Primeiro existia o
nada absoluto, algo assim tão radicalmente imaterial, tão insubstancial que
nossas limitadas mentes humanas são incapazes de captar na totalidade. Depois,
segundo uma teoria amplamente aceita, dessa ausência total de qualquer coisa,
houve uma expansão súbita, uma absurda e tão rápida expansão que resolveram
chamá-la de Big bang. Embora o Big bang tão tenha sido uma explosão, é
a partir desse instante (bilionésimos de segundos) que se criou trilhões de
partículas sub-subatômicas, numa temperatura mais alta que temperaturas do
interior de estrelas atuais. Ainda não existiam átomos ou quaisquer de suas
partículas conhecidas como prótons, nêutrons e elétrons. Mas, na medida que esse
universo se expandia, esfriava e as minúsculas partículas sub-subatômicas se
combinavam e formavam os elétrons, nêutrons e próton, o processo adquiriu
impulso próprio de modo que essas partículas se recombinaram e formaram os
primeiros átomos de hidrogênio, a partir daí esses átomos se uniram formando
moléculas que reunidas em imensos aglomerados construíram as primeiras
estrelas. E, como sabemos, estrelas nascem, vivem e morrem, mas à cada morte de
estrela corresponde uma liberação de bilhões de bilhões de toneladas de
matéria. Essa matéria, “poeira de estrelas”, é que formou tudo que vemos e
conhecemos, todas as coisas vieram de estrelas primordiais que já não existem
mais.
Criada a terra,
surgiram mares, uma atmosfera, calor do sol e terras secas, tudo combinado de
forma a favorecer um aumento na interação das moléculas de forma deixá-las mais
complicadas. Então, cerca de 3,7 bilhões de anos atrás, substâncias bastante
complexas concentravam-se localmente, talvez em gotículas em suspensão, ou
espuma que secava nas margens dos mares. Sob a influência da energia dos raios
ultravioleta do sol, combinavam-se em moléculas maiores e mais, muito mais
organizadas. Pode-se perguntar por que isso não ocorre hoje. Moléculas assim
seriam rapidamente absorvidas, degradadas ou devoradas por bactérias e outros
seres vivos. Naqueles tempos as grandes moléculas orgânicas podiam boiar
livremente no caldo cada vez mais denso sem serem molestadas. Num dado momento
formou-se por acidente, uma molécula
notável, uma molécula que podia replicar-se. Então, teria surgido a vida.
Claro que essa
explicação é apenas provisória até que surja outra melhor que seja reproduzível
em laboratório, por exemplo. Mas o que quero focar é o que veio depois. Há
provas fósseis que os seres vivos primitivos eram incrivelmente simples, monocelulares,
geneticamente descomplicados e todos viviam na água. Então, há algumas centenas
de milhões de anos, algumas espécies anfíbias se adaptaram e passaram a viver
mais tempo na terra que na água, daí a marcha da evolução premiou aqueles seres
que tinham maior adaptabilidade e transformou-os em animais terrestres. E esses
animais, agora num ambiente diferente, desenvolveram aptidões e
particularidades que os tornaram organismos significativamente mais
complicados que aqueles que viviam nas águas.
O que se depreende
então dessa reorganização da matéria? O resultado de reunião de partículas que
formam átomos, depois moléculas e estrelas que acabam fornecendo matéria para a
construção de tudo, é que, desde o Big
bang o universo tende à complexidade.
A marcha do universo está caminhando do simples para o cada vez mais emaranhado.
O produto final dessa tendência à complexidade não está ao alcance de nossas
mentes, mas existe. É só atentarmos para o reino animal, por exemplo.
Organismos simples como bactérias são seres notavelmente mais antigos que
organismos surgidos depois cujos arranjos moleculares são complicados como os vertebrados
e, dentro da classe dos vertebrados, podemos afirmar que os que vieram depois
são mais complexos que os que vieram antes, vale dizer, peixes, são mais
simples que aves, que são menos complexas que mamíferos, então tudo caminha
para complexidade extrema. Não há nada que indique que algum organismo vivo
tenha alcançado grau de complexidade absoluto, nada nos faculta afirmar sequer
que exista um grau absoluto de complexidade. O que observamos, e está
perfeitamente claro, é que existe uma tendência definitiva à complexidade.
