quinta-feira, 9 de maio de 2013

Havaí



Estou aqui no meio do Pacífico, no arquipélago do Havaí, ilha Maui, para onde vim, juntamente com minha mulher, para o casamento de nosso filho Adriano. Claro, para todo mundo que já viu no cinema aqueles filmes nos quais oliúde foca a excentricidade da cultura de um antigo povo polinésio que aqui aportou há milhares de anos, o Havaí é hula-hula; mulheres sensuais exbindo-se quase nuas para turistas excitados; sarongues e colares de flores.  Para os mais ligados aos novos tempos, Havaí é onde nasceu Barak Obama, único presidente norte americano a ter nascido neste arquipélago, ou grandes ondas dos sonhos de surfistas do Planeta inteiro.
Da história muito pouco se sabe. A maioria lembra que foi aqui que começou a guerra entre os EUA e os Japoneses depois que estes atacaram a chamada Frota do Pacífico no dia 07 de dezembro de 1941, afundando diversos navios, danificando muitos outros e matando cerca de 2400 militares que serviam na Base de Peal Harbor. Mas, não parece estranho que norte-americanos tenham um estado ilhéu extracontinental a mais de 3200 quilômetros do continente? Pois é, o arquipélago que possui 132 ilhas com oito delas habitadas desde que navegadores polinésios por aqui atracaram há milhares de anos e formaram uma  civilização sob regime de um rei, é estado norte americano.
Ao longo dos séculos vários navegantes ingleses, franceses, holandeses, portugueses e até alemães “descobriram” as ilhas por diversas vezes. Mas foi o comandante inglês James Cook o primeiro a desembarcar em 18 de janeiro de 1778. Portanto, a Cook é creditada a descoberta do arquipélago por ter sido o primeiro a registrar oficialmente o encontro, bem como o primeiro a fornecer as suas coordenadas geográficas. Cook nomeou o arquipélago de Ilhas Sanduíche, em homenagem ao Duque de Sandwich, um lorde britânico, nome este que por vezes ainda é utilizado em alguns atlas.
Depois dessas visitas não especialmente bem vindas, os europeus passaram a fazer das ilhas um ponto de abastecimento em  seus deslocamentos através do pacífico, dando assim oportunidade para que os ilhéus fizessem negócios com eles. Os havaianos então tornaram-se fornecedores de madeira, frutas e água para os navegantes. Passaram a ser exportadores de madeira até para o Japão, de modo que acabaram com as florestas das ilhas.
Geologicamente o arquipélago é relativamente novo, tem pouco mais de cinquenta milhões de anos e ainda está em formação. Está sendo “vomitado” do manto terrestre por vulcões que se formam no que os geólogos chamam de “ponto quente” no fundo do oceano. Na medida em que a placa oceânica se move para o noroeste o ponto quente vai formando as ilhas numa sequência. Hoje quem está em “construindo” a última ilha – Big Island - é o Kilauea, o vulcão mais ativo do mundo e um espetáculo que nos próximos dias vou conhecer de perto. Estou com uma excursão programada para visitá-lo.
Pois bem, então estavam os havaianos vivendo sua monarquia, vendendo seus produtos para os europeus, sendo visitados por missionários cristãos que os converteram em sua maioria, quando os EUA em 1898, depois de ter vencido a Espanha numa guerra na qual arrancou do inimigo as Filipinas, Porto Rico e Cuba, resolveu avançar um pouco mais nas suas ambições territorialistas e tomou posse do Havai donde não mais saiu.  Depois de algum tempo o conjunto de ilhas tornou-se estado dos EUA e passou a abrigar a maior base aeronaval extracontinental daquele país. A Base de Pearl Harbor tem um imenso significado estratégico para a segurança da Frota do Pacífico dos EUA.
Hoje a  população dessas ilhas é composta pelos descendentes dos antigos moradores, norte americanos migrados para cá ou aqui nascidos e um expressivo contingente de japoneses. Essa miscelânea de povos tão distintos marca indelevelmente a cultura e o estilo de vida deste estado que tem como produtos principais de exportação abacaxi, açúcar de cana e café, aliás, café de excelente qualidade o qual estou levando dois quilos na bagagem para o Brasil.
Pode-se afirmar que o Havaí é o único estado dos EUA com cara própria, o comportamento do povo daqui foge completamente dos jeitões quase estereotipados dos norte americanos continentais. O uso do idioma havaiano é tão difundido que existe até estações de TV e rádios transmitindo nessa língua full time. Contudo, ainda que o status de estado dê a estes pedaços de terra perdidos no mar o mesmo padrão de vida e as mesmas facilidades dos estados continentais, ainda existe um pequeno ressaibo de mágoa nos havaianos. Quando os “nativos” se referem aos EUA continental, dizem com certa ironia: Main land, de forma meio enfática estabelecendo que aqui eles são diferentes, cidadãos menores do império. Algo assim como o Brasil colônia se referia à matriz, Portugal. Aloha! JAIR, Havaí, 10/05/13. 

7 comentários:

Anônimo disse...

Gostei de ler o postado. Que tudo se realeze a contento! Parabéns aos nubentes!Qbç!

Leonel disse...

Primeiramente, parabéns aos noivos!
Um casamento "oliudiano"!
Não vai tomar uns gorós e cair pela borda do vulcão, meu amigo!
Um abração cheio de inveja!

R. R. Barcellos disse...

Parabéns às famílias, amigo! Abraços!
PS: Desligue o recurso "autocompletar" do seu editor. Ele está transformando havaianos em haitianos.
Aloha!

regina ragazzi disse...

Um belo lugar com certeza. Muito a se ver ne poeta. Aproveite bastante aí com sua esposa. Felcidades aos noivos. Abraços!!

Diana L. Ramos disse...

Felicidades aos noivos!
Gostei muito do post, por um momento transportei-me para aí e curti a atmosfera do lugar.Abração.

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jair,
obrigado pelo passeio ao Havai. Felicidade aos nubentes,
attico chassot

Rui Morel Carneiro disse...

Olá Jair,
me senti atraído a fazer um comentário aqui, por dois fatos em comum: gosto de blogs e morei em Palmeira. Estou seguindo seu blog, ao qual parabenizo pela qualidade e suas perfeitas colocações.
Parabéns.