A espaçonave de turismo espacial da empresa britânica Virgin Galactic completou seu primeiro vôo de teste em 23/03/2010. Acoplada à nave-mãe, a VSS Enterprise voou sobre o deserto de Mojave, no Estado americano da Califórnia, durante quase 3 horas. A espaçonave atingiu mais de 13 mil metros de altitude. Os testes da VSS Enterprise continuarão em 2011, e os primeiros vôos comerciais estão previstos para 2012. A passagem para um vôo espacial custará US$ 200 mil.
Quando eu era criança, antes mesmo que os EUA e a URSS dessem seus primeiros passos no que se convencionou chamar de corrida espacial, éramos bombardeados com aventuras no espaço sideral através da leitura de ficção em forma de quadrinhos, como Flash Gordon e similares que viajavam até galáxias distantes. Olhando a História da humanidade parece saltar aos olhos que o ser humano sempre olhou para o alto e imaginou uma fronteira ser conquistada. Vieram as primeiras viagens suborbitais, seguidas de ousadas órbitas múltiplas em torno do Planeta, a chegada à Lua, sondas espaciais para além do sistema solar, estação espacial permanente e, finalmente, viagens pagas por milionários nos equipamentos existentes. Delineou-se o que chamamos de turismo espacial.
Há quem diga que o crescimento das atividades para o desenvolvimento de serviços de passageiros em viagem espacial é muito promissor, contudo, há uma idéia difundida, mas equivocada, de que o turismo espacial continuará a ser uma atividade de pequena escala dos muito ricos. A verdade é que, tendo sido adiado por muito tempo por falha de as agências governamentais em divulgarem seu conhecimento adquirido ao longo de seus programas, há uma demanda reprimida (eu gostaria de viajar pelo espaço) por essas excursões, o que poderá estimular o crescimento dos serviços de viagens espaciais e transformá-los em uma grande e rendosa indústria nova. Ou seja, a técnica e o conhecimento do negócio existem para permitir que o turismo no espaço possa crescer para um volume de negócios que permita seu barateamento até ser possível atender a demanda de pessoas comuns com alguma grana no bolso e um grande desejo de fazer algo diferente. Talvez nenhuma atividade, portanto, ofereça maiores benefícios econômicos que o rápido desenvolvimento de serviços de baixo custo para esse tipo de turismo. Se as grandes economias (EUA e Europa) quiserem, políticas do governo devem ser revistas para refletir essa vontade.
Ao longo da chamada corrida espacial, talvez até por preocupações de segurança e de não “entregar o ouro”, as políticas têm conseguido muito menos valor econômico do que teria sido possível se a maior prioridade fosse dada à economia em vez de apenas objetivos políticos e ideológicos. Medido em termos convencionais, o retorno sobre o investimento público nas atividades espaciais tem sido negativo até hoje, gastou-se muito em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias e obteve-se resultados pífios em relação a ganhos no mercado. Se, desde o início, a cada conquista se atrelasse um investimento visando o mercado consumidor, certamente hoje o quadro seria outro. Por exemplo, só depois da queda do regime comunista a Rússia, claro que pressionada pela crise econômica que adveio, abriu seus centros espaciais para viagens espaciais pagas e lançamentos comerciais de satélites civis.
Um evento que ajudou a esclarecer esse fracasso político foi o vôo orbital de sete dias do milionário americano Dennis Tito, em 2001. Ele escolheu a Soyuz com foguetes de fabricação russa, uma vez que esta era a maneira mais barata e mais segura para atingir a órbita terrestre. A astronave (?) Soyuz é estritamente baseada no "R7" míssil inter-continental, que em 1957 se tornou o primeiro foguete a lançar um satélite, o"Sputnik I". Assim, o voo de Tito revelou um fato importante e marcante: o custo real, medido em termos de hardware real e propelentes utilizados, não mudou em nada desde 1957. Considerando que a tecnologia (software) e o conhecimento tendem a baratear custos do que quer que seja, os vôos orbitais atuais serão significativamente mais baratos que os já realizados.
Claro que existem aqueles céticos que dirão que tal “extravagância” não estará jamais ao alcance do público, mas a eles vale lembrar que há dois séculos era impensável admitir passageiros nas travessias transatlânticas. Também, há um século, as então geringonças voadoras não davam sinal que se tornariam o meio de transporte mais importante do mundo como agora o são. Seja como for, ainda quero viver em um mundo no qual seja possível reservar lugar num voo de oito dias ao redor do Planeta. JAIR, San Diego, 26/05/11.
