Assunto recorrente em meus textos, já publiquei vários posts sobre cães. Os canídeos foram aqui lembrados desde quando o homem domesticou os lobos asiáticos, depois, através de cruzamentos seletivos, criou variedades que atendessem sua necessidade de segurança e companhia até obter as centenas de “raças” atuais. Hoje quero falar sobre mais uma dessas interferências evolutivas humanas, a que criou os “Sheepdogs” ou cães pastores. Para meu propósito estou me valendo de observações de ninguém menos que Charles Darwin, publicadas no seu relato de viagem a bordo do Beagle ao redor mundo. Viagem que rendeu o fundamental, “A origem das espécies”, o qual revolucionou a maneira que o mundo via a vida no Planeta.
Se o objetivo do homem era criar um cachorro de guarda, por exemplo, ele selecionava entre as crias aqueles indivíduos robustos que apresentassem agressividade e fidelidade a seus donos e os cruzava até que, gerações depois, tivesse conseguido descendentes com aquelas qualidades. Se era outra a intenção, o cruzamento se fazia em outra direção, mas, sempre que necessário, havia treinamento no sentido de aperfeiçoar os dotes congênitos do animal. Pra se obterem cães pastores não é diferente. Segundo Darwin, são escolhidos cães de certa raça pelas suas características físicas, que apresentem traços gregários, sejam fortes, resistentes ao frio e muito fiéis ao bando ao qual pertencem. Feita a seleção, inicia-se a educação que consiste em separar o filhote, ainda muito jovem, da mãe e acostumá-lo com seus futuros companheiros, ou seja, as ovelhas. Uma ovelha é oferecida ao filhotinho para que ele mame três ou quatro vezes ao dia, e um ninho de lã é feito junto as suas companheiras, de forma a integrá-lo completamente ao rebanho. Em nenhum momento lhe é permitido associar-se a outros cães. Além disso, o filhote é castrado para evitar que quando crescido tenha qualquer sentimento para com os da sua espécie. Como resultado dessa educação ele não desenvolve nenhum desejo de abandonar o bando de ovelhas, e como qualquer cachorro defende aquele que lhe é próximo, o Sheepdog defenderá sua “família”, as ovelhas. É interessante observar, quando algum estranho se aproxima das ovelhas, o cão imediatamente avança latindo, e as ovelhas todas se unem atrás deles, como se seguindo o chefe.
Esses cães também são treinados para trazer para casa, a determinada hora do dia, suas companheiras. Em geral, quando ainda muito novos, em treinamento, esses cachorros têm a tendência de brincar com ovelhas, como fariam com os da sua espécie, costume que desaparece com o tempo, mesmo porque as ovelhas não o estimulam.
O cão pastor vem todos os dias para casa para alimentar-se e, assim que come, retorna para companhia das ovelhas. Nessas ocasiões, seja pelo cheiro ou por outro motivo, os cães da casa tratam o Sheepdog como um estranho, um animal de espécie diferente, avançam sobre ele e o escorraçam. O cão pastor corre para seu bando e, chegando lá, imediatamente enfrenta seus perseguidores, protegido pelas companheiras ovelhas, os cachorros caseiros se veem em menor número e fogem. Do mesmo modo, até uma matilha de lobos se vê intimidada a atacar um rebanho protegido por apenas um cão que seja. Parece que as outras espécies estabelecem uma noção confusa de bando, se um cão bravo se julga fazendo parte de um rebanho de ovelhas, os demais também o fazem, julgam que o bando todo é composto de cães perigosos, assim, nenhum animal hostil se aproxima das ovelhas protegidas pelo Sheepdog.
Cientistas concordam que os animais facilmente domesticáveis consideram o homem um membro de sua própria sociedade e, assim, preenchem seu instinto de associação. No caso do cão pastor, ele coloca as ovelhas como suas iguais e assim ganha confiança; e os lobos, embora sabendo que as ovelhas individualmente não são cães, e que inclusive são apetitosas, acabam, no entanto, consentindo que elas adquirem um novo status, quando na companhia de um cão pastor, passam a ser cães honorários por assim dizer.
Se o objetivo do homem era criar um cachorro de guarda, por exemplo, ele selecionava entre as crias aqueles indivíduos robustos que apresentassem agressividade e fidelidade a seus donos e os cruzava até que, gerações depois, tivesse conseguido descendentes com aquelas qualidades. Se era outra a intenção, o cruzamento se fazia em outra direção, mas, sempre que necessário, havia treinamento no sentido de aperfeiçoar os dotes congênitos do animal. Pra se obterem cães pastores não é diferente. Segundo Darwin, são escolhidos cães de certa raça pelas suas características físicas, que apresentem traços gregários, sejam fortes, resistentes ao frio e muito fiéis ao bando ao qual pertencem. Feita a seleção, inicia-se a educação que consiste em separar o filhote, ainda muito jovem, da mãe e acostumá-lo com seus futuros companheiros, ou seja, as ovelhas. Uma ovelha é oferecida ao filhotinho para que ele mame três ou quatro vezes ao dia, e um ninho de lã é feito junto as suas companheiras, de forma a integrá-lo completamente ao rebanho. Em nenhum momento lhe é permitido associar-se a outros cães. Além disso, o filhote é castrado para evitar que quando crescido tenha qualquer sentimento para com os da sua espécie. Como resultado dessa educação ele não desenvolve nenhum desejo de abandonar o bando de ovelhas, e como qualquer cachorro defende aquele que lhe é próximo, o Sheepdog defenderá sua “família”, as ovelhas. É interessante observar, quando algum estranho se aproxima das ovelhas, o cão imediatamente avança latindo, e as ovelhas todas se unem atrás deles, como se seguindo o chefe.
