Se ignoramos os seres microscópicos como bactérias e vírus, podemos afirmar com segurança que a forma de vida que mais deu certo e que mais abunda no planetinha azul, são os insetos. Esses bichos de seis pernas, com exoesqueletos, divididos em cabeça, tórax e abdômen, a maior parte das vezes com asas, são resultado do caminho evolutivo mais bem sucedido que se conhece. Antes que alguém pergunte, aranhas não são insetos, têm oito pernas, dividem-se em encefalotórax e abdômen, são artrópodes e parentes dos escorpiões e dos caranguejos. Registros fósseis nos provam que insetos habitam o Planeta há bilhões de anos e não há qualquer indício que deixarão de existir algum dia.
Pois bem, o bicho homem, este animal não tão bem sucedido como os insetos, mas arrogante de doer, o mais das vezes ao avistar um bichinho destes, tende a matá-lo. Parece que insetos são objeto de repulsa, nojo, medo ou desprezo, nenhum sentimento altruísta ou bondoso, embora abelhas e bichos-da-seda sejam animais que prestam serviços relevantes a humanidade desde que a civilização começou.
Os insetos ocupam todos os continentes, inclusive a Antártida, e todos os ambientes, desde o lodo de rios e lagos, até milhares de metros acima do solo, passando por montanhas geladas, florestas e desertos inóspitos. O bichos são perseverantes, versáteis e resistentes, o Planeta é deles, nós somos apenas inquilinos malcriados e danosos que ao invés de pagar aluguel detonamos o ambiente no qual vivemos.
A natureza no seu caminho evolutivo sempre fez experiências no sentido de explorar todas as possibilidades de formas, meios de locomoção, tamanhos, tipo de reprodução, alimentos, adaptabilidade ao meio, longevidade, força e toda uma complexa gama de diferenças entre suas diversas criações. Assim, o número de pernas, por exemplo, varia desde seres sem pernas até o milípede que, ao contrário do que o nome sugere, pode ter um pouco mais de cem pares de patas. Os mamíferos, aves e répteis têm nenhuma (baleias e golfinhos) duas ou quatro pernas, os peixes nenhuma, mas os insetos têm seis. Então, será que seis pernas é uma boa solução?
Então, cientistas da NASA envolvidos numa pesquisa visando construir um meio de transporte adequado à exploração em outros planetas, descobriram que um veículo com maiores possibilidades de locomover-se bem em terreno desconhecido, mas certamente irregular e hostil, seria um carro com seis rodas ou seis pernas. O Mars Rover é resultado dessa conclusão. Porque será hein? Simples, lembremos aquela definição de geometria: “três pontos não alinhados no espaço estão SEMPRE no mesmo plano”. Ai vem uma observação dos entomólogos (estudiosos dos insetos): ao deslocar-se, em qualquer momento, o inseto sempre estará apoiado em três pernas. Portanto, o inseto sempre estará estável qualquer que seja a superfície na qual ele se apóie. É só lembrar que suportes para instrumentos ou objetos de precisão que devem atuar ao ar livre usam tripés: máquinas fotográficas e teodolitos, por exemplo. Não é de estranhar, portanto, que insetos sejam tão bem sucedidos na corrida evolutiva, eles “descobriram” o número ideal de patas que os tornam estáveis e possivelmente vencedores dessa corrida que ainda está em pleno agito. No futuro vencerão os mamíferos que desenvolverem seis pés, quem viver verá.
Então, além dessa magnífica solução para locomover-se a pé, os insetos ainda possuem asas na sua maioria. Vejamos a libélula. Esse magnífico inseto de quatro asas transparentes e esverdeadas que vive voejando sobre córregos e pequenos lagos é um predador formidável de outros insetos, girinos e alevinos, quem diria! Na fase larval, o inseto vive dentro da água onde come girinos e alevinos, logo que se transforma em adulto voa sobre os cursos de água e ataca outros insetos. Pois é, além de voar ele tem uma vida subaquática como um submarino armado e predador, coisa de filme tipo “Oitavo passageiro”, aliás, a forma daquele monstrengo alienígena criado para o filme foi baseada nos insetos.
