Monteiro
Lobato, o famoso escritor de sobrancelhas hirsutas, bigode chapliniano e ideias racistas, criador do Sítio do Pica-pau
amarelo, foi um nacionalista ferrenho e defendeu desde a década de trinta do
século passado um política petrolífera para o país onde todas as etapas de
produção, desde a prospecção, passando pelo refino e transporte até a
distribuição, fossem dominados e aproveitados por empresas nacionais. Chegou
até lançar em 1931, sua Companhia Petróleos do Brasil, que em apenas quatro
dias teve metade de suas ações subscritas. A companhia de Lobato foi pioneira
em extração de petróleo em solo brasileiro. Em 1936, a 250 metros de
profundidade vê irromper o primeiro jato de gás de petróleo do poço São João,
em Riacho Doce, em Alagoas. Infelizmente, o governo Vargas e os interesses das
grandes companhias multinacionais não se coadunavam com o nacionalismo
lobatiano, de modo que, apesar de grande futuro que apresentava, sua companhia
viu-se boicotada e teve que fechar as portas. Em 1950, inspirados no exemplo de
Monteiro Lobato, os partidos políticos de esquerda e os movimentos sociais
lançaram a campanha de rua em defesa do petróleo. A campanha "O Petróleo é
nosso", empolgou o país e serviu de pretexto para que o Congresso Nacional
aprovasse a legislação sobre o Petróleo que, na última hora, recebeu uma emenda
que criou o monopólio da Petrobrás. Pois bem, “O petróleo é nosso” foi uma
campanha de conscientização que fez o Brasil lembrar que tudo que existe no
subsolo pertence à NAÇÃO. Veja bem, pela Constituição, quem compra um pedaço de
terra de qualquer tamanho, não se adona do que existir abaixo do solo – solo é
aquela fina camada agriculturável que você pode até cavar para fazer um poço, mas
se encontrar uma mina de diamantes, por exemplo, estes não são seus, são da
NAÇÃO, está na Constituição. Então, ficou patente desde então que o que existe
no subsolo do Paraná, do Pará, da Paraíba, do Acre, ou da fazenda do senhor
Sérgio Cabral no interior do Rio de Janeiro, é da NAÇÃO e não de pretensos
donos. Não há razão para brigas, disputas, bate bocas ou baixarias pelo que se
tem embaixo da terra, ponto. Essa gritaria babaca de políticos babacas por
causa de royalties de petróleo encontrado na plataforma continental do País não
tem qualquer sentido, está na Constituição também que somos uma República
Federativa, isto é, uma Nação que se divide em estados administrativos
subordinados à Federação, estados que sequer têm autonomia legislativa plena e
que dependem do poder federal em vários níveis. Ou seja, sem o poder federal os
estados federados não existem. Então, cambada de energúmenos, vão fazer alguma
coisa útil como cortar a grama, lavar o carro ou tirar cera do ouvido e deixem
de falar bobagem! JAIR, Floripa, 18/12/12.
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
domingo, 2 de dezembro de 2012
Yraima
A jovem cientista Yraima
Moura Lopes Cordeiro é membro da Academia Brasileira de Ciências. Doutora em ciências
biológicas, hoje é professora adjunta do Departamento de Fármacos da Faculdade
de Farmácia da UFRJ, universidade pela qual se graduou em ciências biológicas /
modalidade médica e obteve os títulos de mestre e doutora, Summa cum laude, em química biológica.
Lembrando que a ABC
é uma entidade que congrega os melhores e mais expressivos cientistas do país.
Em paralelo, poderíamos dizer que a ABC representa para a ciência pátria o que
a ABL representa para a literatura brasileira, mas com uma importante ressalva.
Enquanto a ABL reúne em sua irmandade esdrúxulas indicações políticas como José
Sarney e Marco Maciel, por exemplo, e outras inexplicáveis como Arnaldo Niskier
e Ivo Pitanguy, a ABC utiliza critérios estritamente técnicos, de modo que seus
membros são todos laureados com, no mínimo, doutorado. Além disso, grande
maioria dos velhinhos membros da ABL, se limita a tomar chá nas reuniões modorrentas
das quintas feiras e se auto louvar pelas obras que produziu. Enquanto a ABC é
conhecida pela atuação firme e produtiva de seus membros nas suas respectivas
áreas de trabalho.
Yraima foi uma
garotinha perfeitamente normal para época e lugar onde nasceu e cresceu. Nasceu
no Rio de Janeiro na década de 70, exatamente dois minutos após sua irmã Naiana,
a qual também é doutora, mas em outra área.
O que faz uma garota
em tudo normal se tornar sumidade em alguma área? A meu ver, seus pais e o
ambiente saudável que a envolveu. Heloisa e Ruy, além de pais convencionais na
educação de seus rebentos, sempre foram leitores vorazes e seletivos, na casa
deles nunca estiveram ausentes bons livros de todas as áreas, bem como horas
regulares de leituras diárias. As gêmeas, e mais o garoto Aimberê que veio
depois, tiveram como referência e “habitat”
um ambiente em que livros faziam parte do mobiliário e eram lidos e manuseados
com familiaridade todos os dias. Assim, quando Yraima ingressou na escola, nunca
se sentiu “obrigada” a estudar, nunca achou que livros e estudos eram chaturas
pelas quais tinha que passar como um sacrifício de vestal, pelo contrário, a
cultura livresca fazia parte de seu DNA familiar e ela nunca teve necessidade se
esforçar muito para adquirir conhecimento. Vale lembrar também que sua infância
foi povoada de aventuras e seres fantásticos, como gnomos, que habitavam o
sítio de seu avô nas noites de verão iluminadas de pirilampos e sonorizadas por
grilos e outros terríveis bichos talvez alienígenas que comiam cérebros de
crianças. Como se vê, uma infância perfeitamente saudável, que ela, a irmã e o
irmão aproveitavam nadando numa piscina natural do sítio, mesmo quando a temperatura
invernal desaconselhava essa prática. Aliás, Yraima é exímia nadadora desde
praticamente o berço, aprendeu a nadar antes de deixar as fraldas.
As férias quase sempre
incluíam dias vividos intensamente em Visconde de Mauá onde rios, cachoeiras e
mata atlântica de transição se conjugam na forma de um quase santuário de
natureza preservada povoada com gente que sabe respeitá-la.
Pois é,
instrumentada com uma infância prenhe de fantasias, espaços e brincadeiras
saudáveis; tendo pais disciplinados que davam valor ao hábito da leitura e aos
estudos; boa aluna que estudou numa escola montessoriana; tendo facilidade para
aprender idiomas – é fluente em várias línguas, inclusive alemão; e tendo gosto
pela ciência desde muito cedo, é plausível e compreensível que hoje esteja ente
os luminares que compõem o plantel da ABC.
Então, Yraima, ao
contrário dos advogados deste Patropi, que ao passar nas provas da OAB passam a
se auto intitular “doutores”, como se tivessem defendido alguma tese, é doutora
De facto e De Jure, pois defendeu tese frente uma banca, tendo feito pesquisas
para seu trabalho até em alemão na própria Alemanha.
Parabéns para essa guria que engrandece a ciência do país e que, por acaso, é minha sobrinha. JAIR,
Floripa, 02/12/12.
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Yraima Moura Lopes Cordeiro
sábado, 10 de novembro de 2012
Dinheiro
Acabo de ler “Família,
afeto e finanças”, livro escrito por meu amigo Olegário e sua mulher Angélica. Trata-se
de escorreita cartilha persuasiva e didática que nos esclarece sobre como nós e
nossas famílias podemos nos relacionar com o dinheiro e seu poder.
Angélica, psicóloga
renomada e esclarecida, nos conduz com maestria pelos tortuosos caminhos que a psique
humana costuma trilhar para acolher ou rejeitar os benefícios, desafios ou
bonificações que esse bem essencial, dinheiro, nos pode trazer.
Olegário, de
formação técnica excelente como aviador, além de ser consultor financeiro, explicita
através de gráficos e argumentos sólidos, pormenorizadamente, todos os meios
que podemos utilizar para otimizar o dinheiro e as finanças para o futuro de
nossa família.
A feliz combinação de
psicologia aplicada e fundamentos econômicos é um caminho seguro para
entendermos que dinheiro e seu uso podem trazer felicidade sim, ao contrário do
que diz o adágio. Não importa quanto temos ou quanto podemos ter, a busca de um
futuro feliz e com disponibilidade de caixa para realizar sonhos é possível e
desejável.
