sábado, 24 de março de 2012

Sandices físicas



A história das ciências tem um tripé no qual se apóia: física, química e biologia. Ainda que sem a física e a química não existiria biologia, por questão de metodologia, qualquer ciência quando estudada nos seus efeitos e constituição aplicados à vida, se denomina biologia. Já química e física são ciências de origem separada embora convirjam em certas situações. Nada sei de química a não ser aquelas noções de química orgânica e tabela periódica que nos ensinam no nível intermediário da escola. Já, pela minha formação em mecânica, a física me acompanhou durante toda a vida profissional e por dever de ofício me envolvi mais com suas sutilezas.
Obviamente este não é espaço apropriado para falar sobre fórmulas, questionar conceitos ou desenvolver raciocínios sobre física. O que desejo é dar um passeio dirigido em função de certas “verdades” que para nós, pessoas comuns, não costumam ser visíveis e claras. Por exemplo, quem realmente consegue entender um conceito de mecânica quântica, essa teoria que afirma que as coisas podem ser e não ser ao mesmo tempo? Em minha opinião, existem três tipos de pessoas: as que nunca ouviram falar de mecânica quântica; as que ouviram falar e não sabem como funciona; e as que fingem que sabem. Um cientista envolvido com essa matéria declarou que existem só cinco ou seis pessoas no Planeta que entendem de mecânica quântica, o resto só chuta. Eu concordo com ele.
Outra questão que queima milhões de neurônios dos gênios envolvidos em remover óbices da física é a teoria do campo unificado que, trocando em miúdos, é um tipo de teoria que permite que todas as forças fundamentais entre partículas elementares sejam descritas em termos de um único campo. Pra começar temos que entender que existem quatro forças fundamentais na natureza: gravidade, força nuclear fraca, força nuclear forte e eletromagnetismo. A gravidade é a força de atração que permeia absolutamente todos os corpos do universo. Esta força une a matéria, é responsável pelo peso das coisas, por maçãs caírem na sua cabeça, por manter a Lua na órbita da Terra, os planetas confinados à volta do Sol, e por agrupar galáxias em grande aglomerados. A força nuclear fraca por ser tão fraca é quase só imaginada, mas é responsável pela coesão das partículas subatômicas, isto é, ela mantém os nêutrons coesos. Se houver o chamado declínio radioativo, essa força que já é fraca torna-se mais fraca ainda e o nêutron divide-se espontaneamente num próton, um elétron e um anti-neutrino. A força nuclear forte mantém nêutrons e prótons unidos para formar o núcleo dos átomos, sem ele não haveria átomos nem matéria alguma, não haveria Universo. Por último, o eletromagnetismo que é força de repulsão ou atração dependendo do sinal menos ou mais que o determine. Esta força pode ser atrativa ou repulsiva. Cargas elétricas com o mesmo sinal (duas positivas ou duas negativas) repelem-se; com sinais diferentes atraem-se. A força eletromagnética segura os elétrons (cargas negativas) nas suas orbitais, à volta do núcleo (carga positiva) do átomo. Esta força permite a existência dos átomos.
Pois bem, uma teoria do campo unificado não existe. Desde que Einstein formulou suas teorias da relatividade geral e especial, monstros pensantes de todo o Planeta se puseram a procurar uma teoria que unisse essas quatro forças conhecidas num só conceito e numa fórmula matemática única que explicasse essa união. Acho que se gastou mais fosfato nessa busca, que tempo na busca do Santo Graal, na descoberta da Pedra Filosofal ou dinheiro e pesquisa na cura da calvície. Para complicar mais um pouco essa procura os cientistas descobriram que as Galáxias, as quais estão se afastando umas das outras, se afastam em velocidade cada vez maior, estão acelerando. Pela força da gravidade elas deveriam compulsoriamente estar diminuindo a velocidade de afastamento e não aumentando. Então, os mais potentes cérebros da astronomia deduziram que existe uma força escura que contraria a gravidade. Entornou o caldo! Se quatro forças já eram difíceis de administrar, imagine cinco. Sendo que dessa quinta nada se sabe de concreto, só existem conjeturas.
Então ficamos assim, quanto mais questionamos a física, mais ela nos apresenta mistérios a serem solucionados e menos respostas. Por que, enfim, estou tentando dar esses toques em algo que ninguém conseguiu solucionar até agora? Simples. A conclusão é que todos passaram a ter direito a “chutar” respostas estultas desde que os eruditos pesquisadores não conseguiram. Pois então aqui vai meu palpite: não existem quatro, cinco, dez ou treze forças elementares, existe apenas uma que se manifesta em vários níveis.
Já se provou que matéria (massa) e energia são manifestações diferentes de uma mesma coisa, ou seja, a matéria pode ser transformada em energia (bomba atômica, por exemplo) e a energia pode ser transformada em matéria. De forma que muita matéria equivale a muita energia. Por que não considerarmos então que um mínimo de matéria (nêutron) possui um mínimo de força – força nuclear fraca – e que um montão de matéria (galáxias) contém um mundo de força – gravidade? Portanto não é questão de qualidade ou tipo de força, mas apenas de intensidade. Em grandes massas a força se manifesta com grande intensidade, em massas menores ela é proporcionalmente pequena. Óbvio ululante, para usar uma expressão nelsonrodrigueana.
O senhor René G. Martin de 81 anos, pai do André Martin que prestigia este blogue com seus inteligentes comentários, está desenvolvendo uma teoria a qual será publicada em breve, que explicará a mecânica universal com uma simplicidade exasperante para aqueles que se dedicam há anos na busca de respostas. Não quero aqui desvendar nada sobre a teoria, porque não desejo diminuir a surpresa nem me adiantar ao mestre que a desenvolve, mas tenho certeza que ele não contraria minha “teoria do campo unificado”. Penso que estamos de acordo nos pontos fundamentais que unificam as forças, nos demais nossas divergências são apenas capilares e perfeitamente contornáveis.Assim, a questão a resolver fica bem simples se os cientistas esquecerem essa multiplicidade de forças e lembrarem que, sejam quantas forem as manifestações, só existe uma força. JAIR, Floripa, 03/03/12.