Insetos de todo mundo, esses bichinhos em geral vegetarianos, também se encontram na base da cadeia alimentar. Eles servem de alimento a outros insetos, aves, répteis, mamíferos e até ao homem. No oriente é comum gafanhotos, grilos e cigarras serem degustados como iguarias de gosto exótico e prenhes de proteínas. No nordeste brasileiro as tanajuras fazem parte de um cardápio exótico, sendo iguaria em mercados públicos como o de São José, em Recife. Tanajuras são fêmeas férteis das formigas saúvas, aquelas mesmas que “acabam com o Brasil se o Brasil não acabar com elas” como disse Saint-Hilaire, botânico, naturalista e viajante francês, que aqui esteve em 1816.
Em 2009 publiquei um texto muito bom sobre insetos chamado, “Coleópteros”, onde desmistifiquei a lenda que esses bichinhos são responsáveis pelas perdas nas lavouras, me expressei assim: “Assim, nos acostumamos associar esses bichos com danos que eventualmente eles nos causam e os temos na conta de inimigos públicos, para dizer o menos. Entretanto, essa idéia de perversidade ligada ao inseto não se traduz em números, das 350 mil espécies conhecidas de coleópteros, apenas algumas dezenas, efetivamente, ocupam-se em atacar os cultivares desenvolvidos para alimentação humana, a esmagadora maioria é inocente, ou seja, trata-se de insetos inofensivos que só estão preocupados com a reprodução, alimentação e modus vivendi lá deles, sem atinar que na superfície do planeta em que vivem, existe um tal de Homo sapiens, seja lá o que isso for ou represente para sua própria existência”. Pois bem, esse é terceiro texto mais lido de meu blogue com 4.692 visualizações de página até hoje (04/03/12), só perdendo para “Iakuza” e “Cinema”.
Claro que não sou entomólogo, mas gosto imensamente de insetos, já escrevi além do texto citado, “Lepidópteros” cujo tema são as borboletas, então quero finalizar com este fecho que usei anteriormente com relação aos Coleópteros: “De todos os coleópteros o Vaga-lume talvez seja o mais exótico de todos. Bem, considerando esse multimilenar universo de seres tão pequenos quando hostilizados, podemos facilmente escolher os coleópteros como os representantes mais formidáveis do mundo dos insetos pela sua espantosa variedade, pela diversidade de suas aptidões e pela beleza de seus coloridos” JAIR, Floripa, 04/03/12.
Pois bem, o bicho homem, este animal não tão bem sucedido como os insetos, mas arrogante de doer, o mais das vezes ao avistar um bichinho destes, tende a matá-lo. Parece que insetos são objeto de repulsa, nojo, medo ou desprezo, nenhum sentimento altruísta ou bondoso, embora abelhas e bichos-da-seda sejam animais que prestam serviços relevantes a humanidade desde que a civilização começou.
Os insetos ocupam todos os continentes, inclusive a Antártida, e todos os ambientes, desde o lodo de rios e lagos, até milhares de metros acima do solo, passando por montanhas geladas, florestas e desertos inóspitos. O bichos são perseverantes, versáteis e resistentes, o Planeta é deles, nós somos apenas inquilinos malcriados e danosos que ao invés de pagar aluguel detonamos o ambiente no qual vivemos.
A natureza no seu caminho evolutivo sempre fez experiências no sentido de explorar todas as possibilidades de formas, meios de locomoção, tamanhos, tipo de reprodução, alimentos, adaptabilidade ao meio, longevidade, força e toda uma complexa gama de diferenças entre suas diversas criações. Assim, o número de pernas, por exemplo, varia desde seres sem pernas até o milípede que, ao contrário do que o nome sugere, pode ter um pouco mais de cem pares de patas. Os mamíferos, aves e répteis têm nenhuma (baleias e golfinhos) duas ou quatro pernas, os peixes nenhuma, mas os insetos têm seis. Então, será que seis pernas é uma boa solução?
