Em outras ocasiões já publiquei aqui argumentos que mostram como o bicho homem é fisicamente frágil e meio tolo, e que, sua predominância no Planeta se deve apenas ao sacrifício do ambiente e de todos os outros seres para sua exclusiva vantagem. As estratégias de sobrevivência do Homo sapiens funcionam no curto prazo, mas são no mínimo danosas, para não dizer fatais, a prazo mais longo. Já, bactérias, por exemplo, têm estratégias extremamente bem sucedidas e, supõem-se, pouco perversas ao ambiente, pois elas aqui estão há pelo menos três bilhões de anos e não há indícios que estejam em vias de extinção. Não se pode dizer o mesmo do frágil primata sem pelos. Calcula-se que o peso total da biomassa das bactérias é superior a de todos os seres vivos do Planeta e, naturalmente, isso se deve a “inteligência” de sobrevivência desses organismos tão desprezados.
É de minha autoria a frase: “No homem, maior que a ignorância só a presunção”. Comparei, inclusive, o homem a um vírus cuja única maneira de sobreviver é dentro de uma célula viva, e que, no entanto, mata a célula em que vive. O homem mata o Planeta que é o meio necessário para perpetuar sua espécie, e também costuma “criar” monstros ficcionais, tipo “Allien, o oitavo passageiro”, que são indestrutíveis, são animais definitivos.
Agora vou mostrar um desses bichos extremos não ficcionais, um animal muito pequeno que é um sobrevivente na acepção da palavra. Trata-se do tardígrado. Identificado pelo cientista alemão J. A. E. Goeze, em 1773, é até hoje considerado o organismo multicelular mais estranho jamais encontrado. Geralmente chamado de “urso-d’água”, bichinho o qual não é maior que um ponto no final do parágrafo, - provando que o menor nem sempre é o menos complexo - tem cinco segmentos corporais, quatro pares de pernas com garras e uma única gônada, lembrando: gônadas é o nome que se dá as glândulas produtoras de gametas: ovário nas mulheres e testículos nos homens, produtores de óvulos e espermatozóides.
Como se vê pela foto, o animal não é nem de longe um campeão de beleza. Também tem um cérebro multilobado, sistema digestivo e nervoso e sexos separados. Foram descobertas centenas de espécies distintas de tardígrados, mas devem existir centenas de outras a serem, ainda, descobertas. Eles já foram encontrados fossilizados em âmbar de 100 milhões de anos, portanto podem ser considerados uma das formas de vida mais antigas e bem sucedidas da Terra. Talvez só mãe possa amar esse artrópode de aspecto meio sinistro e intimidador, mas ele merece todo nosso respeito e admiração por causa de sua inigualável capacidade de adaptação.
Os tardígrados sobrevivem em todas as zonas climáticas, do ártico às florestas de -185 a 150°C e pressões desde o vácuo até mil atmosferas. Estas variações são maiores que as mais radicais temperaturas da Terra, desde o dia mais frio de inverno na Antártida até o mais quente dos dias no Vale da Morte; maiores que variações de pressão da montanha mais alta até a parte mais profunda do leito do oceano. E mais, os tardígrados são capazes de suportar mil vezes a dose de radiação que mataria um ser humano.
Em condições extremas, os tardígrados são conhecidos por entrarem em estado de vida suspensa seca, por congelamento, chamada criptobiose. O bichinho forma um exterior ceroso e duro chamado tonel, que o torna impermeável aos elementos. Ele sobrevive dessa maneira por décadas depois se reanima. Os tonéis são tão leves que, com o animal dentro, podem ser transportados pelo vento por longas distâncias, permitindo que o tardígrado colonize praticamente todo o globo terrestre.
Na acepção da palavra, os tardígrados não são considerados extremófilos – animais que só se desenvolvem em condições extremas e não sobrevivem em ambientes ditos normais – porque não se desenvolvem de modo natural em condições impossíveis: eles simplesmente são capazes de sobreviver nesses ambientes por algum tempo. O tardígrado é um bicho otimista, está sempre esperando por algo melhor. Os cientistas estão estudando o mecanismo da criptobiose porque ele pode levar a estratégias para postergarmos a nossa morte. Também, a vida suspensa deve ser pensada a sério se queremos, um dia, viajar para mundos distantes. JAIR, Floripa, 04/02/10.
