No momento que o mundo está apreensivo com o que pode acontecer em decorrência dos vazamentos radioativos da usina nuclear de Fukushima no Japão, nunca é demais relembrar o quando pode ser perigosa essa forma de energia “domada” pelo homem para fins bélicos e pacíficos. Recordemos que as únicas bombas nucleares usadas contra populações civis foram aquelas lançadas pelos americanos em Hiroxima e Nagazaki em 1945, com objetivo de colocar um término na guerra. Depois da guerra e, especialmente depois de 1949 quando a URSS explodiu sua primeira arma nuclear, os EUA passaram a investir pesado na fabricação dos artefatos atômicos. Sua principal fábrica de bombas era a Hanford Engineering Works, na margem esquerda do rio Columbia, no estado de Washington. Durante os 50 anos seguintes, Hanford liberou bilhões de litros de rejeitos radioativos no rio Columbia e deixou parte dessa matéria atingir o lençol freático. Calcula-se que a necessária faxina para esses 50 anos de irresponsabilidade nuclear deva durar 75 anos, custará em torno de 500 bilhões de dólares, e não haverá garantia que o resultado seja de limpeza total.
Desafiados pelos propósitos americanos, os soviéticos construíram um enorme complexo de armas nucleares e fizeram a maior parte de seus testes no Cazaquistão. Despejaram seus dejetos no mar, principalmente no oceano Ártico. O centro de reprocessamento de combustível nuclear no oeste da Sibéria é o ponto mais radioativo do Planeta. O local contém 50 vezes mais plutônio que Hanford. O potencial de letalidade desses lugares é algo para ser equacionado ainda, não existem parâmetros, nem mesmo em Hiroshima e Nagazaki, para avaliar se algum dia essas áreas poderão ser ocupadas por seres humanos.
Numa inversão de uso aparentemente louvável, de uma força que havia sido criada para destruição, URSS, EUA e Grã-Bretanha, logo depois da guerra iniciaram construções de usinas nucleares para transformar energia térmica oriunda da fissão de átomos, em energia elétrica. Como veremos, grande pisada na bola. Hoje existem no mundo 437 usinas nucleares em operação, mas nenhuma delas é viável comercialmente, todas só sobrevivem com pesados subsídios. Um kilowatt-hora de energia nuclear custa em média 16 centavos de dólar, contra 7 centavos da energia de combustível fóssil e menos de 5 centavos da energia hidroelétrica. E não existe qualquer meio conhecido de se livrar das varetas de combustível nuclear depois de usadas, elas continuam “quentes” por milhares de anos.
Até quando uma usina, como Chernobil, “não dá certo” o custo de fechamento é altíssimo. Quando houve acidente naquela usina em 1986, a liberação de vapor radioativo foi centenas de vezes maior que a radiação das bombas jogadas sobre o Japão. Para “limpar” a área e a própria usina foram empregados 750 mil militares e operários comuns, provavelmente um terço dos quais recebeu doses tais de radiação que, ou desenvolveram câncer, correm o risco de desenvolvê-lo ou já morreram pela exposição à radioatividade. A quantidade exata de mortos é desconhecida e talvez jamais seja revelada, porque a Rússia esconde dados da opinião pública, mas sabe-se que os números são alarmantes. Além disso, houve grave contaminação de alimentos, água e ar em vários países da Europa. Até hoje, amoras vendidas no mercado de Moscou apresentam níveis de radiação muito elevados. Calcula-se que os efeitos da radiação de Chernobil serão letais por 24 mil anos ainda.
Não precisa ser físico nuclear ou algum cientista altamente qualificado para perceber que o Homo sapiens está, como um cego sem cachorro, pisando num terreno minado do qual ele não sabe onde começa nem onde termina. O homem enveredou por essa trilha apostando todas suas fichas em algo que ele “achava” que ia dar certo, errou e perdeu-se num labirinto mítico. O achismo não é uma ciência exata, o resultado dessa aventura poderá ser a contaminação de extensas áreas do Planeta as quais se tornarão inabitáveis por milhares de anos, e que deixarão uma humanidade que teima em se expandir em progressão geométrica, com espaço cada vez menor de onde tirar seu sustento; rios e águas subterrâneas impraticáveis e radiação cancerígena ao alcance de todos. Será que é esse o mundo que desejamos deixar para nossos netos, porque um dia “achamos” que havíamos domado o átomo?