Alguns místicos e supersticiosos usam essa marcha da natureza para justificar um Ser anterior que a tudo teria criado e que estabeleceu um final onde a criatura ao atingir a complexidade absoluta encontraria esse Criador, teria se tornado a imagem de Deus. E mais, há os que acreditam que o ser humano é a criatura escolhida pelo Criador para se tornar o ser absoluto, apesar de que os organismos dos mamíferos têm o mesmo grau de complexidade. E o homem, não obstante sua inteligência supostamente superior aos demais, é o animal mais perverso de todos. Donde se depreende se o Ser supremo for perverso o homem é candidato ideal a tornar-se igual a ele, mas se a bondade e tolerância forem atributos necessários à sublimação do ser humano até tornar-se imagem do Criador, ele está fora do jogo, não é mesmo? JAIR, Floripa, 29/05/12.
Alguns místicos e supersticiosos usam essa marcha da natureza para justificar um Ser anterior que a tudo teria criado e que estabeleceu um final onde a criatura ao atingir a complexidade absoluta encontraria esse Criador, teria se tornado a imagem de Deus. E mais, há os que acreditam que o ser humano é a criatura escolhida pelo Criador para se tornar o ser absoluto, apesar de que os organismos dos mamíferos têm o mesmo grau de complexidade. E o homem, não obstante sua inteligência supostamente superior aos demais, é o animal mais perverso de todos. Donde se depreende se o Ser supremo for perverso o homem é candidato ideal a tornar-se igual a ele, mas se a bondade e tolerância forem atributos necessários à sublimação do ser humano até tornar-se imagem do Criador, ele está fora do jogo, não é mesmo? JAIR, Floripa, 29/05/12.
8 comentários:
Acho difícil acreditar nessa cosmogonia de laboratório. Nela não há lugar para poetas... nem para os aspectos transcendentais da amizade.
Abraços, amigo!
Metafísica, pura ! Por certo, se isto
possível, não só Kant, como igualmente Einsten assinariam embaixo !!
A complexidade do assunto fica fácil de entender pela maneira descomplicada que você escreve. Parabéns.
Só sei que desisti de querer entender o início e formação de tudo; todos vamos morrer divagando pelos mais complexos campos das teorias. É como disse Michel de Montaigne 'é uma ousadia perigosa de grande consequência, desprezar o que não compreendemos'.
Portanto, o que muitos não entendem, na dúvida entregam aos mistérios da sua religiosidade e de sua fé. Daquilo tudo que nos ensinaram, ainda pequenos. Tudo foi criado por um ser superior e ponto final. Mas continuamos na mesma. Furungando...
Abraços.
Fazendo-me entender... quis dizer 'furungando' porque não estamos convencidos de nada. Mas tentando incansavelmente em saber o que diz ou dirá a ciência!Essa é que interessa.
Pode ter sido assim que se formou o universo...Tanto como pode ter sido a flatulência de uma pulga cósmica, que veio ninguém sabe de onde!
Eu acho que a ciência sabe tão pouco sobre coisas assim, que nem se pode discutir a validade de qualquer teoria...
Por exemplo: se o universo começou de um ponto, em um tempo "zero", quer dizer que não havia nada "antes"?
Então, por que não ficou tudo como estava, sem existir nada?
Quer dizer apenas que a ciência resolveu contar o tempo a partir deste suposto momento em que começou a "explosão" do universo!
E de onde veio este espaço vazio para onde ele se exxpandiu?
Eu acho que precisa ter muita fé para acreditar em uma coisa da qual não temos a menor prova ou indício, e que teria ocorrido há tanto tempo que fundiria a cuca só em tentar pensar!
Se a humanidade milagrosamente conseguir durar mais uns 50.000 anos, seria interessante imaginar o que pensarão os homens do futuro sobre estas concepções de agora!
Talvez soltem muitas risadas, se ainda existir humor!
Mas, valeu pelo alongamento cerebral!
Abraços, amigo!
Muito interessante sua postagem, que de complexa, tem apenas o título ^^
Aprendi muito!
Abraços Meu Nobre Colega!
Rsrss... Sabe,amigo escritor,leio também os comentários dos leitores;parece que o Leonel já empregou em outros comentários o termo "flatulência". Neste, o termo ficou muito engraçado "flatulência de uma pulga cósmica".Bah! tchê...que estouro hein? pulgão danado...kkk
Luci
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