Durante alguns anos, quando morei em casa térrea, fui um apaixonado colecionador de orquídeas. Montei um espaço apropriado em meu quintal ao qual dei o nome de “Orquidário Dedo Verde” em homenagem ao livro “O menino do dedo verde”, de Maurice Druon. Li tudo que podia sobre essas fascinantes plantas, visitei orquidários e exposições, frequentei sociedades orquidófilas, comprei, colhi, plantei, reproduzi, importei e cuidei dessas que são as mais belas flores que a natureza já produziu. Confesso que, por um bom tempo, mergulhei de corpo e alma no hobby, fui um orquidófilo dedicado e imerso até o pescoço na botânica e, especialmente, na família Orchidae, que é onde estão classificadas as orquídeas.
A Orchidae é, provavelmente, a maior família das angiosperma. Lembrando que angiospermas são plantas que produzem sementes em um ovário, como as rosas, por exemplo. A ciência já descreveu, até o momento, 25 mil espécies de orquídeas, sendo atribuída aos orquidófilos a produção da metade desse número, por hibridização.
Mas, o que é uma orquídea? É uma planta superior – que possui raízes, caule, folhas, flores e sementes – distribuída por todos os continentes à exceção da Antártida. Possui flores que além de três pétalas geralmente separadas e coloridas, têm três sépalas, também coloridas, que fazem parte do conjunto. E é essa flor, geralmente muito atraente, que define a planta, TODAS as orquídeas têm flores com estas características.
A variedade de tamanho da planta, as formas e as cores das flores e os habitats onde elas são encontradas, fascinam o homem desde que este descobriu a existência de tão bela criatura. Existem plantas de mais de três metros de altura como a Selenipedium; com vinte metros ou mais como a Vanilla, – de cujas sementes se extrai o produto baunilha usado na culinária e fabricação de doces - a qual forma uma espécie de cipó que se agarra às arvores; e a Ornithocephalus, por exemplo, que não passa de 5 centímetros a planta, com flores de seis milímetros. Em relação ao ambiente que as orquídeas vivem, pode-se classificá-las em três grupos, embora algumas espécies apareçam em mais de um grupo, às vezes: epífitas ou dendrobatas, são as que nascem em árvores; terrestres, no chão, que pode ser areia, humus ou terra; e as rupestres que se desenvolvem em pedras. Todas são necrófitas, ou seja, suas raízes alimentam-se de matéria morta, não procedendo, portanto, o hábito popular de chamá-las “parasitas”, pois estas são uma família de plantas que prejudicam seu hospedeiro alimentando-se de sua seiva.
Dentro desse universo magnífico e grandioso, fiquei fascinado pelas orquídeas exóticas e pelas mini-orquídeas, e a elas dediquei meus estudos mais profundos, meu tempo mais precioso e minhas buscas mais tenazes.
Como nem tudo acontece como a gente planeja ou deseja, um dia mudei de casa térrea para apartamento e minhas orquídeas tiveram que ser realocadas para o sítio de uma amiga, onde ora se encontram felizes e saudáveis como merecem estar. JAIR, Floripa, 25/02/10.
Vanilla subindo na hospedeira
Mas, o que é uma orquídea? É uma planta superior – que possui raízes, caule, folhas, flores e sementes – distribuída por todos os continentes à exceção da Antártida. Possui flores que além de três pétalas geralmente separadas e coloridas, têm três sépalas, também coloridas, que fazem parte do conjunto. E é essa flor, geralmente muito atraente, que define a planta, TODAS as orquídeas têm flores com estas características.
Flores da Vanilla
A variedade de tamanho da planta, as formas e as cores das flores e os habitats onde elas são encontradas, fascinam o homem desde que este descobriu a existência de tão bela criatura. Existem plantas de mais de três metros de altura como a Selenipedium; com vinte metros ou mais como a Vanilla, – de cujas sementes se extrai o produto baunilha usado na culinária e fabricação de doces - a qual forma uma espécie de cipó que se agarra às arvores; e a Ornithocephalus, por exemplo, que não passa de 5 centímetros a planta, com flores de seis milímetros. Em relação ao ambiente que as orquídeas vivem, pode-se classificá-las em três grupos, embora algumas espécies apareçam em mais de um grupo, às vezes: epífitas ou dendrobatas, são as que nascem em árvores; terrestres, no chão, que pode ser areia, humus ou terra; e as rupestres que se desenvolvem em pedras. Todas são necrófitas, ou seja, suas raízes alimentam-se de matéria morta, não procedendo, portanto, o hábito popular de chamá-las “parasitas”, pois estas são uma família de plantas que prejudicam seu hospedeiro alimentando-se de sua seiva.
Dentro desse universo magnífico e grandioso, fiquei fascinado pelas orquídeas exóticas e pelas mini-orquídeas, e a elas dediquei meus estudos mais profundos, meu tempo mais precioso e minhas buscas mais tenazes.
Dockrillia cucumerina, a jóia da corôa de qualquer orquidário
Nas minhas pesquisas livrescas descobri aquela que a maioria dos orquidófilos considera a mais estranha do mundo, e, para meu gáudio, uma das menores também: Dockrillia cucumerina, anteriormente catalogada como Dendobrium cucumerinum, também chamada “orquídea pepino” porque suas “folhas” têm a forma dessa cucurbitácea. Lembrando que as cucurbitáceas são todas as abóboras, melões, melancias, pepinos e semelhantes. Pois bem, essa raridade só vive numa certa porção de floresta tropical no nordeste da Austrália. Que fazer para consegui-la? A solução é viajar para a Austrália, é claro! Foi o que fiz. Aliei visita a meu filho que, por coincidência, morava no nordeste australiano, ao meu desejo de possuir tal excentricidade, viajei para lá e consegui em um orquidário, quatro mudas da cucumerina, foi o ápice de minha busca, foi como encontrar a pedra filosofal para os alquimistas. A delicadíssima Ornithocephalus iridifolius
Ainda bem que não é só viajando para o outro lado do mundo que se consegue essas rarezas. Uma das mais fascinantes e estrambóticas orquídeas é a que tem o estranho nome de Ornithocephalus iridifolius, porque suas pequenas flores de seis milímetros têm semelhança extraordinária com a cabeça de um passarinho, daí o ornithocephalus do nome. Pois é, a literatura coloca algumas espécies dessa fugidia criatura no sul do Brasil, sem especificar o tipo de floresta, a preferência climática ou a altitude que as plantas são encontradas. Acontece que eu morava no norte da ilha de Santa Catarina onde existe um trecho bem conservado de mata atlântica, local no qual eu fazia caminhadas ecológicas, buscava material para esculturas e apreciava as inúmeras orquídeas que lá abundam. Numa dessas incursões encontrei a iridifolius em toda sua pequenez e beleza, em um galho caído, praticamente no quintal de minha casa. Trouxe para minha coleção duas mudas e deixei lá mais de uma dúzia de exemplares. Colecionar sim, depredar a natureza não.Como nem tudo acontece como a gente planeja ou deseja, um dia mudei de casa térrea para apartamento e minhas orquídeas tiveram que ser realocadas para o sítio de uma amiga, onde ora se encontram felizes e saudáveis como merecem estar. JAIR, Floripa, 25/02/10.