à toa que os aviadores preferem chamá-los de aeronaves, nome feminino mais de acordo com sua natureza débil, seu perfil nobre e suas curvas suaves e, por que não dizer, sensuais. Mesmo aviões imponentes com turbinas enormes e de grande potência como o gigante de transporte militar Galaxy; ou o Airbus 380 com capacidade para mais de quinhentos passageiros, são máquinas meigas e femininas com aparências voluptuosas” Acrescento que as aeronaves não são perigosas, perigosos são os homens que as manejam, ou melhor, as atitudes dos homens que as manejam, desde o mecânico que as deixam prontas para o voo, passando pelo meteorologista que desvenda os mistérios dos fenômenos climáticos que elas deverão enfrentar, até aqueles que as conduzirão ao destino.
Ontem, meu amigo Rivaldo, aviador de tantos anos, cuja experiência e habilidade no comando de aeronaves o colocavam no extremo de excelência, foi vitimado por fatores adversos desconhecidos que lançaram a aeronave LET 410, a qual pilotava, ao solo. Faleceu meu amigo, próximo à praia de Boa Viagem, local que ele havia eleito como sua morada, e onde pretendia viver uma aposentadoria tranquila nos próximos anos. Faleceu um amigo que, apesar de já entrado nos sessenta e tantos, tinha uma alma jovem conduzida por um corpo bem cuidado à custa de exercícios e de alimentação saudável. Rivaldo era daqueles que, sem ser proselitista, apregoava o bom viver e uma vida ativa.
Hoje o mundo aviatório está um pouco menor e bem mais triste, Rivaldo, como disse um amigo meu, deve se juntar àqueles aviadores do passado que estão num local só deles, onde a conversa é boa e as recordações melhores ainda. Tive a fortuna de voar com Rivaldo alguns anos na empresa BETA e, além disso, de privar de sua amizade que se manteve até ontem apesar de morarmos em cidades distantes, costumávamos nos telefonar e na última vez que falamos ficamos acertados que eu e minha mulher iríamos a Recife onde nos encontraríamos. Agora fica só a saudade.
Rivaldo perdeu a esposa há alguns anos e acreditava que um dia ia encontrá-la lá onde estivesse, se existir essa possibilidade, hoje ele está feliz ao lado dela. Vai Rivaldo! Não te sintas amargurado, onde quer que tu estejas, ainda que te vejas triste por não poder contemplar um tapete de nuvens, sentir o aroma das flores ou ouvir o som de uma sinfonia, não chores! Os amigos que deixaste para trás lembrarão de ti como eras; alegre e de bem com a vida. JAIR, Floripa, 14/07/11.

7 comentários:

Brandina disse...

Jair, aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nos. Nosso amigo Rivaldo permanecera para sempre em nossos coracoes com toda certeza. Bjs. TE AMO. Brandina.

Leonel disse...

Uma águia foi voar mais alto, em outro plano...
Aquilo que ele viveu e pensou continuará vivendo nas próximas gerações de aviadores que vagarão pelos céus de todo o mundo...
Abraços, amigo!

Matulevicius disse...

A partir de ontem Jajá, o nosso Amigo não só poderá ver as Nuvens de um angulo melhor , mas tambem fará parte delas e sei que muitos estão ao seu lado e amparando-o.

R. R. Barcellos disse...

"Alguém", numa dimensão superior, convocou o seu amigo para compor seu quadro de pilotos. Abraços.

Attico CHASSOT disse...

Estimado Jair,
lindo o réquiem em Dor Maior para o Rivaldo.
Tomara que tenha encontrado sua companheira.
Ouvi esta notícia na sala de embarque em Guarulhos. Temos uma sensação de impotência.
Um afago solidário desde Londres,
attico chassot

Val Torrezan disse...

Nossa, bem que comentei com minha mãe qdo passou na TV que achava que era o Rivaldo da BETA. Vamos sempre guardar o sorriso, as brincadeiras e o carinho com que ele nos tratava. Beijos

Camila Paulinelli disse...

Olá,
Bonitas palavras. Se houver continuidade, espero que seu amigo siga na felicidade. Beijos da nora,