quarta-feira, 3 de março de 2010

MUMISMÁTICA - 2


DINHEIRO DIFERENTE
Cédula de dez mil réis emitida em 1926. Consta que a jovem que serviu de modelo para a efígie era "protegida" de um prócer da República. Seja verdade ou não, o fato é a bonita modelo se imortalizou numa série de notas fabricadas pela American Bank Note Company.

DINHEIRO -
Em economia, meio de troca convencional, na forma de moedas ou cédulas, usado na compra de bens, serviços, força de trabalho, divisas estrangeiras ou nas transações financeiras, emitido e controlado pelo governo de cada país, que é o único que pode emiti-lo e fixar seu valor.
Na minha extensa e intensa convivência com o mundo numismático, tive oportunidade de conhecer os apaixonados (como eu) e estranhos cultores do dinheiro, bem como as mais esdrúxulas moedas e notas deste país. Não por acaso, nas minhas buscas e pesquisas acabei encontrando em Manaus três notas que, a rigor, não deveriam circular como dinheiro, mas na prática o faziam sem pudor. Durante o Ciclo da Borracha, as empresas que exploravam o látex da Amazônia legal, quando necessitavam de dinheiro para investimento, recorriam a um banco com toda probabilidade de ser fictício chamado: "London and Brazilian Bank Limited". Esse banco emprestava dinheiro às empresas mediante a emissão de apólices que o estado do Amazonas se comprometia em pagar. Quando da emissão, os empresários pagavam seus fornecedores e a mão-de-obra com as células e estas circulavam livremente entre a população envolvida de modo que eram dinheiro de fato, embora seja discutível se o eram de jure. Ribeirinhos, seringueiros, fornecedores de víveres, barqueiros e toda gente que vivia em função da borracha usava esse dinheiro não respaldado pelo poder federal. Vejamos as estampas abaixo.

Cédula emitida em 1904, no valor de uma libra, quatorze shillings e seis pence. Não me perguntem como se fazia a conversão para milréis nessa época. Havia garantia que o estado do Amazonas honraria o valor de face mais cinco por cento em seis meses.


Cédula também de 1904 só que de valor, duas libras, oito shillings e quatro pence. A estampagem de todas as notas é de "Western Bank Note Company Chicago" e, apesar do papel ser ruim, a impressão é excelente.




As informações contidas nas células são bilingues, inglês à esquerda e português à direita. A garantia diz, (sic): "dinheiro esterlino, relativos aos juros de cinco por cento durante seis mezes vencidos no mesmo dia sobre o capital não resgatado desta do emprestimo esterlino de 1902, e amortização de um trigesimo do capital originario nos termos da dita apolice e acordo nela mencionado. Este cupom é negociavel em todas as sucursais do London and Brazilian Bank, Limited" Esta cédula emitida em 1906 é de cinco libras, onze shillings e oito pence.
É isso aí, JAIR, Floripa, 05/02/10.

4 comentários:

R. R. Barcellos disse...

Bela matéria, assim como a anterior. Sem querer ser chato, mas sendo: "pences"? Pence já não é plural? Pence, Jair, pence... com perdão do infame trocadilho.
Ontem, iniciei um passeio pelo teu blog pensador, desde a primeira postagem. Pretendo encerrar esse tour ainda hoje, mas vou avisando desde já que estou tomando notas de trechos inspiradores para uma possível abordagem sob um ponto de vista diferente. Parabéns pelo conjunto da obra.
Abraços.

JAIRCLOPES disse...

Obrigado pela observação, os "pence" foram reduzidos às suas insignificâncias...

Voluzia disse...

Bem interessante, como sempre.

Leonel disse...

Jair, apesar dos "pences" ou "pence", que não escaparam aos aguçados sentidos do nosso amigo Barcellos, eu gostei muito da matéria!
Estudando essas notas, pode-se ter uma janela para as cenas de uma realidade que hoje seria totalmente esquecida, se não fosse por elas.
Dinheiro também é um assunto fascinante, pelas emoções que desperta no ser humano!
Tanto que quem o rasga é diagnosticado como maluco!