O Homo sapiens e a natureza estão, mais uma vez, em rota de colisão. No caso da energia nuclear a opção humana inflige graves e irreversíveis danos ao meio ambiente. Se persistirmos nesse caminho estamos colocando em risco o futuro da humanidade. Mudanças de rumo são fundamentais para que possamos ver uma possibilidade de sobrevivência pela frente. Tomara que esse acidente de Fukushima sirva para que as autoridades se motivem a encontrar meios alternativos de produzir energia consumível sem recorrer à fissão de átomos. Não temos o direito de comprometer o futuro do Planeta porque achamos que a energia nuclear pode gerar energia para construir uma civilização cujo conceito é questionável, ou seja, porque achamos que civilização é igual a consumismo desenfreado. JAIR, Floripa, 25/03/11.
6 comentários:
OS ALQUIMISTAS CONHECIAM O PODER E OSPERIGOS DA ENERGIA ATÔMICA A MUITO TEMPO ATRAS E TOMARAM O CUIDADO DE NAO DIVULGAR COM MEDO
DESSAS INFORMAçOES CAIREM EM MAOS ERRADAS, E PODESSEM FAZER MA UTILIZAçAO DESSES CONHECIMENTOS.
HITLER, SE SOUBESSE DISSO, NAO TERIA RESTADO MUITA COISA DESSE PLANTA NAO, OS CIENTISTAS, PERDERAM A RAZAO, O VATICANO TAMBEM, PORQ NUNCA FORAM PUROS DE CORAçAO, SO PENSAM EM DINHEIRO E COISAS MATERIAIS, ADQUIRIR RIQUEZAS ÀS CUSTAS DO SANGUE DOS OUTROS... REALMENTE, SEU BLOG FAZ JUZ AO NOME QUE TEM, VOCE CUIDA DA MENTE E CORAçAO DAS PESSOAS, VC É ALQUIMISTA E NAO SABEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE.
KKKKKKKKKKK
BOM DOMINGOOOOOOOOOOOOOOOOO.
Jair, lamentavelmente, este teu texto está cheio de verdades!
Eu gostaria de poder dizer que você está enganado, mas é isso mesmo!
Esse desvio onde entramos precipitadamente foi um caminho sem volta!
O mal já está feito e agora temos que rezar para que consigamos uma alternativa, pois já estamos sob a dependência das usinas nucleares para não entrar em colapso!
Mudar para carvão ou óleo? Aí a poluição vai nos atolar!
Energia eólica ou solar ainda são soluções alternativas caras e que não resolvem os problemas dos grandes conglomerados urbanos!
Oremos para que se consiga sucesso com a fusão nuclear, única formaa de obter energia limpa e quase ilimitada!
Aí, ainda teremos que conviver com as consequências destes erros do passado!
Jair, vejo a energia atômica como um mal necessário até que se desenvolva outras fontes confiáveis capazes de suprir a necessidades do homem, Também acho que se a humanidade entender que o custo-benefíco é muito alto, deverá, num movimento radical, reduzir os níveis de consumo de modo a não mais necessitar recorrer à fissão do átomo para obter energia. Seu texto está excelente como os demais, parabéns e continue escrevendo que aindo quero te ver na ABL.
Menos, Muraro!
- Há um tempinho atrás, o Homem domou o fogo, dando início à idade dos metais e abrindo caminho - literalmente a ferro e fogo - para as grandes civilizações. O preço foi conviver com incêndios, explosões e outras catástrofes causadas pelo nosso "escravo domado".
- Mas essas tragédias sempre estiveram dentro dos limites toleráveis pela biosfera. O que se vê hoje é a arrogância patrocinada pelo poder e pelo dinheiro, na busca incessante por mais dinheiro e poder, sem freio e sem medida, semeando pelo mundo afora as usinas nucleares "100% seguras".
- E o inafundável "Titanic", tripulado pelo capitalismo selvagem, prossegue imperturbável em seu curso, a todo vapor, ignorando orgulhosamente as humildes pedras de gelo que flutuam à sua frente - elas, sim, inafundáveis.
- Que que eu vou dizer a meus netos? Vistam seus coletes salva-vidas e estejam preparados para o pior...
- Espero que este assunto dure eternamente. Tenho um medo terrível do dia em que "alguém" escreva, a seu respeito, a palavra FIM.
- Abraços, amigão.
- PS: Noticiário desta manhã: mais um terremoto no Japão...
Meu caro Jair,
primeiro obrigado pelo prestígio que dás ao meu blogue, fazendo-te seguidor do mesmo.
Pediria autorização para publicar no meu blogue – evidentemente dando os créditos a ‘Um blog que pensa www.jairclopes.blogspot.com’ – o texto sobre Fukushima. Mesmo com minha formação em Química não produzira um texto com a qualidade do teu.
Com admiração,
Attico Chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
www.atticochassot.com.br
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