quarta-feira, 1 de junho de 2011

Memorial Day



Nossos vizinhos aqui do norte têm algumas datas federais notáveis, (feriados não religiosos, já que a União é constitucionalmente laica) as quais eles se dão ao luxo de não trabalhar: New Year, Independence Day, Martin Luther King e Memorial Day, são algumas delas. Hoje, trinta de maio, última segunda feira do mês, comemora-se o Memorial Day.
Memorial Day é um feriado nacional nos EUA. Anteriormente conhecido como Decoration Day, ele foi comemorado pela primeira vez pelos escravos libertos do sul, em Charleston, Carolina do Sul em 1865, e em Washington para lembrar os soldados da União mortos na Guerra Civil. Hoje, o que agora é conhecido como o Memorial Day, homenageia todos os militares dos EUA que morreram em serviço. Numa economia de calendário o Memorial Day geralmente marca o início do verão, a estação de férias, e prepara para o Dia do Trabalho.
Começou como um ritual de recordação e reconciliação depois da Guerra Civil, mas, no início do século 20, o Memorial Day passou a ser uma ocasião para expressões mais generalizadas da memória dos mortos, em que pessoas comuns visitam os túmulos de seus parentes falecidos, se eles haviam servido nas forças armadas. Ele também se tornou um fim de semana prolongado cada vez mais dedicado às compras, encontros familiares, fogos de artifício, passeios à praia e eventos que movem a mídia nacional, como a 500 milhas de Indianápolis, corrida de automóveis realizada desde 1911, no domingo, véspera do Memorial Day.
Uma espécie de sentinela do Pacífico norte, San Diego é uma cidade bastante militarizada, possui uma super base da Marinha, uma base aqui ao lado, na ilha Coronado, de Fuzileiros Navais e outras tantas espalhadas por aí. Acho que a base de Coronado deve ser importante, possui três super porta aviões movidos a energia nuclear. Então, considerando esse perfil militarizado da cidade, não é estranho que o Memorial Day seja significativo para a população que lota os abundantes cemitérios militares daqui. Tive oportunidade de visitar um desses cemitérios em Point Loma da outra vez que estive em San Diego. Cemitério muito grande, muito organizado e muito solene, passa a impressão que os militares sabem o que fazem ao enterrar seus mortos. De qualquer forma, o feriado de hoje nos dá oportunidade de ver as festividades e solenidades comemorativas desse que é um dos importantes dias para os militares, afinal são milhões de soldados mortos em todas as guerras, desde a guerra pela independência, a guerra da secessão, a guerra com a Espanha, outra com o México, a primeira e a segunda guerras mundiais, guerra da Coréia e do Vietnam, além de muitas refregas e intervenções como no Panamá, Granada, Somália, Iraque e Afeganistão. Os militares lembram seus mortos sabendo que um dia poderão estar enterrados naquele lugar, quando algum presidente republicano declarar uma guerra de favas contadas para promover os industriais de armamentos que financiaram suas campanhas; e os civis agradecem seus parentes que deram a vida por uma tal de “liberdade”. É esse sentimento de aprovação que permite que os belicosos republicanos mantenham a máquina de guerra sempre lubrificada e pronta para o ataque em qualquer lugar do Planeta.
A impressão que se tem, é que militares são venerados guardiões voluntários da pátria, são aquela parte da população que se sacrifica pela nação para que os civis tenham a liberdade que se supõe que têm, e o nível de vida que desfrutam. Quando estávamos voando de Dallas para cá, em pleno voo cruzeiro, um comissário perguntou se havia algum militar entre os passageiros. Alguém se apresentou e foi aplaudido em pé. É possível imaginar uma cena dessas no Patropi? JAIR, San Diego, 30/05/11.

5 comentários:

Leonel disse...

Pois é, Jair, quando falam essas coisas e costumes americanos, alguns baseados em falácias, eu encaro a realidade do Brasil.
Aqui, ninguém cai nessas lorotas de pátria e liberdade, o brasileiro é esperto demais para acreditar em alguma coisa além das arengas de um pau d'água!
Eu me pergunto quem está mais errado!
Talvez possamos ter alguma idéia pelos resultados!
Com essas atitudes, algumas erradas ou discutíveis, eles se tornaram a Roma do Séc. XX.
Nós, os "gente boa" e que não caímos nessa, fizemos essa república de bananas que ninguém respeita, e onde as pessoas honestas andam de cabeça baixa!
Mas foi uma ótima reportagem, mostrando aspectos pouco conhecidos da vida americana.
Abraços!

André Moura disse...

Perfeita apresentação.
Estou em Miami, em baseamento temporário, e o sentimento de reconhecimento e, quase idolatria, é esse mesmo.
Feliz do povo que cultua seus heróis, mesmo que anônimos.
E os textos estão cada vez melhores.
Abs.

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jair,
já estás nomeado, ‘nosso repórter nas terras do Tio San. Excelentes e preciosos os detalhes.
Belicoso como é este país, precisam de muitos cemitérios para acomodar seus ‘heróis’.
A homenagem ao militar no avião é mais um exemplo como prezam a guerra.
Curte estas andança e amealhe crônicas saborosas como esta

attico chassot

Anônimo disse...

Olá Jair, tem um desafio no meu blog pra você bjinhos e divirta-se

Camila Paulinelli disse...

Olá,

Acho louvável o patriotismo americano. Texto excelente! Beijos da nora,