Do livro
depreende-se que dinheiro tem um aspecto dualista: é ferramenta e produto. Como
ferramenta ou instrumento, pode semelhar-se a um martelo, por exemplo, podemos
usá-lo para pregar coisas úteis, para construir, ou podemos dar uma martelada
no dedo, o que não é agradável. Como produto ele tem preço, mercado, liquidez e
lucro ou prejuízo. Podemos “vendê-lo” bem fazendo aplicações que dão lucro
(juros), ou podemos “comprá-lo” a preços mais baixos.
Uma coisa que fica
evidente é que famílias disfuncionais, tendo muito ou pouco dinheiro, sempre
têm uma má relação com ele, e isso se reflete em todo “modus vivendi” que essas famílias assumem. Para haver harmonia
entre membros da família e um possível futuro confortável é preciso que se desmistifique
os preconceitos que rondam o dinheiro em toda sua história. Ele não é intrinsecamente bom ou
ruim, o uso que dele fazemos é que trará resultados bons ou ruins, e pronto.
Recomendo a leitura
de “Família, afeto e finanças” como o melhor livro sobre o tema disponível por
aí. Boa leitura! JAIR, Floripa, 10/11/12.
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Rogério Olegário
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
O Cenote
Turistas nadando no Cenote Ik-Kil
Próximo à
cidade em que vim ao mundo, Palmeira, existe um enorme formação rochosa de
arenito que, onde aflorou, deu origem a Vila Velha, monumentos rochosos
naturais esculpidos por água e ventos; e, onde não é visível, permite a
existência de rios subterrâneos que, eventualmente, formam cavernas, uma das
quais descobri juntamente com meu primo Joel e já a descrevi neste blogue. Pois
bem, os rios subterrâneos tendem a corroer o arenito formando a ditas cavernas
e, em alguns casos, o teto desmorona dando forma a buracos redondos que lá
chamamos de furnas. Bem próximo a Vila Velha existem três furnas, sendo a mais
impressionante um poço circular de oitenta metros de diâmetro com mais de cem
metros de profundidade e cinquenta metros de água.
Na
península de Yucatán acontece algo semelhante, mas em escala centenas de vezes
maior e mais espetacular. A península de Yucatán é uma planície calcária e não
possui córregos ou rios de superfície. Contudo, por ser calcária – e o calcário
é rocha menos resistente que o arenito – há uma profusão de rios subterrâneos.
Mais do que no Paraná os rios da península formam cavernas em maior número e
estas, também em maior número, tendem a desmoronar formando poços arredondados
e profundos, lá chamados cenotes. Esses cenotes – mais de oitocentos - estão
espalhados por toda a península, mas o mais importante chama-se cenote sagrado
de Chichén Itzá e está localizado junto ao sítio arqueológico maya Chichén Itzá
que numa tradução livre quer dizer "boca do poço do Itza".
Os mayas
consideravam que o cenote sagrado era uma das três entradas para o paraíso dos
mortos. Eles acreditavam que podiam se comunicar com os deuses e ancestrais,
oferecendo sacrifícios no cenote. Os Mayas costumavam rezar por colheitas
abundantes, chuvas boas e fortuna. Depois do “descobrimento” até padres
coletavam água do cenote que eles julgavam ser sagrado, para eles a água era
benta. Os sacerdotes mayas lançavam oferendas em forma de cerâmica, peças de
ouro e prata e, eventualmente, prisioneiros sacrificados ao cenote.
Porque a
água dos cenotes é altamente alcalina costuma preservar até objetos perecíveis.
Objetos de madeira, por exemplo, que em outro meio teriam desaparecido, foram
encontrados em boas condições naquela água. A possível existência de valiosos
tesouros no fundo do cenote sagrado aguçou a ganância de exploradores desde que
se descobriu Chichén Itzá. Assim, em 1904, Edward Herbert Thompson, vice-cônsul
dos EUA no México, comprou a área de Chichén Itzá com o único intuito de
prospectar o fundo do cenote sagrado em busca de tesouros mayas. Para isso usou
um sistema de roldanas acionado por motor a vapor que incluía uma série de
grande baldes numa corrente, os quais, como uma draga, iam retirando a lama do
fundo e vertendo-a numa depressão próxima. Em seguida pesquisava-se a lama que
acabou oferecendo uma grande variedade de objetos de madeira, incluindo armas,
cetros, ídolos, ferramentas e jóias. Jade foi a maior categoria de objetos
encontrados seguido de têxteis. A presença de jade, ouro, cobre no cenote
oferece uma prova da importância das Chichén Itzá como um centro cultural.
Nenhuma dessas matérias-primas é nativa do Yucatán, supondo que pessoas (outros
mayas) viajaram para Chichén Itzá de outros lugares da América Central, a fim
de adorar os deuses. Pedra, cerâmica, ossos humanos e conchas também foram
encontrados no cenote. Arqueólogos descobriram que muitos objetos mostram
evidências de serem intencionalmente danificados antes de serem jogados no
cenote, denotando uma ritualidade não muito clara do porquê dessa atitude.
A maioria
das principais descobertas do cenote feitas sob a supervisão de Edward Herbert
Thompson ele vendeu. Oitenta por cento do resultado dessa busca de Thompson
pode ser encontrado no Museu Peabody da Universidade de Harvard, os restantes
vinte por cento foram vendidos para o governo mexicano e se encontram no Museu
Maya na Cidade do México.
Em 1909,
Thompson decidiu mergulhar no cenote para explorar o fundo. Apesar da pouca
visibilidade ele encontrou uma camada de cinco metros de lama que continha
vários objetos de ouro. Em 1961, William Folan, um diretor de campo para o
Instituto Nacional de Antropologia e Historia (INAH), ajudou a lançar outra
expedição ao cenote.
Algumas das
suas descobertas notáveis incluíram um osso com inscrições e uma faca de
obsidiana com cabo de ouro, revestida numa bainha de madeira com mosaico de
jade e turquesa. Em 1967, Román Piña Chán fez outra expedição. Ele tentou dois
novos métodos que muitas pessoas tinham sugerido por um longo tempo: o
esvaziamento da água do cenote e clarificação da água. Ambos os métodos foram
apenas parcialmente bem sucedidos. Apenas cerca de quatro metros de água
puderam ser removidos, o cenote é alimentado por rio subterrâneo que impede seu
esvaziamento total. Também a água foi clarificada por apenas um curto período
de tempo.
Depois
dessas incursões não muito produtivas, o governo mexicano proibiu quaisquer
prospecções no local e o definiu como patrimônio histórico nacional. Tive
oportunidade de visitar o Cenote Ik-kil que está liberado para natação para os
turistas. Para isso, foi construída uma “rampa” em forma de túnel em espiral
que dá acesso ao espelho d’áqua a quase trinta metros de profundidade.
Atualmente, mergulhadores especializados em cavernas costumam explorar outros
cenotes do Yucatán onde têm encontrado ossos de animais pré históricos e
algumas ossadas humanas eventualmente, mas nunca tesouros. JAIR, Floripa,
07/10/12.
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domingo, 7 de outubro de 2012
Os Mayas
Agora em 2012 os
Mayas, mais uma vez, viraram notícia por causa de seu calendário que,
supostamente, marca o fim dos tempos para o dia 21 de dezembro. Objeto de
milhares de conjeturas fantásticas, grande produção de oliúde e saites aos
borbotões, o calendário realmente existe e o original se encontra num museu em
Londres, cópia dele está no Museu Maya na cidade do México.
Estive passeando no
México, na península de Yucatán, e tive oportunidade de ir até Chichén Itzá, local onde se situa a
chamada “cidade Maya” que tem a famosa pirâmide e vários outros monumentos
construídos com fins rituais religiosos nos anos mil de nossa era.
Os Mayas eram um
povo que construiu uma civilização na região de florestas tropicais onde hoje é
a Guatemala, Honduras e Península de Yucatán no México. Este povo desenvolveu
sua fantástica cultura, aparentemente autóctone, a partir de 900 anos antes de
Cristo que durou até em torno do ano 1200 de nossa era quando as camadas mais pobres
do povo revoltaram-se destituindo e matando a nobreza numa espécie de “revolução
francesa” que deu feição de anarquismo à organização que restou. Em seguida,
outros povos invadiram a região e destruíram sua estrutura social. Só restando
a partir daí aldeias isoladas sem qualquer vínculo com a antiga civilização a
não ser a língua e as habilidades artesanais.