É de minha autoria a frase: “No homem, maior que a ignorância só a presunção”. Comparei, inclusive, o homem a um vírus cuja única maneira de sobreviver é dentro de uma célula viva, e que, no entanto, mata a célula em que vive. O homem mata o Planeta que é o meio necessário para perpetuar sua espécie, e também costuma “criar” monstros ficcionais, tipo “Allien, o oitavo passageiro”, que são indestrutíveis, são animais definitivos.
Agora vou mostrar um desses bichos extremos não ficcionais, um animal muito pequeno que é um sobrevivente na acepção da palavra. Trata-se do tardígrado. Identificado pelo cientista alemão J. A. E. Goeze, em 1773, é até hoje considerado o organismo multicelular mais estranho jamais encontrado. Geralmente chamado de “urso-d’água”, bichinho o qual não é maior que um ponto no final do parágrafo, - provando que o menor nem sempre é o menos complexo - tem cinco segmentos corporais, quatro pares de pernas com garras e uma única gônada, lembrando: gônadas é o nome que se dá as glândulas produtoras de gametas: ovário nas mulheres e testículos nos homens, produtores de óvulos e espermatozóides.
Como se vê pela foto, o animal não é nem de longe um campeão de beleza. Também tem um cérebro multilobado, sistema digestivo e nervoso e sexos separados. Foram descobertas centenas de espécies distintas de tardígrados, mas devem existir centenas de outras a serem, ainda, descobertas. Eles já foram encontrados fossilizados em âmbar de 100 milhões de anos, portanto podem ser considerados uma das formas de vida mais antigas e bem sucedidas da Terra. Talvez só mãe possa amar esse artrópode de aspecto meio sinistro e intimidador, mas ele merece todo nosso respeito e admiração por causa de sua inigualável capacidade de adaptação.
Os tardígrados sobrevivem em todas as zonas climáticas, do ártico às florestas de -185 a 150°C e pressões desde o vácuo até mil atmosferas. Estas variações são maiores que as mais radicais temperaturas da Terra, desde o dia mais frio de inverno na Antártida até o mais quente dos dias no Vale da Morte; maiores que variações de pressão da montanha mais alta até a parte mais profunda do leito do oceano. E mais, os tardígrados são capazes de suportar mil vezes a dose de radiação que mataria um ser humano.
Em condições extremas, os tardígrados são conhecidos por entrarem em estado de vida suspensa seca, por congelamento, chamada criptobiose. O bichinho forma um exterior ceroso e duro chamado tonel, que o torna impermeável aos elementos. Ele sobrevive dessa maneira por décadas depois se reanima. Os tonéis são tão leves que, com o animal dentro, podem ser transportados pelo vento por longas distâncias, permitindo que o tardígrado colonize praticamente todo o globo terrestre.
Na acepção da palavra, os tardígrados não são considerados extremófilos – animais que só se desenvolvem em condições extremas e não sobrevivem em ambientes ditos normais – porque não se desenvolvem de modo natural em condições impossíveis: eles simplesmente são capazes de sobreviver nesses ambientes por algum tempo. O tardígrado é um bicho otimista, está sempre esperando por algo melhor. Os cientistas estão estudando o mecanismo da criptobiose porque ele pode levar a estratégias para postergarmos a nossa morte. Também, a vida suspensa deve ser pensada a sério se queremos, um dia, viajar para mundos distantes. JAIR, Floripa, 04/02/10.
4 comentários:
ººº
Estranhissimo...
Eta, bicho feio! Parece um astronauta dentro de um casulo para missões extra-veiculares. Não admira que resista ao vácuo, ao frio etc. Ele tem um predaor natural?
Amigo, a estratégia de sobrevivência de alguns desses minúsculos seres também às vezes nos causa alergias e outras doenças.
Já a nossa tem as suas consequências numa escala volumétrica bem maior.
Mas, que diabo de bichinho bem feio!
Sempre que venho aqui levo histórias para contar.
Passarei adiante o que eu aprendi hoje.
Bjs de Gê
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