Quando, finalmente, em
janeiro de 1943, o presidente Roosevelt convenceu Getúlio Vargas a entrar na
guerra, este firmou um contrato que cedia bases no nordeste e norte do país às
forças americanas em troca de uma usina siderúrgica (CSN) de última geração a
ser instalada em Volta Redonda, RJ. O que se seguiu foi uma intensa construção
de bases operacionais em Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e Ilhéus com
um afluxo imenso de militares americanos apoiando aeronaves que fariam a travessia
do Atlântico rumo à África e à guerra no norte daquele continente.
Essa inusitada
invasão de militares estrangeiros suscitou a criação de várias estórias
relacionadas ao choque cultural de duas nações com costumes tão diferentes.
Conta-se até que o termo forró
nasceu dessa convivência forçada. Registrou-se que militares instalados em
Pernambuco para construir a Base de Recife, promoviam bailes abertos ao
público, ou seja, for all. Assim, o
termo passaria a ser pronunciado "forró" pelos nordestinos. Nada
comprovado, no entanto. Outra consequência quase natural de tantas aeronaves de
guerra sobrevoando as regiões norte e nordeste, foram os acidentes aéreos.
O Consolidated B-24 “Liberator” era o
bombardeiro americano de maior produção que qualquer outro avião americano
durante a Segunda Guerra Mundial, e foi usado pela maioria dos Aliados durante
o conflito. Era um bombardeiro pesado desenhado especialmente para voos de
longa distância, tinha capacidade de levar 5800 quilos de bombas e era
guarnecido por dez tripulantes. Grande número dessas aeronaves compôs as
esquadrilhas que faziam pousos no Brasil para depois atravessar o Atlântico.
Assim, as 09:15 da manhã do dia 11 de abril de 1944 a aeronave B-24 “Liberator”
número de série 42-95064 da USAF solicitou ao centro de controle de Belém,
informações sobre as condições meteorológicas. Foi a última comunicação que
fez, nada mais se soube dela durante 51 anos.
Os EUA mantêm um
órgão destinado a identificar restos mortais de seus soldados considerados
desaparecidos em combate e procurar os possíveis parentes desses militares mortos. Esse
órgão, Laboratório Central de Identificação do Exército no Havaí (CILHI), já
identificou milhares de soldados desaparecidos - especialmente do Vietnã - a
partir mesmo de restos mortais diminutos, após um processo que envolve longas
horas de análise científica e emprego da técnica de DNA. Pois, no ano de
1990, o CILHI recebeu informações que uma equipe de militares da FAB havia
encontrado destroços de uma aeronave B-24 em uma área desabitada, isolada da
floresta amazônica. Deslocou então 15 homens do exército para, juntamente com
militares brasileiros, fazer a identificação da aeronave e, se possível,
recolher restos mortais dos tripulantes.
Uma equipe da FAB
ajudou os pesquisadores CILHI durante um esforço de recuperação de três semanas
em uma área de densa floresta cerca de 50 milhas a nordeste do rio Amazonas próxima
à cidade de Macapá, localizada cerca de 250 quilômetros a noroeste do destino
do avião, Belém. Inicialmente os pesquisadores encontraram dois conjuntos de “dog tags” (plaquetas de identificação
que os militares trazem penduradas no pescoço) e numerosos fragmentos de ossos
no local. Ficou patente, pelas condições
dos fragmentos da aeronave, que todos os 10 tripulantes morreram na queda, não
havia sinais que indicassem alguma possível sobrevivência. Duas semanas de
escavação no local do acidente não acrescentou nada ao que já se tinha
descoberto. Contudo, depois terem escavado vários metros de profundidade e
estarem começando a perder a esperança, eles começaram a encontrar ossos, anéis
e “dog tags” com nomes e as patentes
escritas sobre eles. Onde o avião caiu um investigador encontrou uma carteira,
e outro teria encontrado várias notas de dólar de 1944, concluiu-se que o impacto
de alta velocidade da queda significava que pouco restou da aeronave. E a maior
parte dos destroços - espalhados por uma vasta área e em repouso por 51 anos -
nunca serão recuperados. Depois de três semanas, a equipe recuperou os restos
mortais de todos os 10 tripulantes e realizou um serviço cerimonial para a
tripulação em Macapá, capital do Amapá e, em seguida, os restos foram levados
para os EUA. Em pouco tempo, mais tarde, os peritos forenses CILHI confirmaram
que os restos mortais eram, de fato, da tripulação do “Liberator” 42-95064.
