No século dezenove, chá administrado aos doentes que chegavam à Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro depois que os serviços alimentícios regulares haviam terminado, em geral depois da 23 horas. O registro histórico que dá origem à expressão “chá-da-meia-noite”, diz o seguinte: Diante da inexistência de hospitais na maioria das cidades vizinhas e colocada a exigência de se livrar de certos indivíduos, as autoridades municipais, prefeitos e delegados de polícia, colocavam em um vagão de trem da Estrada de Ferro Central do Brasil, todos os indigentes e doentes incuráveis e crônicos, a maioria moribundos, e os enviava à Capital.
A chegada dos doentes se fazia por volta das 23 horas em virtude da chegada do trem na Estação Central, nunca antes das 22:30. Os doentes que vinham se socorrer dos serviços da Santa Casa tinham os corpos descarnados, malcheirosos, cheios de escaras, enrolados em trapos, minados pelas doenças e pelas intermináveis horas de viagem, sem conforto, sem ter o que comer ou beber, criaturas semimortas, algumas já nem podendo engolir, eram levadas para o saguão interno da Casa onde eram depositados.
O médico de plantão começava então uma revisão sumária desses moribundos, e a irmã de caridade do serviço noturno, não tendo comida a oferecer porque o serviço já estava encerrado, providenciava um pouco de chá, o único alimento possível àquela hora. Estavam dados os primeiros cuidados, agora era só aguardar o amanhecer para ver os que ainda continuavam vivendo. Conta-se que, dada a situação precária daqueles infelizes, quase todos amanheciam mortos. Nascia assim a lenda do “chá-da-meia-noite”, bebida altamente mortífera que seria distribuída à meia-noite entre os doentes incuráveis, para que mais depressa conseguissem o descanso pela morte. Até hoje se têm como certo que essa eutanásia espúria era o meio empregado pelas autoridades médico sanitárias de se livrar dos elementos que constituíam “peso morto” à sociedade do Brasil imperial e até do Brasil republicano, já que tal procedimento adentrou o século vinte. JAIR, Floripa, 15/11/10.
11 comentários:
Jair, há muitos anos eu ouvi um programa de rádio sobre a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e também falava deste "chá da meia-noite", que seria uma forma de aliviar definitivamente as dores dos ditos desenganados. Não sei se foi um fato real ou não, mas é possível que tenha sido.
Eu conhecia esse ditado, só não sabia a origem. Minha formação de cidadão não me permite acreditar que exista qualquer verdade em afirmar que existiu essa tal eutanásia. Ainda bem que pelo texto dá para entender que é uma lenda mesmo.
Falou JJ!!
A explanação sobre o ouro foi pratica e bem objetiva, quanto ao chá, se a "lenda" for verdadeira, aborda uma monstruosidade que, ate hoje, se manifesta em outras versões, que võo desde a omissão, o descaso e ate o assassinato de menos favorecidos.
Abraco.
VRO.
- É sempre importante esclarecer as origens de expressões que podem conduzir a interpretações equivocadas, e você o fez magistralmente. Aguardo com grande expectativa o segundo capítulo, cujo título posso adivinhar: "O Brochante"... lembra dele?
Jair, sinceramente, acho que você presta um serviço de utilidade pública ao expor a origem dessa expressão. As pessoas que a conheciam não imaginavam que sua origem fosse um ato de bondade de freiras que queriam o bem de pessoas moribundas. Parabéns pelo belo texto explicativo e inusitado.
Olá,
Pelo estado de calamidade que as pessoas lá chegavam, com apenas um chá fica meio difícil sustentar tanta fraqueza. Coitado do chá! :-)
Não sabemos se o chá era realmente mortal ou não (não me surpreenderia se fosse, afinal, sabemos muito bem o que significava ser pobre no Brasil imperial). Só não podemos nos esquecer que essa prática, com toda a certeza, é feita no Brasil de hoje. basta lembrarmos daquele caso do enfermeiro há, se não me engano, 10 anos atrás, que dava o "chazinho da meia-noite" para assassinar os pacientes em melhor estado, para assim, ganhar a comissão das funerárias.
Isso e uma coisa ridicula porque ninguem tem o direito de tira a vida de ninguem tinha de ser o BRASIL um pais FUDIDO para praticar uma coisa dessas..
O CHÁ DA MEIA NOITE RETORNOU - após pequena cirurgia e dias de quarto meu pai foi levado a CTI por estar com dores no peito, nas 1a.24h se restabeleceu, no 2o e 3o dia recebeu alta e a o hospital São Bernardo ABC, disse q o transferiria pra outra cidade pq não havia mais quartos lá pra ele. Ligamos pro convenio que negou a informação do hospital mas dissemos q ele ficaria a pgto no mesmo. No terceiro dia apos receber alta do medico na CTI fizeram ele assinar um termo q nao queria ser transferido pra outra cidade. Ele estava muito bem temos até foto dele na CTI,batidas as 21:30h as 00:15 minutos ligaram que ele tinha morrido. Não tenho a menor duvida que ele morreu pq daria despesa pra intermédica.
NOS DIAS DE HOJE ESTE CHA DA MEIA NOITE É MAIS COMUM DO SE PENSA, MULHERES QUERENDO RECEBER A PENSSÃO DO MARIDO,USA UM VENENO CHAMADO ARSÉNIO, O TROUXA MORRE E FICA POR ISTO MESMO. PORQUE TUDO QUE UMA MULHER FAZER É LICTO, PORQUE ELAS TEM DELEGACIA DA MULHER A MIDIA, POLICOS, ETC... QUE AS DEFENDEM EM TUDO, DE FORMA INCODICIONAL. PARA O HOMEM SÓ RESTA REZAR, QUE TUDO QUE UMA MULHER FAZER A CULPA É SEMPRE DO HOMEM O HOMEM SERA SEMPRE O VILÃO E AS MULHERES O QUEREM TRATAR COMO SE FOSSE UM CACHORRO DE RUA, PIOR QUE ISTO UM INIMIGO DE MORTE, INFELIZ DO TROUXA DE DEIXA SUA MULHER MANDAR É MESMA COISA QUE ASSSINAR O NOME NO LIVRO DO DIABO, RECOMENDO AOS HOMENS QUE VEJA BLOG BÚFALO E MACHIMO ESCLARECIDO, PARA APREDEREM UM POUCO A SE DEFENDER DO FEMINISMO, OBRIGADO
Meu avô teve esse triste fim. Morreu em 1932 em um hospital psiquiátrico, minha família perdeu tudo já que era pago mas mesmo assim lhe deram o chá.
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