quarta-feira, 4 de maio de 2011

Guerreiros


Escudo dos Seals.

Guerras, rixas, disputas territoriais, conquistas e submissão de povos por outros povos sempre fizeram parte da civilização, mesmo nos períodos de paz há sempre algum entrechoque de nações ou grupos em torno de algum assunto não resolvido por vias diplomáticas ditas normais. Claussevitz, com muita acurácia, dizia que a guerra é a continuação da diplomacia por outros meios. Em alguns casos, parece até que a diplomacia é a continuação da guerra por outros meios.

O emprego da guerra pelo Homo sapiens para impor sua vontade é tão comum e tão disseminado que não é estultice dizer que paz é um intervalo curto entre guerras o qual as nações usam para se rearmarem. De todo modo, não há nação ou civilização que não tenha participado de guerra em algum momento de sua história. A guerra é parte intrínseca desse status social que costumamos chamar de civilização. Assim sendo, é decorrência natural que povos, nações e países se preparem para, num dado momento, terçar armas com um vizinho ou até com não vizinho belicoso. Com raras e honrosas exceções todos os países do mundo atual têm forças armadas, com motivo explícito e constitucional de defesa, mas, quase sempre, com objetivos não tão claros. Nação constituída em forma de estado, igual a forças armadas organizadas, essa é regra.

Desde as primitivas organizações sociais humanas tipo, clãs, tribos e aldeias, o Homo, ora encurralado por oponentes, ora por desejo de conquista, organizou forças destinadas à luta. Guerreiros, fuzileiros, nobres, samurais, cavaleiros, soldados e outras denominações são empregados desde sempre para distinguir aqueles que lutam, seja por uma ideologia ou por qualquer outro motivo. Na medida em que as organizações sociais tornaram-se mais complexas, novas armas e técnicas de luta exigiram homens cada vez mais especialmente treinados e prontos para o combate. Obviamente, nos primórdios, quando os homens combatiam com algo não mais sofisticado que paus e pedras, o treinamento e a técnica de guerra se resumiam às empregadas na caça, nada mais. Contudo, a cada nova conquista ou invento técnico, deveria surgir a contrapartida da defesa igualmente mais eficiente, e isso incluía o próprio homem. O arco e flecha em si, eram empregados tanto para caça como para combate, mas os possíveis alvos humanos inventaram as armaduras, tão mais eficazes quanto melhor fosse o material empregado e melhor a condição física do guerreiro. Contra as armaduras surgiram armas melhores como as bestas, e o soldado passou a ser qualificado como atirador com besta contra um alvo mais ágil e muitas vezes montado. A corrida armamentista, na acepção pura da palavra, exigia cada vez mais e melhores soldados e cada vez mais investimentos. Não é necedade afirmar que guerras foram e são vetores históricos de progresso tecnológico e desenvolvimento físico e intelectual dos homens.

Quando os conflitos, não só pelas ideologias opostas, se tornaram de alcance mais geral, mundiais até, os militares passaram a empregar armas mais letais e tornaram-se profissionais cada vez melhor especializados. Surgiram, ao lado dos soldados comuns, os combatentes altamente treinados para missões especiais fora dos padrões aceitos como normais. Os EUA, como país mais belicoso da metade do século vinte até o atual, criaram soldados especiais para missões que exigem técnicas de concentração, força e habilidades físicas e conhecimento de armamentos e explosivos, assim como informações profundas em tecnologia eletrônica de ponta. As tropas especiais da Marinha do Exército e da Força Aérea americanas são a elite das elites dos militares do Planeta. Não que outras nações não tenham suas tropas especiais, o Reino Unido provou a excelência de seus soldados especiais na guerra das Malvinas, mas os EUA colocaram os Seals, os Green Berets e os Ghost Warriors, num patamar acima de qualquer tropa de qualquer outro país.