Esses cães também são treinados para trazer para casa, a determinada hora do dia, suas companheiras. Em geral, quando ainda muito novos, em treinamento, esses cachorros têm a tendência de brincar com ovelhas, como fariam com os da sua espécie, costume que desaparece com o tempo, mesmo porque as ovelhas não o estimulam.
O cão pastor vem todos os dias para casa para alimentar-se e, assim que come, retorna para companhia das ovelhas. Nessas ocasiões, seja pelo cheiro ou por outro motivo, os cães da casa tratam o Sheepdog como um estranho, um animal de espécie diferente, avançam sobre ele e o escorraçam. O cão pastor corre para seu bando e, chegando lá, imediatamente enfrenta seus perseguidores, protegido pelas companheiras ovelhas, os cachorros caseiros se veem em menor número e fogem. Do mesmo modo, até uma matilha de lobos se vê intimidada a atacar um rebanho protegido por apenas um cão que seja. Parece que as outras espécies estabelecem uma noção confusa de bando, se um cão bravo se julga fazendo parte de um rebanho de ovelhas, os demais também o fazem, julgam que o bando todo é composto de cães perigosos, assim, nenhum animal hostil se aproxima das ovelhas protegidas pelo Sheepdog.
Cientistas concordam que os animais facilmente domesticáveis consideram o homem um membro de sua própria sociedade e, assim, preenchem seu instinto de associação. No caso do cão pastor, ele coloca as ovelhas como suas iguais e assim ganha confiança; e os lobos, embora sabendo que as ovelhas individualmente não são cães, e que inclusive são apetitosas, acabam, no entanto, consentindo que elas adquirem um novo status, quando na companhia de um cão pastor, passam a ser cães honorários por assim dizer.
Neste ponto das observações Darwin não tira qualquer conclusão que possa nos trazer subsídio para entendermos melhor o que ele chama de seleção humana, seleção não natural que “força” cruzamentos para obter resultado desejado. Contudo, pelo que podemos deduzir de outros livros do mesmo autor, há uma evolução comportamental das espécies envolvidas no processo, de tal modo que a partir dessa seleção ocorrem novas relações entre os grupos, que se tornam comportamentos padrões. Embora seja discutível que os cães selecionados pelo homem se constituam raça, e não variedades como seria normal, os Sheepdogs estão entre os cães que mais diferem no tocante ao relacionamento com outros de sua espécie. Tornando-se racional inferir que cães pastores constituem os mais bem sucedidos exemplos de seleção não natural que deram certo. JAIR, Floripa, 12/03/10.
7 comentários:
Gostei, mas tenho uma dúvida: creio que a castração dos machos jovens se limitava aos destinados ao tabalho. O melhor macho da ninhada era reservado à reprodução seletiva. Estou certo?
Perfeitamente, os machos melhores dotados geneticamente eram destinados à reprodução. Bem observado.
Mais cães, JAIR? Adorei, sou fã tanto desses melhores amigos do homem, quanto dos teus textos.
Muito interessante, Jair.
Eu, que tenho particular simpatia pelos os cães, desconhecia este comportamento induzido nos cães pastores, que viram "ovelhas-líderes" e tornam as ovelhas "cães honorários".
Os pobre lobos devem ficar confusos com este comportamento dos seus primos!
Puxa, achei excelente seu texto sobre Cães Pastores.
Você viu a repercussão na imprensa um caso de abandono na sua cidade ?
Veja o link abaixo:
http://www.youtube.com/results?search_query=guimaraes2609&search_type=&aq=f
Tenho como ter sua opinião ? Um pastor de Shetland viveu os seus 2 anos e 1/2 com um dono que por situações diversas, deixou-o com um casal de amigos que possuíam outros dois cães da mesma raça. Mesmo após dois anos com a outra família o pastor reconheceu o primeiro dono com manifestação intensa, grande euforia; deixou todos os outros de lado. Na visita à casa de seu "dono" se comportou como se nada tivesse mudado. Seria errado retornar ao seu lar original mesmo sem cachorros ?
Os cães, quaisquer sejam suas raças, mantêm fidelidade por aqueles que lhes trataram bem. No caso citado por você, o cão lembrava do dono porque lá ele foi bem tratado.
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