O fato é que, apesar
de historiadores e outros estudiosos referirem a um “império Maya”, há indícios
que eles nunca chegaram a formar um império unificado, uma nação com um comando
central e estrutura administrativa que permitisse a existência de um exército
coeso que pudesse defender com eficácia “suas fronteiras”. Parece que essa
falha favoreceu a invasão das terras pelos Toltecas que eram guerreiros mais
organizados. Como é fácil de perceber pelas ruínas dos monumentos que restaram,
as cidades não eram necessariamente locais de residência do povo, elas abrigavam
o núcleo do poder religioso e das decisões políticas da civilização. O povão
morava fora dos muros das cidades e a eles cabia obedecer e pagar impostos. O poder
imperial – uma junta de sacerdotes e gente de sangue azul - era considerado um
representante dos deuses no Planeta Terra. A zona urbana – local onde se
localiza a pirâmide - era habitada apenas pelos nobres (família real),
sacerdotes (responsáveis pelos cultos e saberes), chefes militares e
administradores do império (cobradores de impostos). Vê-se que o Plano Piloto
de Brasília teve uma fonte antiga onde beber. Os camponeses, artesãos e
trabalhadores urbanos que formavam a base da sociedade, não tinham privilégios
só lhes cabia apoiar os nobres. Qualquer semelhança com os decadentes impérios
europeus do século dezenove, talvez seja mera coincidência, mas os efeitos maléficos
que essa estratificação social causou à organização não o é.
A agricultura era a
base da economia, principalmente o cultivo de milho, feijão e batatas. E eles
desenvolveram técnicas de irrigação que eram muito avançadas para a época.
Praticavam o comércio de mercadorias com povos vizinhos e no interior do
império e para isso construíram “estradas” que são perfeitamente detectáveis
ainda. Tive oportunidade de ver uma delas.
Ergueram pirâmides,
templos e palácios, demonstrando um grande avanço arquitetônico. O artesanato
também se destacou: fiação de tecidos, uso de tintas em tecidos e roupas.
Desenvolveram
escrita pictorial na qual os símbolos, a exemplo de nosso alfabeto, representavam
os sons como as letras os representam para nós. Tanto articulado era o idioma
escrito, que hoje é possível representar nosso alfabeto com os hieróglifos
mayas. Isto é, pode-se “escrever” nossas palavras com os símbolos deles sem
qualquer prejuízo para a compreensão. Como a língua maya está viva, não é
difícil comparar suas representações fonéticas com os sons que usamos, há
símbolos para todas as nossas letras.
Transposição dos hieróglifos mayas para nosso alfabeto.
Na matemática usavam
sistema trinário – três dígitos: zero, um e cinco. Antes que alguém ache três
dígitos uma aberração, é só lembrar que os computadores só usam dois: zero e
um. Curiosamente, já conheciam o zero antes do mundo ocidental. Com esses três
dígitos construíram um calendário funcional quase perpétuo que hoje é objeto de
vasta especulação. Seus descendentes que vivem na região do Yucatán conseguem transpor
qualquer data atual do nosso gregoriano calendário, para calendário deles. Essa
habilidade, que não é difícil de entender depois que nos explicam como funciona
o sistema trinário, falcuta-lhes amealhar alguns pesos dos turistas pela
confecção de amuletos pingentes de prata com quaisquer datas que interesse ao
turista.
Na arquitetura, não
precisa dizer, suas pirâmides, embora semelhantes às egípcias em escala menor, são
de esmerado acabamento e pejadas de inscrições e formas geométricas que lhes
conferem um valor artístico invejável. Como os mayas não dispunham de metal
duro para lavrar as pedras calcárias que usaram na confecção de seus monumentos,
pirâmides e templos, fizeram uso de obsidiana,
uma rocha vulcânica extremamente dura. O problema é que não existe obsidiana no
Yucatán, então, deduz-se, eles a importavam de regiões longínquas como América Central. Lamentavelmente alguns monumentos foram explodidos pelos
exploradores em busca de ouro, o qual inexistia.
Hoje o sítio Chichén
Itzá é uma das sete maravilhas do mundo, tombado como patrimônio histórico da
humanidade, assim como o é o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. JAIR, Floripa,
07/10/12.
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domingo, 2 de setembro de 2012
O ET
Se esses ufólogos
alienados quiserem um exemplo sólido que somos visitados por extraterrestres de
vez em quando, ou que eles estão entre nós, vale dar uma olhadela na vida de
Nikola Tesla, nascido na atual Croácia, mas que ao tempo de seu nascimento ainda
era Sérvia. Até o detalhe de sua vinda ao mundo (10/07/1856) quando ele chegou
à Terra exatamente à meia noite durante uma violenta tempestade elétrica, e de
sua morte solitária e estranha, sua vida foi repleta de genialidade e
comportamentos heterodoxos.
Adulto, Tesla era
olhado mais ou menos como um mago, misterioso e avesso à proximidade com outras
pessoas, mas, estranhamente, gostava de anunciar suas descobertas e invenções
como num circo, com espalhafato e cobertura da imprensa. A maioria de suas invenções
foi e ainda é futurista, tanto no design
quanto ao fim que se destina, inclui desde tele transportes, raios mortais e
naves de guerra antigravidade até a corrente alternada de amplo uso até hoje.
Mas na sua trajetória fulminante, Tesla criou um inimigo poderoso e vingativo
quando provou que sua corrente alternada era melhor e mais barata e segura para
ser transportada a longas distâncias, em comparação com a corrente contínua de
Thomas Alva Edison. Tesla ganhou a parada por que tinha apoio de George
Westinghouse. Mas seu comportamento exótico ia mais longe, ele falava de coisas
tão estranhas que os investidores as rejeitavam incontinenti – especialmente
por que a desordem obsessivo-compulsiva da qual sofria o levava a sempre dar
três voltas no quarteirão, dobrar as roupas três vezes e fazer tudo
multiplicado por três. Sem possuir carisma, num tempo que inexistia marketing pessoal, ele perdeu as patentes
de muitas de suas criações, entre elas a do rádio – patente perdida para o
italiano Guglielmo Marconi. Num ato de justiça histórica, contudo, a patente do
rádio, em 1943, acabou sendo reconhecida como de Tesla novamente.
Numa atitude muito
parecida com o ET do Spielberg, Tesla passou os últimos anos de sua vida
vivendo recluso em um hotel de Nova Iorque e tentando usar suas ondas de rádio
para lançar sinais para o sistema solar, convencido de que transmissões estavam
sendo enviadas para a Terra a partir do espaço. Morreu (07/01/1943) em seu
quarto de hotel aos 86 anos, sozinho, falido e seu corpo parecia um saco de
ossos. Supõe-se que havia deixado de se alimentar a semanas.
Há quem (ufólogos
naturalmente, pois estes já existiam naquele tempo) suspeite que sua
preocupação em ouvir os sons vindos do espaço, ou aquilo que muitos viam como
desperdício de seu gênio, fosse uma tentativa de retornar ao tempo (ou planeta)
do qual viera. Em todo caso, o FBI confiscou a maioria de suas anotações e as
mantém até hoje classificadas como material ultra secreto, um prato cheio para
os ufólogos de plantão. JAIR, Floripa, 27/08/12.
domingo, 26 de agosto de 2012
O ícone
Segundo o Huaiss,
ícone pode ser: pessoa ou
coisa emblemática, isto é, essa coisa ou pessoa ao ser mencionada não precisa de
explicação, ela é a explicação.
Assim, temos ícones na história, nas artes, nos negócios e em todas as
atividades humanas. Mas eu quero falar de um ícone do cinema que representa a
mulher sexy por excelência: Marilyn Monroe.