Então, cientistas da NASA envolvidos numa pesquisa visando construir um meio de transporte adequado à exploração em outros planetas, descobriram que um veículo com maiores possibilidades de locomover-se bem em terreno desconhecido, mas certamente irregular e hostil, seria um carro com seis rodas ou seis pernas. O Mars Rover é resultado dessa conclusão. Porque será hein? Simples, lembremos aquela definição de geometria: “três pontos não alinhados no espaço estão SEMPRE no mesmo plano”. Ai vem uma observação dos entomólogos (estudiosos dos insetos): ao deslocar-se, em qualquer momento, o inseto sempre estará apoiado em três pernas. Portanto, o inseto sempre estará estável qualquer que seja a superfície na qual ele se apóie. É só lembrar que suportes para instrumentos ou objetos de precisão que devem atuar ao ar livre usam tripés: máquinas fotográficas e teodolitos, por exemplo. Não é de estranhar, portanto, que insetos sejam tão bem sucedidos na corrida evolutiva, eles “descobriram” o número ideal de patas que os tornam estáveis e possivelmente vencedores dessa corrida que ainda está em pleno agito. No futuro vencerão os mamíferos que desenvolverem seis pés, quem viver verá.
Então, além dessa magnífica solução para locomover-se a pé, os insetos ainda possuem asas na sua maioria. Vejamos a libélula. Esse magnífico inseto de quatro asas transparentes e esverdeadas que vive voejando sobre córregos e pequenos lagos é um predador formidável de outros insetos, girinos e alevinos, quem diria! Na fase larval, o inseto vive dentro da água onde come girinos e alevinos, logo que se transforma em adulto voa sobre os cursos de água e ataca outros insetos. Pois é, além de voar ele tem uma vida subaquática como um submarino armado e predador, coisa de filme tipo “Oitavo passageiro”, aliás, a forma daquele monstrengo alienígena criado para o filme foi baseada nos insetos.
Insetos de todo mundo, esses bichinhos em geral vegetarianos, também se encontram na base da cadeia alimentar. Eles servem de alimento a outros insetos, aves, répteis, mamíferos e até ao homem. No oriente é comum gafanhotos, grilos e cigarras serem degustados como iguarias de gosto exótico e prenhes de proteínas. No nordeste brasileiro as tanajuras fazem parte de um cardápio exótico, sendo iguaria em mercados públicos como o de São José, em Recife. Tanajuras são fêmeas férteis das formigas saúvas, aquelas mesmas que “acabam com o Brasil se o Brasil não acabar com elas” como disse Saint-Hilaire, botânico, naturalista e viajante francês, que aqui esteve em 1816.
Em 2009 publiquei um texto muito bom sobre insetos chamado, “Coleópteros”, onde desmistifiquei a lenda que esses bichinhos são responsáveis pelas perdas nas lavouras, me expressei assim: “Assim, nos acostumamos associar esses bichos com danos que eventualmente eles nos causam e os temos na conta de inimigos públicos, para dizer o menos. Entretanto, essa idéia de perversidade ligada ao inseto não se traduz em números, das 350 mil espécies conhecidas de coleópteros, apenas algumas dezenas, efetivamente, ocupam-se em atacar os cultivares desenvolvidos para alimentação humana, a esmagadora maioria é inocente, ou seja, trata-se de insetos inofensivos que só estão preocupados com a reprodução, alimentação e modus vivendi lá deles, sem atinar que na superfície do planeta em que vivem, existe um tal de Homo sapiens, seja lá o que isso for ou represente para sua própria existência”. Pois bem, esse é terceiro texto mais lido de meu blogue com 4.692 visualizações de página até hoje (04/03/12), só perdendo para “Iakuza” e “Cinema”.
