Os aviões parecem sólidos, pétreos, firmes, mas na verdade são máquinas frágeis e elegantes. Não é à toa que os aviadores preferem chamá-los de aeronaves, nome feminino mais de acordo com sua natureza débil, seu perfil nobre e suas curvas suaves e, por que não dizer, sensuais. Mesmo aviões imponentes com turbinas enormes e de grande potência como o gigante de transporte militar Galaxy; ou o Airbus 380 com capacidade para mais de quinhentos passageiros, são máquinas meigas e femininas com aparências voluptuosas.
Aeronaves, desde as mais prosaicas e quase artesanais dos primórdios da aviação quando eram confeccionadas de madeira, tela e fios de aço, até as moderníssimas em cujas estruturas entram ligas de carbono e materiais como titânio, têm seu encanto nos contornos sinuosos que não agridem o olhar do mais exigente esteta. Mesmo incorporando tecnologia de ponta, sendo utilizadas para fins de agressões e combates, possuindo potência e capacidade de carga elevadíssimas, elas, as aeronaves, são como esculturas sexis, obras de arte que acariciam olhares e deleitam gostos refinados.
Ao alçarem voo não parecem e nem desejam parecer pássaros altaneiros, pois estes lhes são êmulos de performances inalcansáveis; não voluteiam e nem batem asas; não trafegam por curvas erráticas e nem fazem mudanças bruscas de altitude; pelo contrário, seu itinerário é resoluto, sem inflexões levianas desprovidas de sentido; desenham curvas langorosas e equilibradas, parábolas perfeitas; parecem saber o que querem e aonde vão, não são dispersivas; traçam itinerários observando nuvens e respeitando ventos.
O aviador dentro da aeronave, se funde com ela, passa a ser componente intangível e dissociável da própria máquina. Juntos, avião e piloto parecem um centauro, com uma cabeça minúscula e um corpo enorme que obedece às mínimas vontades da mente que manda. O que resta do corpo do piloto, integrado ao corpo da máquina, move-se em consonância sincrônica com tudo que a máquina faz obedecendo aos comandos que a fazem voar. O piloto sabe que a vida dele depende, justamente, da capacidade da aeronave de aderir a ele como um mecanismo obediente de peças variadas, perfeitamente justapostas e funcionando sem defeitos. Há uma associação de idéias que leva a pensar que o corpo humano se desintegra totalmente, deixando de existir por moto próprio. Mas a mente humana, simbolizada pela cabeça do piloto, continua controlando o corpo mecânico do avião, muito mais poderoso. Então, quando se alcança essa completa unicidade homem/máquina o voo se torna muito mais que um simples deslocamento, perde-se a dimensão clara da velocidade e das distâncias, atinge-se a metafísica.
É lícito supor que alcança-se um nível mágico de interação adimensional, transcendental até. Nesta hora, a máquina fêmea e o piloto viril unem-se em conjunção cósmica que os leva ao êxtase astral além do plano terreno. O avião passa a ter vida exclusiva a qual não se define e nem se explica, apenas se percebe. Neste estágio, a vida da aeronave possui uma alma que, embora efêmera, lhe acrescenta luz própria enquanto existe, enquanto o voo se realiza, enquanto ela flutua no éter invisível que a sustenta.
No ar, as formas do avião são as que menos agridem o céu que não o deseja perturbando suas nuvens e revolvendo sua atmosfera. No solo, ao pousar, a aeronave descansa orgulhosa exibindo suas formas lascivas, sua pele suave, sua geometria limpa, esperançosa que se faça aos ares tão logo seja preparada. Ela não se encontra neste mundo para sofrer os efeitos da gravidade opressora; sentir-se pesadona e apegada ao duro chão que a suporta; ela é uma entidade destinada a ser abraçada pelo vento, envolvida pelas nuvens que a acolhem, e iluminada pelo pela luz crua do sol da alta troposfera. JAIR, Floripa, 23/09/09.
Aeronaves, desde as mais prosaicas e quase artesanais dos primórdios da aviação quando eram confeccionadas de madeira, tela e fios de aço, até as moderníssimas em cujas estruturas entram ligas de carbono e materiais como titânio, têm seu encanto nos contornos sinuosos que não agridem o olhar do mais exigente esteta. Mesmo incorporando tecnologia de ponta, sendo utilizadas para fins de agressões e combates, possuindo potência e capacidade de carga elevadíssimas, elas, as aeronaves, são como esculturas sexis, obras de arte que acariciam olhares e deleitam gostos refinados.
Ao alçarem voo não parecem e nem desejam parecer pássaros altaneiros, pois estes lhes são êmulos de performances inalcansáveis; não voluteiam e nem batem asas; não trafegam por curvas erráticas e nem fazem mudanças bruscas de altitude; pelo contrário, seu itinerário é resoluto, sem inflexões levianas desprovidas de sentido; desenham curvas langorosas e equilibradas, parábolas perfeitas; parecem saber o que querem e aonde vão, não são dispersivas; traçam itinerários observando nuvens e respeitando ventos.
O aviador dentro da aeronave, se funde com ela, passa a ser componente intangível e dissociável da própria máquina. Juntos, avião e piloto parecem um centauro, com uma cabeça minúscula e um corpo enorme que obedece às mínimas vontades da mente que manda. O que resta do corpo do piloto, integrado ao corpo da máquina, move-se em consonância sincrônica com tudo que a máquina faz obedecendo aos comandos que a fazem voar. O piloto sabe que a vida dele depende, justamente, da capacidade da aeronave de aderir a ele como um mecanismo obediente de peças variadas, perfeitamente justapostas e funcionando sem defeitos. Há uma associação de idéias que leva a pensar que o corpo humano se desintegra totalmente, deixando de existir por moto próprio. Mas a mente humana, simbolizada pela cabeça do piloto, continua controlando o corpo mecânico do avião, muito mais poderoso. Então, quando se alcança essa completa unicidade homem/máquina o voo se torna muito mais que um simples deslocamento, perde-se a dimensão clara da velocidade e das distâncias, atinge-se a metafísica.
É lícito supor que alcança-se um nível mágico de interação adimensional, transcendental até. Nesta hora, a máquina fêmea e o piloto viril unem-se em conjunção cósmica que os leva ao êxtase astral além do plano terreno. O avião passa a ter vida exclusiva a qual não se define e nem se explica, apenas se percebe. Neste estágio, a vida da aeronave possui uma alma que, embora efêmera, lhe acrescenta luz própria enquanto existe, enquanto o voo se realiza, enquanto ela flutua no éter invisível que a sustenta.
No ar, as formas do avião são as que menos agridem o céu que não o deseja perturbando suas nuvens e revolvendo sua atmosfera. No solo, ao pousar, a aeronave descansa orgulhosa exibindo suas formas lascivas, sua pele suave, sua geometria limpa, esperançosa que se faça aos ares tão logo seja preparada. Ela não se encontra neste mundo para sofrer os efeitos da gravidade opressora; sentir-se pesadona e apegada ao duro chão que a suporta; ela é uma entidade destinada a ser abraçada pelo vento, envolvida pelas nuvens que a acolhem, e iluminada pelo pela luz crua do sol da alta troposfera. JAIR, Floripa, 23/09/09.