Marilyn Monroe recebeu o nome de Norma Jeane Mortenson, ao nascer em
Los Angeles em 01 de junho de 1926. A mãe dela, Gladys
Pearl Monroe trabalhava na edição de filmes dos estúdios RKO e o pai pode ter
sido um dos três homens que ela se relacionava naquela época. Marilyn viveu em
orfanatos e lares adotivos até se casar aos dezesseis anos. Em 1945, um
fotógrafo do exército que fazia umas tomadas de mulheres que participavam da
campanha da guerra viu-a trabalhando numa fábrica de pára-quedas e percebeu seu
potencial como modelo. Ele teve um caso com ela e a encaminhou a uma agência de
modelos. Seu êxito na profissão levou-a naturalmente a um teste para atriz e à assinatura de
contrato com a Twentieth Century Fox, em 1946, pelo salário semanal de 125
dólares. Marilyn fez uma série de pontas em filmes até 1953, quando recebeu um
papel de certa relevância. No mesmo ano, Hugh Hefner comprou uma foto de
Marilyn nua, feita quando ela era modelo principiante, e a publicou na então
sua nova revista Playboy. Marilyn virou
celebridade e tornou-se ícone da
mulher sexy, rótulo que parecia ter
sido criado para ela. Casou-se com o grande jogador de beisebol Joe DiMaggio o
qual, mesmo depois que ela morreu disse que jamais deixou de amá-la e até o fim
de seus dias levava todo mês uma flor ao seu túmulo. Marilyn também casou-se com
o dramaturgo e escritor Arthur Miller e frequentava com grande sucesso roda de
intelectuais amigos de seu marido. Ao contrário do que alguns maledicentes
insinuam, Miller, do alto de sua inteligência e fama, afirmava categoricamente
que Marilyn era extremamente inteligente, o que lhe faltava era escolaridade,
havia freqüentado apenas quatro anos de bancos escolares em decorrência das
errâncias de sua sofrida infância.
Sempre a procura de um afeto inatingível que
não tivera na infância, ela buscou consolo em comprimidos, no álcool e relacionamentos
eventuais, passando a ser inconstante no trabalho e incapaz de manter
relacionamentos sérios com os poucos homens que se esforçavam tremendamente
para amá-la e serem amados. Apesar disso tudo, seu sucesso como atriz havia decolado e ela
tornara-se famosa, rica e imitada por outras atrizes e por mulheres do mundo
todo.
Em 1962, quando tinha 36 anos e continuava mais
linda que nunca, Marilyn foi encontrada em seu apartamento, morta por uma
overdose de Nembutal e hidrato de
cloral, ambos barbitúricos vendidos sob receita médica. No seu obituário a
morte consta como suicídio. Mas devido a supostas ligações dela com John F.
Kennedy e Robert Kennedy; a inconsistências dos indícios encontrados no local
da morte; e o desaparecimento das gravações de seus telefonemas, foram aventadas
várias hipóteses de assassinato. O imaginário popular mundial ficou excitado
com a possibilidade do relacionamento do presidente Kennedy com ela a partir do
“Happy Birth Day” que ela cantou de
modo extremamente provocante para ele na Casa Branca. No mais, perdeu-se um ícone e nasceu um mito. JAIR, Floripa,
26/08/12.
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sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Justiça
Ao organizar-se em
sociedades o Homo sapiens foi
compelido a criar regras mínimas que permitissem uma convivência sem muito
atrito entre seus membros. Claro, essas regras incluem punir aqueles que violarem
as próprias regras. Ou seja, leis são instrumentos que sociedade usa para
manter os homens ancorados no patamar que se convencionou ser “bom para todos”, quem
viola as leis paga o preço, ou deve pagar o preço.
Pois bem, há leis
lenientes oriundas de sociedades ditas civilizadas e outras nem tão frouxas
aplicadas em sociedades mais “primitivas”. Na China, casos de corrupção
normalmente são punidas com a morte do culpado e a bala usada na execução deve
ser paga pela família. Em outras sociedades como a do Brasil, por exemplo,
pune-se apenas gente pobre, aos ricos falcuta-lhes não sentar no banco dos
réus, e quando sentam por algum descuido, suas sentenças são anormalmente
brandas e cumpridas em liberdade, nada a estranhar numa sociedade onde “todos
são iguais perante a lei”, mas alguns são mais iguais que outros. Ainda mais,
quando o culpado for apenado com mais de trinta anos não deve se preocupar, pois
pelo Código de Execuções Penais, não se pode permanecer mais de trinta anos atrás das grades.
Assim, cabo Bruno, ex policial condenado a 117 anos pela acusação de
assassinato de mais de cinquenta pessoas, saiu da cadeia por “bom comportamento”
depois de cumprir apenas 27 anos.
Bem, não há muito o
que falar de um país em andam soltos pelas ruas: Paulo Maluf, Jader Barbalho,
Luiz Estevão, Jorgina de Freitas e outros cidadãos exemplares por aí. Mas o que
falar de um país europeu, Noruega, supostamente com arcabouço jurídico, leis e
costumes de primeiro mundo? Supostamente, por se tratar de uma democracia, uma
sociedade que valoriza a vida? Pois é, Anders Behring Breivik, assassino
confesso de 77 inocentes foi condenado a 21 anos de prisão. Vinte e um anos!!!
Isso dá menos de cem dias por vida tirada! É incrível, mas no ano de 2033
Anders poderá estar livre com toda sua empáfia e convencimento, pronto para por
em prática aquilo que chamou de justiçamento e mortes perfeitamente justificáveis.
Parabéns ao aparelho judiciário da Noruega, pelo visto a justiça de lá não
deixa nada a desejar a esta do Patropi. JAIR, Floripa, 24/08/12.
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sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Especiarias
Lembro do tempo da
escola fundamental quando, nas aulas de história do Brasil, as professoras se
referiam ao “comércio com as Índias” que teria impulsionado as grandes
navegações portuguesas que resultaram nos grandes descobrimentos. Vasco da Gama
teria chegado às Índias contornando o Cabo da Boa esperança e navegado pelo
oceano Índico até a “terra das especiarias”.
Bem, tudo facilmente
assimilado até certo ponto, mas, quando surgia a palavra especiarias a coisa empacava, meio que os textos se tornavam herméticos, as
professoras mal sabiam o que eram as tais especiarias e se limitavam a dizer
que eram cravo, canela e pimenta do reino. Ora, esses conhecidos temperos eram
usados em doses parcimoniosas na culinária daquela época; eram obtidos no comércio local, embora nem sempre muito baratos, mas não havia como entender
que tais complementos pudessem ser objeto de caríssimas, longas e complicadas
viagens através do mundo para obtê-los. A mim parecia que ninguém tinha
conhecimento ou capacidade para explicar essa engenharia comercial que resultou
nas mudanças que formaram o mundo no qual vivíamos.
Especiarias?
Temperos culinários movendo o mundo? O que é isso? Vivi com essas indagações incrustadas
no cérebro por anos a fio. A coisa ainda ficava mais interessante quando a
gente percebia que a palavra especiaria
só era usada nos livros de história, não havia registro em outros lugares a não
ser em dicionários. Ninguém dizia: “Vai
ali na venda do seu Zé comprar duzentas gramas de especiaria para o almoço”;
Não havia referências como: “Aqui se vendem
especiarias”, ou “Grande liquidação
de especiarias”. Guardadas as diferenças especiaria era como “de onde vêm os bebês”. Todo mundo sabia, mas ninguém dizia. Limitavam-se a cegonhas e
outros que tais.
Pois, passados
muitos anos, quando já nem mais me lembrava do termo, lendo um livro sobre a história
do sal, encontro lá as melhores explicações sobre as tais especiarias. Pimenta
do reino, canela, cravo, noz moscada e macis (óleo que se extrai da noz moscada) eram os substitutos do sal na conservação
da carne. O sal era artigo de luxo, caro e raro, portanto, numa época que
inexistia geladeira, as especiarias serviam como conservantes naturais das
carnes a serem consumidas dias após o abate. Contudo, o grande óbice para seu
consumo é que eram cultivadas “nas Índias”, na verdade Indonésia, Singapura e
adjacências, não exatamente na Índia atual. Daí, foram empreendidas as grandes
navegações depois que os turcos conquistaram Constantinopla e passaram a controlar
o comércio por terra. Os portugueses foram os primeiros a aportar em Calicute,
mas em seguida holandeses, franceses e ingleses formaram frotas próprias para a
busca incansável e milionária dos temperos que permitiram europeus comerem
carne conservada ao invés de pútrida como vinham fazendo a séculos.
Os condimentos
referidos não eram usados porque adicionavam sabor especial à carne e seus
derivados, e sim porque possuem óleos essenciais que tem efeito biocida impedindo
a proliferação de bactérias que deterioram o alimento. Por exemplo, o óleo de
cravo, produzido por um processo de extração, é constituído basicamente, por
eugenol (70 a 80%). O eugenol é um composto aromático com efeito anestésico e anticéptico
comprovado cientificamente.
