Mais de dois mil e
novecentos servidores do Congresso Nacional ganham salários acima do teto
estabelecido pela Constituição de 1988. Pela Magna Carta, nenhum servidor
federal, estadual ou municipal poderá ganhar mais que o salário do presidente
da República – que no caso da Dilma é: R$
26.723,13, Salário líquido R$ 19.818.
Ora, a imprensa
noticiou que há servidores – 2976 para ser preciso - na Câmara e no Senado com
salários bem acima de R$ 50.000,00, alguns alcançam a astronômica cifra de R$
88.000,00 líquidos. Diante da denúncia, Renan Calheiros se “apressou” em baixar
os mega salários ao teto estipulado pela Constituição. Tudo bem, então? Não.
Advogados dos marajás às custas dos impostos que saem dos nossos bolsos, entraram
com mandato junto TSJ pedindo que os tais sem vergonha não tivessem seus escandalosos salários rebaixados. O TSJ acatou a liminar e devolveu o processo
ao Congresso alegando que os pobres servidores não foram ouvidos a respeito. Ouvidos?
Deviam é ser demitidos esses salafrários! Desde quando o que estabelece a
Constituição pode ser questionado por um magistrado do TSJ?
Então nada mais se
falou no assunto e tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Os super
salários continuam, este é um ano eleitoral e, mais importante, ano que se
realiza a copa do mundo de futebol no país da impunidade e da desigualdade
social centenária. Nosso Congresso, o mais caro do Planeta, se servisse o público contribuinte de acordo com o que ganham seus servidores, teria uma eficiência melhor que os congressos escandinavos, não, como é o caso, menor que o congresso boliviano onde os senadores são vitalícios e nomeados pelo executivo. Os marajás vão se aposentar com seus salários intocados e nós
continuaremos pagando a conta, como soe acontecer onde o povo é apenas gado a ser conduzido para o matadouro.
Assim, na ilha da
fantasia lá no planalto central continua a festança com nosso dinheiro; os
hospitais públicos continuam a matança de pobres nos seus corredores; os
políticos continuam aperfeiçoando a arte de roubar e o povo continua na mesma,
ou seja, na merda.
Enquanto isso, à
parte os bilhões que foram investidos pelo poder público em construções malfeitas de
estádios, acessos canhestros aos estádios, reformas meia boca de aeroportos e infra estruturas que
ninguém vê, as mídias investem pesado na lavagem cerebral de nós todos tentando
convencer-nos que tudo isso é bom para o país, para o povo. Me poupem, isso
tudo é panem et circenses que já não deu certo
no império romano e, espero, que não dará certo aqui no Pindorama.
Gosto
de futebol, assisto partidas das copas mundiais com prazer, mas, desta vez,
perdoem-me os aficionados não existe clima para torcer pelo time canarinho, espero
que o futebol brasileiro seja eliminado já na primeira fase, os contestadores
desse vergonhoso gasto público merecem ver essa derrota em prol de suas
reivindicações. Como será impossivel não ser envolvido pela “atmosfera”
futebolística vou torcer pelas seleções da Costa do Marfim, Nigéria e Camarões.
Vou torcer de fato, não da boca prá fora. Para selar minha adesão a essas
seleções cometi até um soneto meio espúrio:
À frente África!
Costa do Marfim,
Nigéria e Camarões
Dos africanos sou
um torcedor antigo
Torço desde
criancinha por azarões
E vê-los disputando
as finais consigo.
Prá frente África
de gazelas e leões!
Que foi o mais
explorado continente
Europeus com
caravelas e galeões
Levaram riqueza,
escravizaram gente.
Eu quero vê-los
impor-se no tapete
Mostrar aos
branquelos seu traquejo
Na grama a bola, no
pé um foguete,
No fundo da rede a
Brazuca eu vejo.
Está na hora de
descerem o porrete
Nos europeus gols façam de sobejo.
Nos europeus gols façam de sobejo.
Jair, Floripa, 28/05/14.
PS - Pela segunda vez, fomos - minha mulher e eu - convidados a morar na Austrália, com visto de residência permanente. De tanto ver as iniquidades tupiniquins, estamos considerando o convite finalmente.