Os tripulantes foram
identificados como sendo:
1 - Segundo tenente
Edward I. Bares, piloto;
2 - Segundo tenente Robert
W. Pearman, co-piloto;
3 - Segundo tenente Laurel
Stevens, bombardeador;
4 - Primeiro tenente
Floyd D. Kyte Jr., navegador;
5 - Sargento John
Rocasey, artilheiro do nariz da aeronave;
6 - Sargento John E.
Leitch, engenheiro de voo;
7 - Sargento.
Michael Prasol, artilheiro de cauda;
8 - Sargento Herman
Smith, artilheiro do ventre;
9 - Sargento Max C.
McGilvrey, artilheiro da torre superior;
10 - Sargento Harry
N. Furman, operador de rádio (substituto não registrado como tripulante efetivo).
O desconhecido Harry
N. Furman não faz parte da tripulação original do avião, provavelmente
substituiu o operador de rádio Sargento Abe Pastor, no vôo fatídico. O destino
de Pastor é desconhecido. “É provável que o chefe da equipe de terra pode muito
bem ter substituído um dos tripulantes, que teria ido por mar'', disse Kevin
Welch, um veterano B-24. “Às vezes, algumas posições eram operadas por
tripulantes não-membros''.
Os restos da
tripulação foram enterrados no Cemitério Nacional de Arlington, Washington, no
dia 20 de fevereiro de 1995. JAIR, Floripa, 04/05/12.
Dados sobre essa
matéria podem ser encontrados nos saites:
10 comentários:
Muito interessante Nobre Colega... Confesso que adoro suas postagens aviatórias, além de aprender me divirto muito com elas!
Abraços...
Interessante.
Um abraço
Muito interessante, quem imaginaria que depois de tanto tempo fosse possível encontrar os restos do avião sinistrado na selva e ainda identificar os mortos. Parabéns pelo post, muito bom.
Estimado Jair,
levas-me a voos por regiões que me são ignotas.
Obrigado,
attico chassot
Apesar da fama do B-17 na II Guerra, o B-24 era superior em tudo, exceto talvez no design, pois os pilotos de outras aeronaves o chamavam jocosamente de "vagão voador", pelo formato de sua fuselagem.
Esta história é muito interessante, e me lembra também a de outro avião do mesmo tipo, que caiu no deserto do Sahara na mesma época, sendo encontrado após muitos anos, quase intacto, tendo "pousado" sem ninguém a bordo quando acabou o combustível. A tripulação saltou de paraquedas bem antes disso(todos pereceram de sede, vagando pelo deserto, e seus restos também foram encontrados).
Mais uma curiosidade aviatória para conferir!
Mandou bem, Jair!
Leonel,
Sobre esse acidente citado por você, escrevi "Réquiem para Lady Be Good" o qual publiquei em 23/11/10. Abraços, JAIR.
Nossa! Fico impressionada com estes acidentes aviatórios...Lembro de alguns desaparecidos como Mamonas Assassinas",Ulisses Guimarães...não tenho bem certeza do nome de um cantor,será que era o Agostinho dos Santos? Uma revoada no céu e a partida para o infinito.É só restam mesmo os ossos!!! Luci.
13 Maio 2012 às 19:27H.... Boa noite, Jair ! Outro artigo inusitado
e,a tanto quanto os demais que temos recebido, muito bem articulado e
com ótima visão de perspectiva histórica.
Estamos partindo em buscas de restos da aeronave. Se alguém souber de algo mais que possa acrescentar entre em contato
Só tem um problema: essa matéria provém de outra fonte, que por sua vez fez mal sua pesquisa. Em primeiro lugar, a entrada do Brasil no conflito NÃO FOI CONDICIONADA ao acordo da CSN - este foi acertado bem antes, e não há relação entre uma coisa e outra... Em segundo lugar, o Brasil declarou guerra em AGOSTO DE 1942, e não no ano de 1943 (como diz o texto). Em terceiro lugar, não foi o presidente americano quem convenceu o país a se engajar no conflito diretamente, e sim O POVO, após a Alemanha (em represália ao ataque ao submarino italiano Barbarigo pela FAB) ter atacado mais de TRINTA mercantes brasileiros, com considerável número de mortos civis.
Faltou checar as informações...
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