Então aí está,
temperos, condimentos ou especiarias
tiveram influência crucial na história da humanidade, não dá para subestimar o poder de coisas
aparentemente tão banais. JAIR, Floripa, 17/08/12.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012
A árvore da vida
O filme “A árvore da
vida” é dirigido por Terrence Malick, o mesmo diretor de “Além da linha
vermelha” e, por coincidência ou não, Sean Penn que fazia o papel do sargento Edward
neste filme sobre a segunda guerra, também trabalha na árvore da vida. Além de
Penn, Brad Pitt é protagonista ao lado de Jessica Chastain.
O filme é
instigante, eu diria que não é para amadores, vale a pena ser assistido mais de
uma vez por aqueles que não captarem a essência da historia que é meio
fragmentada e não obedece uma linha rígida de tempo.
A história começa
nos anos cinquenta na cidade Waco no Texas e foca uma família comum
conservadora americana. Deve-se lembrar que o Texas é um estado conservador tanto
político como religioso, do chamado “Bible belt south”, de onde saíram os Bushs
que governaram os EUA e fizeram guerra durante seus mandatos e onde o
eleitorado é republicano de raiz. Vale lembrar também que o conservacionismo
texano prega o criacionismo como se ciência fosse nas suas escolas primárias,
então não é nenhuma surpresa que o filme tenha justamente uma família
conservadora típica como protagonista da história.
Bem, a família
conservadora de Brad e Jessica (Sr. e Sra. O’Brien) é composta pelos pais e
três filhos meninos. O senhor O’Brien, embora amoroso, cria os filhos com
extrema rigidez, cobra deles comportamento e postura quase de seminaristas
religiosos. Seus gestos e maneiras de se dirigir a ele e outras pessoas têm que
ser observados com rigor absoluto, qualquer deslize é passível de punição. Os
filhos se submetem, mas o mais velho, Jack, costuma se rebelar em horas que não
está sendo observado. Em alguns momentos dá a impressão que filho odeia o pai.
A mãe é passiva, abnegada, amorosa e suporta com estoicismo e sofrimento a
tensão em servir de amortecedor das exigências do marido em relação aos filhos.
O drama que vive a
família gira em torno da morte do filho mais novo em condições que não aparecem
no filme, mas que afetam profundamente o pai, os irmãos e principalmente a mãe
que jamais se recupera da perda. Jack, protagonizado por Sean Penn quando mais
velho, fala muito pouco, aliás, há pouquíssimos diálogos no filme, o diretor
embasa a estória em imagens quase fantásticas com ênfase na água, seja em
cachoeiras, em forma de gelo, cenas submarinas, rios e chuva, muita chuva. Para
contar a estória o diretor mostra a formação do universo desde o big bang até o
aparecimento da civilização moderna, passando por cenas com dinossauros. Há
quase vinte minutos só de cenas da criação do mundo sem nenhum diálogo, mas com
música de fundo magistral. Vale a pena curtir essa parte fundamental do filme
sem pensar em nada só ver, só observar. Como eu disse no início, é instigante. JAIR,
Floripa, 14/08/12.
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quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Mente vazia
Sempre li sobre o “branco”
que eventualmente acomete a mente criativa do escritor de modo que ele nada
consegue escrever em certas ocasiões. Alguns costumam chamar essa síndrome de “pavor
do papel em branco” ou crise de ideias originais. Não sou escritor, não tenho
pretensão de me igualar a essas mentes privilegiadas, mas também estou passando
por um período de seca, não consigo extrair nada de novo de meu cérebro e
colocar em palavras. Normalmente consigo escrever num ritmo de tal sorte que
costumo ter “em estoque” cerca de dez ou doze textos prontos para serem
publicados. Esse modus operandi visa
garantir que em períodos moderados de seca eu possa publicar alguma coisa até
que me venham as ideias novamente. Pois
é, alguns dias se passaram desde que esgotei meu estoque de textos e nada que
se aproveite surgiu ainda. Parece que estou com a mente oca, passo os dias assistindo
as Olimpíadas e nada me ocorre. Devo dizer que meus melhores textos sempre vêm
de um estímulo qualquer através da leitura, normalmente de livros. Até isso está
me faltando, nada leio há dias, os livros estão se acumulando e não encontro
vontade de abri-los, assim, acabo olhando para as paredes com a mente vazia. Meu
cérebro está totalmente em branco e não vejo saída, quem souber de alguma
fórmula que consiga ativar mentes congeladas, por favor, me socorra, me tire deste constrangedor limbo literário, não vejo
luz alguma no fim do túnel. JAIR, Floripa, 09/08/12.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Um país tropical
A relação de características brasileiras
abaixo não é de minha autoria, é algo que anda rolando pela internet, mas a
publico aqui, - mesmo contrariando meu
costume de não publicar texto alheio – porque concordo em gênero e grau com seu
conteúdo. Quem não concordar que expresse sua opinião nos comentários.
O Brasileiro comum é assim:
1 - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas;
2 - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas;
3 - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração;
4 - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura;
5 - Fala no celular enquanto dirige;
6 - Usa o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o celular dos amigos (me dá um toque que eu retorno...) - assim o amigo não gasta nada;
7 - Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento;
8 - Pára em filas duplas, triplas, em frente às escolas;
9 - Viola a lei do silêncio e fica bravo se alguém reclama;
10 - Dirige após consumir bebida alcoólica;
11 - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas;
12 - Espalha churrasqueira, mesas, nas calçadas;
13 - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho;
14. - Faz "gato " de luz, de água e de tv a cabo;
15 - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado; muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos;
16 - Compra recibo para abater na declaração de renda para pagar menos imposto;
17 - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas;
18 - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou dez, pede nota fiscal de vinte;
19 - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes;
20 - Estaciona em vagas exclusivas para idosos e até para deficientes;
21 - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se
fosse pouco rodado;
22 - Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas;
23 - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca;
24 - Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem;
25 - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA;
26 - Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho;
27 - Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo;
28 - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha;
29 - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado;
30 - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem;
31 - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve;
1 - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas;
2 - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas;
3 - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração;
4 - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura;
5 - Fala no celular enquanto dirige;
6 - Usa o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o celular dos amigos (me dá um toque que eu retorno...) - assim o amigo não gasta nada;
7 - Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento;
8 - Pára em filas duplas, triplas, em frente às escolas;
9 - Viola a lei do silêncio e fica bravo se alguém reclama;
10 - Dirige após consumir bebida alcoólica;
11 - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas;
12 - Espalha churrasqueira, mesas, nas calçadas;
13 - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho;
14. - Faz "gato " de luz, de água e de tv a cabo;
15 - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado; muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos;
16 - Compra recibo para abater na declaração de renda para pagar menos imposto;
17 - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas;
18 - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou dez, pede nota fiscal de vinte;
19 - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes;
20 - Estaciona em vagas exclusivas para idosos e até para deficientes;
21 - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se
fosse pouco rodado;
22 - Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas;
23 - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca;
24 - Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem;
25 - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA;
26 - Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho;
27 - Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo;
28 - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha;
29 - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado;
30 - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem;
31 - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve;
32 - Pede ao amigo que está em algum trabalho público,
principalmente político, um lugarzinho para seus filhos em vez de estimulá-los
a estudar e conseguir seus próprios empregos;
33 - Não se importa (muitas vezes até ajuda) se seu filho
faz parte daquele grupo que fraudou o concurso público e passou, em
detrimento de outros candidatos que honestamente tentaram passar.... (olha aí:
concurso na área jurídica)....
