Dante Castelani, o qual tenho a honra de considerar amigo, é um artista muito talentoso. Com mais de 20 anos como escultor criando obras com suavidade e movimentos de sensualidade marcante, ele está entre os grandes escultores do País. Radicado em Floripa, onde, numa oficina bem montada executa suas obras, vive exclusivamente de seu trabalho. Dedica-se a memorizar com criatividade e técnica apuradas, principalmente formas femininas, em pedra, madeira e terracota. Suas esculturas em pedra sabão e alabastro são cotadas em dólares e muitas delas encontram-se em casas particulares e órgãos públicos na Europa e nos EUA. Hoje, pode-se dizer, Castelani é homem e artista realizado, mas nem sempre foi assim. Nascido e criado em Porto Alegre, Castelani, de origem modesta, trabalhou desde muito jovem sem escolher onde nem em quê, visto que o trabalho fazia parte da vida e esta só era possível através daquele. Nem de longe tinha qualquer contato com criação e arte.
Já adulto, de espírito empreendedor que era, montou uma modesta indústria de conservas onde, depois de anos de labuta pesada, já empregava quinze operários. Sua empresa estava andando bem, até que um desses malfadados planos econômicos de “salvadores da Pátria”, a colocou a nocaute. Mais precisamente o Plano Sarney, que congelou preços das mercadorias, confiscou bois no pasto e emitiu moeda em profusão acelerando a inflação, foi o perverso algoz que quebrou as pernas de sua indústria e o colocou na lista dos perdedores.
Sem dinheiro, com dívidas insaldáveis e sem perspectivas, ele caiu em depressão profunda; recolheu-se a sua casa onde vegetou por alguns meses, sem ver pessoas, sem ver televisão, sem ler jornais, sem qualquer atividade. Depois de algum tempo, como terapia ocupacional auto imposta, muniu-se de formão e martelo e, trabalhando pedaços de madeira de demolição, começou a dar formas a esse material. Esculpia figuras, principalmente de mulheres nuas. Por um desses casuais encontros que a vida promove, um colecionador de arte de São Paulo deparou-se com as obras de Castelani e comprou-as todas, com entusiasmo de quem encontrou uma mina de ouro. Foi aí que Castelani teve sua epifania: Ele nunca fora industrial ou comerciante, ele era um ESCULTOR NATO!
Consciente de sua recém descoberta virtude, partiu para aperfeiçoar sua técnica, diversificar o material a ser usado e colocar suas criações “na vitrine”, em exposições coletivas e individuais. Um grande talento, até então insuspeitado que se escondia embaixo do enganoso verniz de empresário, aflorou com toda força.
Igual a um conto de final feliz, a sociedade perdeu o empreendedor frustrado e ganhou o escultor que retira da matéria bruta formas glamurosas e sensuais que lá se escondem. Para felicidade de Floripa, foi aqui que o Dante encontrou um nicho artístico vago e para onde se mudou com a família, cinzéis, formões, martelos, cabeça cheia de ideias e formas e mãos prontas para a criação. Como estamos carecas de saber, esses planos econômicos malucos normalmente trazem caos e insegurança, mas, excepcionalmente, podem trazer algumas ótimas surpresas. O profícuo escultor Castelani é prova disso. JAIR, Floripa, 13/02/10.
Sem dinheiro, com dívidas insaldáveis e sem perspectivas, ele caiu em depressão profunda; recolheu-se a sua casa onde vegetou por alguns meses, sem ver pessoas, sem ver televisão, sem ler jornais, sem qualquer atividade. Depois de algum tempo, como terapia ocupacional auto imposta, muniu-se de formão e martelo e, trabalhando pedaços de madeira de demolição, começou a dar formas a esse material. Esculpia figuras, principalmente de mulheres nuas. Por um desses casuais encontros que a vida promove, um colecionador de arte de São Paulo deparou-se com as obras de Castelani e comprou-as todas, com entusiasmo de quem encontrou uma mina de ouro. Foi aí que Castelani teve sua epifania: Ele nunca fora industrial ou comerciante, ele era um ESCULTOR NATO!
Consciente de sua recém descoberta virtude, partiu para aperfeiçoar sua técnica, diversificar o material a ser usado e colocar suas criações “na vitrine”, em exposições coletivas e individuais. Um grande talento, até então insuspeitado que se escondia embaixo do enganoso verniz de empresário, aflorou com toda força.
Igual a um conto de final feliz, a sociedade perdeu o empreendedor frustrado e ganhou o escultor que retira da matéria bruta formas glamurosas e sensuais que lá se escondem. Para felicidade de Floripa, foi aqui que o Dante encontrou um nicho artístico vago e para onde se mudou com a família, cinzéis, formões, martelos, cabeça cheia de ideias e formas e mãos prontas para a criação. Como estamos carecas de saber, esses planos econômicos malucos normalmente trazem caos e insegurança, mas, excepcionalmente, podem trazer algumas ótimas surpresas. O profícuo escultor Castelani é prova disso. JAIR, Floripa, 13/02/10.
4 comentários:
Conheço os trabalhos desse artista e concordo que é um dos maiores do Brasil. Parabéns pelo texto.
Quando eu vejo um bloco de pedra ou um pedaço de madeira é só isso que vejo. Como é que ele sabe que tem uma mulher presa lá dentro? Como é que ele consegue libertar essa mulher?
Posso moldar do barro uma figura feminina, mas não consigo lhe dar vida. Para isso, só o sopro de Deus ou a mão do artista. Privilégios do criador...
Fico conhecendo um artista que me ia escapulindo. Obrgado, Jair.
Bonitas as esculturas!!!
Olá Jair, tudo bem...
Que incrível essa sua história...O surgimento de um artista e o desabrochar de sua arte.
Comecei a olhar com outros olhos os atormentadores planos econômicos realizados no Brasil em tempos passados. Pelo menos para alguma coisa esses planos serviram...
As obras do artista são incríveis...Obrigado pela dica cultural.
Abraço
Tais
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