8 comentários:

J. Muraro disse...

Gostei, já que os cientistas não explicam, você explica, parabéns.

R. R. Barcellos disse...

Qualquer teoria científica baseia-se na frágil premissa de que as leis que regem o universo não se modificam no tempo ou no espaço. Podemos ter uma certeza razoável quanto aos últimos dez milênios e dentro dos limites do universo observável;esses são os limites físicos da própria ciência. E não conheço nenhum caso em que a confirmação de uma hipótese não tenha suscitado novas perguntas.
E aí reside o encanto da ciência...
Abraços, amigo (qualquer dia eu terei o prazer de lhe expor a minha teoria...

Professor AlexandrE disse...

Ótimo texto...
Acredito que quando se trata de fisica [nuclear] o número de sandices e muito maior do que em qualquer outro assunto...
Parabéns meu Nobre Amigo...
Abraços!

Anônimo disse...

Será que me atrevo a fazer um comentário? Antes,uma alusão ao "óbvio ululante",quantas vezes ouvida e repetida a expressão,agora
com a devida referência "nelsonrodrigueana"...
Gostei,e também de suas sandices que buscam decifrar o enigma do Universo. Se eu descobrir a única força, de forma simples,ficarei feliz pela lei do menor esforço.Rsss.Luci.

Luci Joelma disse...

Será que me atrevo a fazer um comentário? Antes,uma alusão ao "óbvio ululante",quantas vezes ouvida e repetida a expressão,agora
com a devida referência "nelsonrodrigueana"...
Gostei,e também de suas sandices que buscam decifrar o enigma do Universo. Se eu descobrir a única força, de forma simples,ficarei feliz pela lei do menor esforço.Rsss.Luci.

Unknown disse...

Belo texto, meu caro!


Muita paz

Leonel disse...

Fred Hoyle certa vez enunciou a possibilidade de que a porção do espaço que conhecemos como universo esteja situada numa "bolha", onde as coisas se comportam da forma partucular como observamos, porém, fora dela, as propriedades da matéria poderiam ser diferentes...
Quando a nossa ciência obtiver respostas para algumas destas questões, terá ultrapassado um novo degrau na escala do conhecimento...
Belo post, Jair!

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jair,
a teu tripé ( Física, Química e Biologia) precede a Matematica. Acerca da hermetismo de certas teorias, vale dizer que quando Newton publicou o seu livro ”Principia” talvez não houvesse meia dúzia o entenderam,
obrigado pelas reflexões

attico chassot