34 - Vai até a escola e paga a maior bronca na professora ou professor que chamou a
atenção de seu filhinho;
35 - Faz vista grossa quando seu filhinho ainda pequeno
chega da escola com pequenos objetos que não lhe pertencem ao invés de fazê-lo
devolver no dia seguinte;
36 - Não respeita e não cumpre as leis;
37 - Adultera documentos para entrar em locais proibidos
para menores, com a conivência dos pais;
38 - Coloca nome em trabalho que não
fez;
39 - Coloca nome de colega que faltou em lista de presença;
40 - Suborna para alguém fazer seus trabalhos;
39 - Coloca nome de colega que faltou em lista de presença;
40 - Suborna para alguém fazer seus trabalhos;
41 – Se recebe troco a mais cala-se
esperando que ninguém perceba;
42 – Joga lixo na rua, mesmo
existindo lixeira por perto;
43 – Sempre que lhe seja favorável
faz uso da Lei de Gérson sem qualquer pudor;
44 - Sempre acha uma maneira de aplicar o jeitinho brasileiro, mesmo que isso implique prejudicar outros ou contrariar as leis;
45 – E,
finalmente, reclama dos “políticos”, como se estes fossem seres alienígenas que
vieram de um planeta longínquo e não são da mesma laia do brasileiro comum;
Como existisse uma “classe” especial de políticos que nada tem a ver com nossa
sociedade.
Pois é, enquanto continuarmos agindo como agimos e reclamando
daqueles que elegemos, esse Brasil varonil jamais chegará a ser um país
minimamente sério. Dessa maneira somos obrigados a concordar com De Gaulle. JAIR,
Floripa, 03/08/12.
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quarta-feira, 1 de agosto de 2012
O General
Um General é, antes
de tudo, um solitário. Contrário ao soldado que na trincheira, na vacância ou
no acampamento sempre tem um seu igual para compartilhar seus medos, angústias
e sentimentos, o General come e dorme sozinho, trabalha sozinho e toma suas
decisões na mais terrível e absoluta solidão. Não que o General não possa ter
amigos e companheiros de caserna com os quais, em algum momento, possa fazer
confidências ou cometer indiscrições, mas nas funções profissionais ninguém
está ao seu lado na hora das decisões. Ninguém, no seu círculo íntimo, divide
com ele a responsabilidade das boas e más escolhas, ninguém assume suas
insônias, inseguranças e dúvidas.
Mais que a solidão
do cargo, ao General cabe decidir sobre a vida e a morte, de seus soldados e dos
soldados inimigos. Se emana ordens corretas e judiciosas, os militares inimigos
morrerão e, se suas ordens não forem as melhores, quem morre são seus
comandados. Às vezes ele se sente uma perversa paródia de Deus, ou semi deus se
considerarmos que é mortal como os que morrem na batalha. Mas ele sabe que se
tornou General, não por determinação aleatória de carreira militar bem sucedida
ou injunção cega do destino, e sim porque orientou toda sua vida para esse fim.
Não se chega ao generalato por acaso, apenas suas lidas beiram o acaso quando
para aquilo que se preparou, lhe cai no colo por decisão política, a guerra. E o generalato, antes de ser
um alto posto militar, é um misto de sacerdócio e resultado de ilibada vida
pessoal somada à luta e trabalho diários, muito estudo e disposição para o
sacrifício ao longo de muitos anos. O General é um primata da espécie Homo estoicus.
Um General sensato
sabe que guerra é insensatez, mas sabe também que quando ela vier terá que exarar
ordens claras e lúcidas cujos resultados beiram a insanidade. Quanto mais
eficientes forem as decisões do General, mais os resultados podem conflitar com
sua formação humana. Um General traz no âmago de sua formação profissional o
germe do conflito entre os fatores morais que lhe foram incutidos pelo núcleo
familiar e as imposições pretorianas subordinadas às nuances políticas de seu
país. O General deve ser patriota na mais cruel e perfeita acepção do termo. A
pátria lhe impõe encargos que pesam nos ombros como um Atlas suportando o globo
terrestre.
Por isso tudo, um
bom General que tenha lutado por seu país, aquele que exerceu sua função com
honestidade e eficácia, é um ser humano triste, suas memórias incluem mortes de
pessoas desconhecidas as quais nunca lhe fizeram qualquer mal e que apenas
estavam defendendo ideias ou orientações diferentes das suas. Suas convicções
religiosas também devem ser elásticas quando são postas à prova: não matarás é um mandamento que deve
ser temporariamente relegado se ele quiser ser um profissional seguro nas ações
do ofício. Cada soldado que cai no campo de batalha tem um General responsável
por sua morte, General sem mortes no currículo é General inerte, omisso. O
pódio de General é árduo e às vezes lhe traz glórias e reconhecimento, e aquele
que lá chega se torna para sempre um ser Primus
inter pares, mas suas funções nem sempre são cobiçadas pelos mortais
comuns. JAIR, Floripa, 01/08/12.
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quarta-feira, 25 de julho de 2012
O escritor
Nada mais próprio do
que, neste 25 de julho, lembrar daqueles que são, antes de quaisquer outros, os
esteios da civilização, os escritores. Se pararmos para pensar um mero segundo,
é fácil perceber que sem escritores esse mundo como o conhecemos não existiria.
Desde a adoção da escrita pelos que nos
antecederam foi possível, não só registrar o fato, o evento, o pensamento, mas
principalmente transmitir o conhecimento para os pósteros. Existem algumas
culturas bastante antigas até, como os aborígenes australianos, que nunca
adotaram qualquer simbologia convencional que transpusesse a barreira do tempo
e do espaço levando suas descobertas e costumes a outros, seja de sua etnia ou
estrangeiros. Talvez isso explique em parte por que existem centenas de idiomas
e dialetos em um povo que não está separado por barreiras naturais. Quando os
europeus chegaram à América se depararam com alguns milhões de indígenas que
também não tinham escrita formal e suas etnias e línguas eram (ainda o são em
certa medida) pulverizadas em milhares de variações, algumas nem pareciam vir
do mesmo tronco linguístico de tão diferentes.
Por esses exemplos e
comparando com as civilizações que hoje “dominam” o Planeta é possível
aquilatar a importância que sempre teve a escrita. Desde aqueles amanuenses
mesopotâmicos que, através de plaquinhas de argila, registravam transações
comercias e certa contabilidade rudimentar, até cientistas dos séculos das luzes
que, graças à invenção da imprensa de tipos móveis, puderam apresentar suas ideias
e descobertas, todos os escritores formavam a base sólida da civilização.
Hoje as novas tecnologias
que permitem publicações como e-boock, parece, tornaram o livro em papel
dispensável, mas isso não é verdade. Até já escrevi sobre o assunto: “Um país sem livros é um deserto de idéias”, essa
frase é minha e traduz o que penso sobre a importância da palavra impressa.
Palavra impressa, diante das novas formas de levar as idéias até ao leitor, é
apenas uma expressão, porque na verdade o que chamamos de livro sofreu inúmeras
adaptações aos novos meios de informação e tornou-se algo muito diferente do
que foi no passado, contudo, a essência do livro continua a mesma. O livro é
ponte sagrada sobre a qual a humanidade passa para encontrar os rumos que
conduzem à civilização. O suporte para o livro não importa, ao longo da
história os homens firmaram aquilo que seria importante para suas gerações em
pedra, pergaminho, papiro, madeira, metal, papel e, agora, em elétrons na forma
de e-book. Lembrando que e-book é uma abreviação para “electronic book”, ou
livro eletrônico: trata-se de publicação com conteúdo idêntico ao de uma
possível versão impressa, com a característica de ser, claro, uma mídia
digital.
Assim, caros
escritores e escritoras, hoje é um dia muito especial para todos, porque se
reconhece a importância para a humanidade a arte de escrever. Parabéns a todos!
JAIR, Floripa, 25/07/12.
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terça-feira, 24 de julho de 2012
A guerra fria acabou?
Logo depois da
segunda grande guerra o mundo civilizado se viu frente a duas ideologias
opostas que, de diferentes formas, queriam impor suas vontades políticas,
econômicas e colonialistas ao resto do mundo. Na pratica, o lado “ocidental”
representado pelos EUA opunha-se ferozmente a tudo que viesse da então União
Soviética que apregoava uma visão de sociedade que se contrapunha à “nossa”
visão. No campo militar as duas superpotências empreenderam várias guerras “por
procuração” onde os embates se faziam em outros países com armamentos,
suprimentos e acessoria das potências antagônicas. As guerras no oriente médio
envolvendo árabes e israelenses eram (ainda são em certa medida) emblemáticas
desses atritos entre EUA e URSS. Assim foi na Coréia onde tropas mistas de
coreanos e chineses recebiam armamentos dos soviéticos e lutavam contra os EUA
e seus aliados. Vietnã representou outro local em que as potências se
enfrentavam por procuração. Em Angola, embora não houvesse atividade direta de
tropas do ocidente, havia apoio com armas de um lado e de outro. Kosovo na ex Iugoslávia marcou a presença de bombardeios da ONU capitaneados pelos EUA,
e tropas assistidas e armadas pela URSS do outro lado. No Afeganistão as tropas
soviéticas se atolaram contra guerrilheiros armados com mísseis Sting fornecidos pelos americanos. Destaque-se
que, em 1962, em Cuba, foi a única vez que as duas potências estiveram
cara-a-cara e arreganharam os dentes diretamente uma para a outra. Houve,
durante o período, inúmeras frentes de baixo impacto como em Granada, no
Panamá, na Bolívia, na Líbia e alguns países africanos que bem ilustram essa
rivalidade.