Há quem diga que o crescimento das atividades para o desenvolvimento de serviços de passageiros em viagem espacial é muito promissor, contudo, há uma idéia difundida, mas equivocada, de que o turismo espacial continuará a ser uma atividade de pequena escala dos muito ricos. A verdade é que, tendo sido adiado por muito tempo por falha de as agências governamentais em divulgarem seu conhecimento adquirido ao longo de seus programas, há uma demanda reprimida (eu gostaria de viajar pelo espaço) por essas excursões, o que poderá estimular o crescimento dos serviços de viagens espaciais e transformá-los em uma grande e rendosa indústria nova. Ou seja, a técnica e o conhecimento do negócio existem para permitir que o turismo no espaço possa crescer para um volume de negócios que permita seu barateamento até ser possível atender a demanda de pessoas comuns com alguma grana no bolso e um grande desejo de fazer algo diferente. Talvez nenhuma atividade, portanto, ofereça maiores benefícios econômicos que o rápido desenvolvimento de serviços de baixo custo para esse tipo de turismo. Se as grandes economias (EUA e Europa) quiserem, políticas do governo devem ser revistas para refletir essa vontade.
Ao longo da chamada corrida espacial, talvez até por preocupações de segurança e de não “entregar o ouro”, as políticas têm conseguido muito menos valor econômico do que teria sido possível se a maior prioridade fosse dada à economia em vez de apenas objetivos políticos e ideológicos. Medido em termos convencionais, o retorno sobre o investimento público nas atividades espaciais tem sido negativo até hoje, gastou-se muito em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias e obteve-se resultados pífios em relação a ganhos no mercado. Se, desde o início, a cada conquista se atrelasse um investimento visando o mercado consumidor, certamente hoje o quadro seria outro. Por exemplo, só depois da queda do regime comunista a Rússia, claro que pressionada pela crise econômica que adveio, abriu seus centros espaciais para viagens espaciais pagas e lançamentos comerciais de satélites civis.
Um evento que ajudou a esclarecer esse fracasso político foi o vôo orbital de sete dias do milionário americano Dennis Tito, em 2001. Ele escolheu a Soyuz com foguetes de fabricação russa, uma vez que esta era a maneira mais barata e mais segura para atingir a órbita terrestre. A astronave (?) Soyuz é estritamente baseada no "R7" míssil inter-continental, que em 1957 se tornou o primeiro foguete a lançar um satélite, o"Sputnik I". Assim, o voo de Tito revelou um fato importante e marcante: o custo real, medido em termos de hardware real e propelentes utilizados, não mudou em nada desde 1957. Considerando que a tecnologia (software) e o conhecimento tendem a baratear custos do que quer que seja, os vôos orbitais atuais serão significativamente mais baratos que os já realizados.
Claro que existem aqueles céticos que dirão que tal “extravagância” não estará jamais ao alcance do público, mas a eles vale lembrar que há dois séculos era impensável admitir passageiros nas travessias transatlânticas. Também, há um século, as então geringonças voadoras não davam sinal que se tornariam o meio de transporte mais importante do mundo como agora o são. Seja como for, ainda quero viver em um mundo no qual seja possível reservar lugar num voo de oito dias ao redor do Planeta. JAIR, San Diego, 26/05/11.
4 comentários:
- Reserve um lugar para mim. Na janela, por favor.
- Abraços.
Nunca havia lido sobre o assunto. E você, escreve com excelência. Aprecio esse canto. Voltarei.
Abraço,
Débora.
As "janelas" que se abriram recentemente com esta concorrência aberta para projetos independentes de naves espaciais podem ser uma tendência!
Se esta moda pega, logo darão um jeito de viabilizar mais uma atividade lucrativa com as viagens turísticas ao espaço!
Entretanto, se alguma coisa sair errada, essa política pode ter um retrocesso!
Mas, se pudesse, claro que eu também gostaria de ver a terra azul!
Excelente texto, Jair!
Meu caro Jair,
lendo teu bem elaborado texto, remonto-me ao domingo, 6 de outubro de 1957, as manchetes de praticamente todos os jornais do Planeta versavam sobre o mesmo assunto. Eis como um jornal abria seus noticiários internacionais:
O Correio do Povo de Porto Alegre destacava: “O SATÉLITE ARTIFICIAL É A MAIOR VITÓRIA DA CIÊNCIA HUMANA ATÉ OS NOSSOS DIAS”. “Volta ao mundo cada 96,2 minutos. Ouvidas regularmente mensagens secretas do satélite em evolução.” “A maior velocidade já atingida por engenho humano. Moscou comemora o grande evento, enquanto o satélite perfaz 28.800 km por hora”.
Se desconsiderarmos os voos que envolveram Ícaro ou os passeios que fizemos conduzidos por Julio Verne foi naquele memorável que tudo começou.
Agora tu nos levas a novos sonhos.
Desejo que tu faças uma viagem.
Eu fico por aqui, com estima e admiração,
attico chassot
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