Os Seals da Marinha americana são selecionados entre os militares fisicamente mais resistentes, hábeis e fortes, além disso, passam por treinamento extremamente rigoroso e exaustivo que elimina, em geral, três quartos dos pretendentes. Quem passa pela base de treinamento dos Seals na ilha Coronado, em San Diego, Califórnia, pode ser considerado o soldado mais bem treinado e condicionado do Planeta. Um Seal é uma máquina perfeita de luta, suas habilidades e condições físicas o tornam uma arma letal em qualquer campo que se desenvolva o rencontro com o inimigo. Esquivo como ninja, pára-quedista, homem-rã, especialista em explosivos e infiltração, nadador excepcional, atirador exímio – na verdade, snniper - conhecedor e hábil em quase todos os armamentos modernos, inclusive os do inimigo, um Seal encerra em apenas um homem o que, num mundo normal, seria habilidade de combate e poder de fogo de um pelotão ou até de uma companhia. A exemplo do Samurai no Japão medieval, o Seal infunde terror e respeito a qualquer inimigo apenas com sua existência. A ação dos seals na eliminação de Bin Laden no Paquistão este mês é uma prova da eficiência deles. Os Green Berets do Exército americano também representam o que há de mais seleto e excelso nas fileiras daquela arma, no Vietnã eles provaram sua eficiência. Enquanto para cada morte de inimigo usavam-se mais de três mil tiros executados por soldados comuns, o índice caía para 1,6 tiros por morte quando o atirador era um Green Beret.

Parece que soldados cujo treinamento requer tanto tempo e investimentos, e que usam equipamentos os mais sofisticados e caros, seriam por demais onerosos se comparados aos militares comuns, mas isso não é verdade. O que um grupo de quatro seals pode fazer e faz num combate, compensa o investimento, a guerra é um negócio, também visa melhorar a relação custo benefício dos gastos. Enquanto existirem desavenças que resultem em guerras, as nações estarão, cada vez mais, apostando na excelência dos homens e armas. Num futuro previsível, as forças armadas terão seus efetivos diminuídos, mas serão compostas de soldados “top fire”, armados com equipamentos de última geração capazes de eliminar os inimigos com eficácia jamais imaginada. E os homens serão selecionados e treinados para se tornarem super soldados, todos eles uma espécie de seals com up grade. Quem viver verá. JAIR, Matinhos, 01/01/11.

5 comentários:

R. R. Barcellos disse...

- Não concordo, Jair. Unidades especiais de super-soldados permanecerão restritas a operações especiais. O soldado comum - aquele que não passou na triagem ou não suportou esse treinamento - continuará sendo bucha de canhão, como sempre foi. E a convocação e treinamento apressado de conscritos civis será sempre praticada quando da eclosão de guerras. Abraços.

Luci disse...

O meu cérebro deve ser limitado,pois a exemplo de Mahatma Gandi e Jesus Cristo, que proclamam a paz entre os homens, percebo que para defender os bens conquistados,as armas se fazem necessárias...Então usá-las é a
práxis governamental,então guerra e paz se tornam antagônicas e parte de um mesmo processo...Luci.

J. Muraro disse...

Achei emblemática a expressão: "a guerra é um negócio", porque podemos observar pelas guerras modernas empreeendidas por países dominantes, que por trás de objetivos declarados como "implantar democracia" e outras expressões vazias, está apenas o interesse, petróleo principalmente. Não acredito que os EUA invadiu o Iraque porque havia uma ameaça do uso de armas de destruição em massa, alega pelo Bush, havia sim, grandes negócios de petróleo a vista. A GUERRA É UM NEGÓCIO é a melhor sacada do texto, o qual está muito bom, parabéns.

Leonel disse...

Jair, eu gostava muito de um jogo de computador chamado TOTAL ANNIHILATION, onde os oponentes formavam forças armadas compostas totalmente de robôs, com diversas características e habilidades.
Eu penso que no futuro, a exemplo do que já se começa a fazer com os aviões, os confrontos poderiam ser quase exclusivamente entre robôs: aviões, tanques, navios, etc...
É difícil imaginar guerra sem vítimas humanas!
Mas, eu sou um sonhador: se não podemos acabar com as guerras, pelo menos poderiamos torna-las menos sangrentas!
Abraços!

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jair,
posso ser ingênuo, mas parece-me doloroso – logo inconcebível, para alguém que tem dificuldade de matar um mosquito – haver tropas superespecializadas para matar. Bin Laden foi morto indefeso, sem julgamento e ante crianças. Seus executores sejam ladrãozinhos de galinha ou estes mariners seletos, são assassinos.
Em outubro de 2009 no um blogue escrevi acerca da inadequação de se dar o prêmio Nobel da Paz a Obama, agora deveríamos exigir que ele o devolvesse.
Com encantamentos pelas aulas que trazes aqui
attico chassot