Com o fim da chamada
Cortina de Ferro, depois que o regime socialista da URSS se desfez, parecia,
finalmente, que o motor que impulsionava a história havia perdido sua força
motriz e parara. As ideologias conflitantes deixariam de existir depois que a
Rússia seguida de seus ex-satélites adotou a democracia como forma de governo e
o capitalismo como opção econômica. Foi aí que ficou famosa a tese de Francis
Fukuyama, filósofo nipo americano que publicou um trabalho que o tornou famoso
que apregoava o “fim da história” já que não havia mais antagonismos
ideológicos que a impulsionasse. Também eu, como a maioria das pessoas, não li o
trabalho de Fukuyama, mas a enorme massa de referências a ele faz com que sinta
certa “intimidade” com a tese.
Todo mundo admitiu e
levou em conta que a Guerra Fria (A História, segundo Fukuyama) acabou. Será
verdade mesmo? Vejamos. A Síria, com mais de 22,5 milhões de habitantes, é
palco da mais violenta repressão contra opositores ao regime entre os países da
chamada "Primavera Árabe", que começou no final de 2010 quando um
jovem tunisiano ateou fogo ao próprio corpo como forma de protesto às condições
de vida naquele país do norte da África. Desde então, quatro ditadores de países da
região - Ben Ali, da Tunísia, Hosni Mubarak, do Egito, Muamar Kadafi, da Líbia,
e Ali Abdullah Saleh, do Iêmen - foram depostos ou mortos. Bashar al-Assad,
ditador vitalício da Síria, contudo, segue firme no poder, enquanto a população
acusa o regime de uma brutal repressão. Foram registrados mais de treze mil
mortos entre civis desde que começou a rebelião.
Como pode uma
rebelião mostrar tanto vigor e fôlego e com quais fontes de armamentos pode
contar? Como uma ditadura altamente impopular se opõe a resoluções da ONU e
mantêm-se firme no combate à rebelião? Pois é, a guerra fria não acabou, e, segundo Samuel P. Huntington, o que temos
agora é um "choque de civilizações". Armamentos e suprimentos são fornecidos aos
rebeldes pelo ocidente (leia-se EUA) e China e Rússia não só apóiam Assad com
todo armamento mais moderno (Kalashnikovs, leia também “A harpa do demônio”
(06/02/11) neste blogue), como se opõem que o Conselho de Segurança da ONU
reprove ou intervenha nas ações do ditador. Quem achava que a guerra fria tinha
acabado pode reformular sua opinião, enquanto houver ditadores de quaisquer cores
ideológicas dispostos a oprimir seus concidadãos, haverá uma “potência”
estrangeira disposta a apadrinhá-los por motivos nem sempre muito claros já que
a dicotomia leste-oeste representado os bons de um lado (qualquer lado,
dependendo se estamos no ocidente ou no oriente) e os maus do outro, deixou de
existir. A guerra fria está mais quente que nunca. JAIR, Floripa,
23/07.12.
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sábado, 21 de julho de 2012
Dingo
A civilização
aborígene australiana na verdade é oriunda da Polinésia de onde teria migrado
para o continente australiano há quarenta mil anos. Pelas evidências
arqueológicas sabe-se hoje que após as primeiras migrações sucederam-se outras
há menos de trinta mil anos. Outras evidências fósseis demonstram que, junto
aos polinésios que migraram um pouco mais tarde, vieram cães domésticos que
serviam de companhia, guarda e até fonte de proteínas nos piores momentos.
Pois é, esses cães
domesticados, aparentemente, ao chegarem ao continente australiano ficaram
seduzidos pelas grandes extensões de terras selvagens desprovidas de predadores
e supostamente repletas de presas fáceis. Então, fugindo do controle de seus
parceiros humanos, tornaram-se selvagens, apesar do deserto inóspito que
tiveram que encarar. Há que se notar que, por um capricho evolutivo, todos os mamíferos nativos da Austrália
são marsupiais, ou seja, possuem um marsúpio (bolsa externa) onde o bebê se
desenvolve depois de sair de dentro da mãe. E o dingo era o único mamífero
placentário encontrado naquelas paragens quando os europeus colonizadores lá
desembarcaram. Então o cão selvagem dingo se destacava na paisagem.
O dingo, ao
contrário da maioria dos canídeos, não é animal de matilha, ele se comporta
como um caçador solitário e só forma família por ocasião do acasalamento. Seus
ancestrais devem ter chegado quando os cães ainda eram relativamente selvagens
e mais perto de seus ancestrais asiáticos, lobos cinzentos, os Canis lupus. Desde então, vivendo em
grande parte distante de pessoas e outros cães, juntamente com as exigências da
austera ecologia australiana, o dingo desenvolveu características e instintos que os
distinguem de todos os outros caninos. O habitat natural do dingo pode variar
de desertos, pradarias até beira de florestas, que
no caso da Austrália são florestas de eucaliptos, pois lá existem mais de
duzentas espécies dessa árvore. Normalmente esse bicho elegante e esquivo não
pode viver muito longe da água, então costuma usar como abrigo tocas
abandonadas ou troncos ocos nas margens dos rios e lagos.
Apesar de serem
“estrangeiros” adaptados ao meio australiano, dingos desempenham um papel
importante nos ecossistemas da Austrália, pois são predadores, na verdade os
maiores predadores do continente, visto que a maioria dos marsupiais se
contenta e comer folhas e frutos. Os dingos não são exatamente mansinhos, sua vida de livres caçadores
os dotou de instintos apurados, força, agilidade e resistência de modo a serem
sobreviventes num ambiente desértico como o Outback
onde vivem em sua maioria. Por causa de sua suposta ferocidade e ataques a
animais domésticos, esses cães selvagens são vistos como pragas pelos criadores
de ovelhas que tendem a dizimá-los nas áreas de fazendas de ovinos. Os métodos
de controle de suas populações normalmente são contrários aos esforços de
conservação que os órgãos do governo tentam implantar. Tão burra é a caça a
esses animais que os pecuaristas não percebem que podem se beneficiar da
predação que os dingos exercem em coelhos, cangurus e ratos, bichos que
disputam alimentos com os carneiros. Para minorar o possível ataque de dingos
às criações de ovinos construiu-se, entre 1980 e 1985, uma cerca de 5600
quilômetros que isola o sudeste de Queensland onde se encontram os maiores
rebanhos. Essa é maior cerca do Planeta que se tem notícia.
Como disse acima, os
dingos são selvagens e se viram para sobreviver, assim, é perfeitamente viável
que, em algum momento um ou outro famélico cão desses tenha se aproveitado de algum
ser humano indefeso para se alimentar. Agora, depois de 32 anos, está
comprovado que um dingo abocanhou uma criança em uma barraca de acampamento e
comeu-a. Resolução de um caso de 1980 que dividiu a nação, e levou a uma
condenação por homicídio equivocada, um juiz australiano declarou que um dingo
levou um bebê de um acampamento no Outback,
assim como sua mãe disse que desde o início. Muitos australianos, inicialmente,
não acreditaram que um dingo era forte o suficiente para agarrar o bebê Azaria
com a boca e arrastá-lo. Nenhum ataque de dingo semelhante já havia sido
documentado na época, mas nos últimos anos os cães selvagens foram responsabilizados
por três ataques fatais a crianças. Ainda assim, algo infinitamente distante das centenas
de ataques com ferimentos e mortes causados por pitbulls, por exemplo. sem contar que ataques de pitbulls são gratuitos por assim dizer, enquanto dingos atacam a presa para se alimentar.
