Quando do “descobrimento” e colonização do Novo Mundo é senso comum e plenamente aceito que Pizarro e Cortez foram dois desumanos conquistadores que dizimaram sem a menor contemplação os nativos do México e do Peru. Sabe-se por relato dos próprios espanhóis as atrocidades que esses senhores cometeram contra os Astecas e Incas naquelas regiões, mas nada se diz sobre os primeiros contatos de Colombo com os nativos da ilha chamada Hispaniola, que depois passou a ser conhecida por ilha de São Domingos, e é onde sem encontram Haiti e República Dominicana hoje. Pois bem, outro espanhol, padre Bartolomé de Las Casas, grande defensor dos povos nativos americanos, nos deixou um documento do impacto que causou os desembarques de Colombo no Caribe.
Colombo achava que estava navegando para Cataio (China) e, para isso, carregava uma cópia impressa das viagens de Marco Polo àquela região e um tradutor que falava árabe, supondo que os mongóis ainda dominassem a China, apesar de terem sumido de lá depois de uma fragorosa derrota em 1268. Falta de informação era com ele mesmo!
Pois é, quase não se comenta, mas o Genovês fez quatro viagens ao Caribe. Na primeira, desembarcou na ilha Hispaniola com 120 homens para fazer exploração, crente que estava no oriente. O tainos que ali viviam cultivavam milho, batata-doce, pimenta, mandioca, algodão e tabaco, e eram pacíficos como cordeirinhos. Eles se adornavam de fragmentos de ouro em suas vestimentas e cabelos; não negociavam o precioso metal e não conheciam o ferro. Eram gentis, curiosos e amáveis; outras tribos que viviam em ilhas próximas costumavam guerrear, eles não. Os tainos receberam Colombo e, a pedido dele, o encaminharam aos locais onde existia ouro. Ao se retirar para a Espanha, Colombo deixou na ilha 40 homens para consolidar a ocupação, estes estupraram, brigaram, assassinaram e roubaram. O tainos, ainda que em legítima defesa, mataram todos.
Na viagem seguinte o número de homens que Colombo levou foi multiplicado por dez, eram 1200 homens, além de bovinos, porcos, cabras e cavalos. A idéia era montar uma colônia permanente. Mais uma vez o comportamento brutal dos espanhóis: estupros, roubos de comida e de ouro causou uma comoção tal que levou os tainos à guerra. Após um ano de combates, durante os quais os espanhóis mataram dezenas de milhares de uma população calculada em 250.000 almas, os sobreviventes foram obrigados a pagar tributos em ouro, alimentos e algodão tecido a título de indenização aos invasores. Parece que Hitler sabia dessa história ao obrigar os judeus a pagarem os prejuízos depois da “noites dos cristais” em 1938. Vale lembrar que não havia grandes depósitos de ouro na ilha, o que lá existia tinha sido acumulado durante séculos de coleta em terra, mas os invasores não quiseram saber, quem não conseguia pagar o tributo tinha as mãos decepadas depois era morto. Os animais trazidos pelos ibéricos dizimaram as plantações de alimentos dos tainos causando fome, doenças e morte.
3 comentários:
Jair, esta é uma história que eu preferia não saber. Eu não consegui passar das primeiras cenas do filme 1492! Tenho que criar coragem para vê-lo, pois não suporto quando começa a aparecer a inocência e a vulnerabilidade dos nativos ante a maldade e a cobiça dos conquistadores.
Mas, as verdades tem que ser vistas e conhecidas, sejam elas boas ou más!
E aí, você nos presenteou com mais um trabalho brilhante!
Abraços!
Essa é uma página meio esquecida da história que devemos lembrá-la sempre. Gostei do texto.
Olá,
Acredito que a história é bem mais macabra do que a que nos chegou em documentos até os dias de hoje. Uma pena que povos sofreram barbaridades sem chance de alguma justiça. Se é que ela funciona hoje em dia! Beijos da nora,
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