Claro que não sou entomólogo, mas gosto imensamente de insetos, já escrevi além do texto citado, “Lepidópteros” cujo tema são as borboletas, então quero finalizar com este fecho que usei anteriormente com relação aos Coleópteros: “De todos os coleópteros o Vaga-lume talvez seja o mais exótico de todos. Bem, considerando esse multimilenar universo de seres tão pequenos quando hostilizados, podemos facilmente escolher os coleópteros como os representantes mais formidáveis do mundo dos insetos pela sua espantosa variedade, pela diversidade de suas aptidões e pela beleza de seus coloridos” JAIR, Floripa, 04/03/12.
9 comentários:
Adorei sua compilação 'insectária'... Sandices a parte, insetos me agradam ^^
Como sempre, parabéns pela qualidade e diversidade das informações apresentadas!
Abraços Fraternos!
Enciclopédico amigo,
Somente para agregar ao seu cabedal de informações entomológicas muito bem dissecado no texto, queria acrescentar que R. Bolaños, o humorista mexicano do El Chavo, criou seu personagem anti-héroi baseado num inseto incomum. Chapolim, nada mais é do que um gafanhoto avermelhado que serve de iguaria naquela região.
Tu imaginas mastigar um gafanhoto frito?
Bom texto!
Muita paz!
Bravo! Sem contar que nossos amigos entomata inventaram uma tal de "metamorfose" que lhes proporciona viver como três ou quatro bichos diferentes, um após o outro. Terá a borboleta saudades de sua vida de lagarta?
Abraços.
Amigo, excelentes e enriquecedoras as sandices sobre os insetos!
Só me permito a discordar quanto á esta possível futura mutação para mamíferos com seis pernas!
Acho que o tão desastrado Homo Sapiens, que já desenvolveu habiidade para se deslocar com apenas dois pontos de apoio (sendo que os sacis usam apenas um), já traçou seu destino, e jamais regredirá a andar deitado sobre seis pernas!
Saudações por mais uma magistral blogada!
Jair,
excelente aula de entomologia aplicada. Não moto nem barata. Com as formigas, faço tratados de paz! Vom mosquitos, uso repelentes que os afastem sem matar.
Outo assunto: quando um caboclo, que nunca estudou geometria euclidiana que fazer um mocho(=Assento sem costas para uma pessoa) ¿ quantos pés ele coloca. Três, e sabe que nunca terá um pé ‘em falso’.
Obrigado pelo privilégio de ser teu leitor,
attico chassot
Jair:
Olha, esses bichinhos horrorosos que estão aí na foto, me causam certa fobia, principalmente a barata! Entro em surto; realmente você deu uma aula ótima, mas pra mim o problema é outro, teria de ir no meu inconsciente para ver qual o problema que apresento com estes seres... lindos para alguns, mas para mim um tormento; tenham eles quantas pernas tiverem... Mas reconheço que você sabe muito sobre esses 'mimosos'.
Vi que você já leu esse texto, então sabe do que falo...
http://taisluso.blogspot.com/2011/09/fobia-por-baratas.html
Abraços,
Tais
Bom dia Jair!
Amanheci em meio a insetos...Acho que sou depredadora de alguns deles.Tenho arrepios ao me defrontar com baratas,formigas que invadem a casa,sem falar dos cupins...
Já me questionei quanto a isso,tão pequeninos e tão invasivos.Eu? assassina de insetos!!! Que maldade! Sabe Jair,temos muito que aprender ainda ...caro professor virtual!
Luci
Excelente texto, uma lição de cultura. Parabéns pela forma brilhante como escreve.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria
Sem dúvida um poste muito interessante. Apesar disso continuo a não gostar de insectos...
Um abraço e bom Domingo
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