"A partir de agora a Austrália não será capaz
de dizer que dingos não são perigosos e apenas atacam se provocados," a Sra. Chamberlain-Creighton, disse antes de deixar o tribunal para onde fora com
seu ex-marido e seus três filhos sobreviventes para pegar o certificado de
óbito de Azaria. "Vivemos em um país bonito, mas é perigoso e
gostaríamos de pedir todos os australianos para tomar cuidado com isso e tomar
as devidas precauções," disse a mãe de Azaria.
Contudo, esse é o
único caso registrado em que se provou a morte de um ser humano por um dingo
sem este ter sido provocado. Na verdade
quem está sendo ameaçado de extinção pelo homem é o dingo. Hoje estima-se que a
maioria dos modernos "dingos” são descendentes dos mais recentemente
introduzidos cães domésticos. Esses híbridos continuam sendo chamados de dingos
e têm aumentado significativamente nas últimas décadas, e o dingo original
passou a ser classificado como em perigo de extinção.
Já fiz referências
em outros textos sobre cães ao mais diversos, mas especialmente sobre o nobre
vira latas, nosso tão conhecido cachorro de rua, animal que pelas
características é o grande representante da espécie dos canídeos. Pois agora
quero deixar aqui registrado: o magnífico dingo é um vira latas com upgrade, um vira latas dois ponto zero,
com todas as melhores características do cão de rua, somadas a sua longevidade
como raça, sua resistência em sobreviver em ambiente hostil e sua enorme
adaptabilidade. Se houver chance de voltar em uma encarnação posterior,
gostaria de voltar como um dingo, e entendo que com isso eu estaria sendo bonificado
com uma bênção que nenhum ser humano merece. JAIR, Floripa, 20/07/12.
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quinta-feira, 19 de julho de 2012
Mais sandices!
Colorau! Vociferavam
templários alhures. Mais que simples ebúrnea, previa-se que tal manifestação
gestasse distúrbios gástricos no já malvo aparelho vesicular do Estado de
espírito. Não era tão simples a política de toalhas molhadas a que se propunha
o itinerante governo de ninguém representando nada, que se fazia sentir como o
último recurso versátil para salvar o replublismo. Alguns apoiavam a terra
arrasada que se avizinhava diante de tanta populeta disforme; de tanto
calemburismo autocentrato visível nas medidas sobejantes já tão amplamente
reconhecidas. Haja velino! Embrocações, profilaxia e justimentos era o mínimo
que se podia esperar de tal situação, vestíbulos alumbrados já iam e vinham por
conta do caotismo criado a partir das pressões méssicas aderentes.
No amplo campo das
conjeturas apriorísticas ninguém arriscaria um níquel furado no futuro do
pentimento, mesmo porque acreditava-se que se futuro houvesse estaria
contaminado de soluções pretéritas semióticas, nada típico, portanto. Marx e
Teresa de Calcutá, referências compulsórias para o ressurgimento de idéias
sistemológicas, nada representavam se fôssemos adjudicar preâmbulo bestialógico
ao que já se encontrava Non sequitur por
antecipação. Ça va sans dire, é a
forma mais elegante de demarcar o fosso existente entre leste e oeste, para não
falar entre norte e sul dos hemisférios latentes de uma mesma ideologia
presbítera.
De acordo com
antropomorfismo residual, como antecipar um resultado de alocações espúrias já
pressentidas? Nada a declarar! Não há precedente que justifique qualquer inferência
locativa permanente. Melhor tergiversar, nos anódinos ditames da blogosfera é
melhor adiar para sempre do que antecipar uma possível solução zerada de
conteúdo. De acordo com Bruñuel: “Todos
serão poucos se não forem acrescentados ao total”, não que ele pretenda
encerrar o assunto e assumir que o Planeta gira em torno da Lua como é
amplamente sabido por quase a totalidade dos habitantes da Somália equatorial.
Mas, melhor que não saber, é saber que não se sabe, o que quer que não se
saiba, se me fiz entender. Pósteros de T.G, Dalcin vaticinaram a vertente
legítima de saibros e anteras primordiais, não há o que discutir, portanto.
Vamos devagar para
entender como a defesa dos entreveros e supérstites se fará a partir dos dados
coletados in loco, após a débâcle anunciada. Se todos se ativerem
a meros espectadores das dores alheias, já seria meio caminho percorrido para
avultar a semiótica astrolábia do ecumenismo diletante. Porquerias, poderiam os
adeptos do formalismo buromédico afirmarem. Porém, longe de assumir a
dessemelhança audível entre estes e aqueles, é mais patente correr em prol da
libertação dos epicuristas brânquios da Lapônia. Há quem afirme de pés juntos
que os que assim procederam, tiveram assistência femoral quadrangular efetiva,
e os que ignoraram o aviso de não flautear, perderam seus dedos antes dos
anéis. Abominações se fizeram sentir nos primeiros albores da prosaica meta
abominável, nada diferente do esperado diante de tal procedimento.
Vetustos bacharéis
se arvoraram em defesa das gaivotas e tetréis albinos do longínquo Cazaquistão,
mas nada indica que esse proceder vá interferir no andamento dos ligúrios
classistas representativos de suas comunidades. Nada indica que uma política
platônica rica em nuances fremológicas possa alterar o status quo alcançado após as últimas abluções vespertinas dos
maçônicos. Haverá um impasse, portanto. Em defesa da verdade provecta e
rubicunda há que se esclarecer todas a implicações arbóreas dos vícios
anódinos, que se fizeram em consequência do problema dos dendrobatas que não
perceberam a fragilidade dos fundos de pensão. Carpe diem!, é a maneira jocosa que eles encontraram para livrar-se
da incômoda pecha de nada constarem nos autos. Nada consta! Não existe nada tão
desprável desde que o mundo é mundo. É lamentável.
Escolásticos não
tiveram a inteligência de formular com um mínimo de incoerência os roteiros
helvéticos necessários ao bom desempenho das máricas do oceano austral. Assim,
ficam completamente ultrapassados os conceitos anelados pelo Gorkismo fácil, o qual em tudo vê
ideário anarquista, quando sabemos que a retribuição leminguista (com todo
respeito a Pulo Leminski de saudosa memória) só se fará presente quando
ligarmos os pontos cardeais aleatórios já ao alcance da vista de visionários de
plantão. Haja pormenores!
E como ficam as
firulas menstruais da minoria fermiciana? Nada a declarar também? Duvidamos. O claro da
história sempre está relacionado a hóstias degradadas encontráveis em esconsos
vértices de escadas epistemológicas que levam a lugar nenhum, sempre. Remake de ideias para usar um eruditismo
démodé como quase todas as citações
amesquinhadas do vernáculo vis-à-vis
da nossa malquerida e vergastada Pátria. Ah bom! Então é isso! O que quer que
isso seja.
James Joyce, na sua
caramélica obra “Dr. Ulisses” previu a defasagem conflituosa entre os
menestréis e menestroas do abissal sistema gráfico orgástico das letras. Já que
assim se ministrou saberes sobre astrolábios e fazedores de tempestades, nada
custou extrapolar as aramaicas crostas de saponáceos esponjosos dentro das
firulentas prebócides. Então que assim seja. Todos seremos mundialmente
desconhecidos em algum momento de nossa existência, e isso não prêmio. Considerando
que Joyce escreveu torto por linhas retas, não custa imaginar o que seria se
nas avenças lhe tivesse ocorrido perpetuar batráquios e equinócios numa só
paráfrase. Sonhar é de graça.
Parênquimas foram
detectadas em plena florescência dramática nas entrelinhas efusivas do tomo um
das memórias ulissianas, então, de nada adiantou continua persistindo no acabrunhamento
das vestais. Pobres coitadas! O tríduo permitido pelas autoproclamadas
autoridades permitiram, mais uma vez, tapar o sol com a pereira florida, parece
até lugar comum, mas não é. Se fez necessário um prepúcio introdutório às
fácies do monstro entrevisto nas sombras. A ninguém é permitido chorar o leito
desarrumado, só vivemos uma vez, então rabotemos à vistoria demagógica! Não há
uma segunda chance. Ainda bem, dizem alguns.
Festejar o quê?
Festejar pelo simples fato de saber o sabível, ou comemorar fogos fátuos? Não
haverá resposta fácil até que cheguemos ao fim do arco-íris que, neste caso, é
a remoção pura e simples de tudo que se antepara ao bem servir a Pátria, seja
esta reconhecida ou não, não nos cabe julgar. Ódio jamais, lateralidade não é
opção, até porque Demócrito sempre teve razão. Floripa, 25/01/12.
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