domingo, 2 de dezembro de 2012

Yraima


A jovem cientista Yraima Moura Lopes Cordeiro é membro da Academia Brasileira de Ciências. Doutora em ciências biológicas, hoje é professora adjunta do Departamento de Fármacos da Faculdade de Farmácia da UFRJ, universidade pela qual se graduou em ciências biológicas / modalidade médica e obteve os títulos de mestre e doutora, Summa cum laude, em química biológica.
Lembrando que a ABC é uma entidade que congrega os melhores e mais expressivos cientistas do país. Em paralelo, poderíamos dizer que a ABC representa para a ciência pátria o que a ABL representa para a literatura brasileira, mas com uma importante ressalva. Enquanto a ABL reúne em sua irmandade esdrúxulas indicações políticas como José Sarney e Marco Maciel, por exemplo, e outras inexplicáveis como Arnaldo Niskier e Ivo Pitanguy, a ABC utiliza critérios estritamente técnicos, de modo que seus membros são todos laureados com, no mínimo, doutorado. Além disso, grande maioria dos velhinhos membros da ABL, se limita a tomar chá nas reuniões modorrentas das quintas feiras e se auto louvar pelas obras que produziu. Enquanto a ABC é conhecida pela atuação firme e produtiva de seus membros nas suas respectivas áreas de trabalho.
Yraima foi uma garotinha perfeitamente normal para época e lugar onde nasceu e cresceu. Nasceu no Rio de Janeiro na década de 70, exatamente dois minutos após sua irmã Naiana, a qual também é doutora, mas em outra área.
O que faz uma garota em tudo normal se tornar sumidade em alguma área? A meu ver, seus pais e o ambiente saudável que a envolveu. Heloisa e Ruy, além de pais convencionais na educação de seus rebentos, sempre foram leitores vorazes e seletivos, na casa deles nunca estiveram ausentes bons livros de todas as áreas, bem como horas regulares de leituras diárias. As gêmeas, e mais o garoto Aimberê que veio depois, tiveram como referência e “habitat” um ambiente em que livros faziam parte do mobiliário e eram lidos e manuseados com familiaridade todos os dias. Assim, quando Yraima ingressou na escola, nunca se sentiu “obrigada” a estudar, nunca achou que livros e estudos eram chaturas pelas quais tinha que passar como um sacrifício de vestal, pelo contrário, a cultura livresca fazia parte de seu DNA familiar e ela nunca teve necessidade se esforçar muito para adquirir conhecimento. Vale lembrar também que sua infância foi povoada de aventuras e seres fantásticos, como gnomos, que habitavam o sítio de seu avô nas noites de verão iluminadas de pirilampos e sonorizadas por grilos e outros terríveis bichos talvez alienígenas que comiam cérebros de crianças. Como se vê, uma infância perfeitamente saudável, que ela, a irmã e o irmão aproveitavam nadando numa piscina natural do sítio, mesmo quando a temperatura invernal desaconselhava essa prática. Aliás, Yraima é exímia nadadora desde praticamente o berço, aprendeu a nadar antes de deixar as fraldas.
As férias quase sempre incluíam dias vividos intensamente em Visconde de Mauá onde rios, cachoeiras e mata atlântica de transição se conjugam na forma de um quase santuário de natureza preservada povoada com gente que sabe respeitá-la.
Pois é, instrumentada com uma infância prenhe de fantasias, espaços e brincadeiras saudáveis; tendo pais disciplinados que davam valor ao hábito da leitura e aos estudos; boa aluna que estudou numa escola montessoriana; tendo facilidade para aprender idiomas – é fluente em várias línguas, inclusive alemão; e tendo gosto pela ciência desde muito cedo, é plausível e compreensível que hoje esteja ente os luminares que compõem o plantel da ABC.
Então, Yraima, ao contrário dos advogados deste Patropi, que ao passar nas provas da OAB passam a se auto intitular “doutores”, como se tivessem defendido alguma tese, é doutora De facto e De Jure, pois defendeu tese frente uma banca, tendo feito pesquisas para seu trabalho até em alemão na própria Alemanha.
Parabéns para essa guria que engrandece a ciência do país e que, por acaso, é minha sobrinha. JAIR, Floripa, 02/12/12. 

24 comentários:

  1. —:> Eu sou suspeitérrimo para deixar aqui qualquer elogio no que se refere à minha filha, mas nada me impede dizer que o texto do manonovo está supimpa.

    Abração,
    Ruy.

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  2. Prolongo minhas congratulações! Muita paz!

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  3. Parabéns para a Yraima. Uma pessoa brilhante merecedora de suas conquistas.

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  4. Muito interessante (e importante) a ABC utilizar critérios técnicos na seleção de seus membros. Merecimento sobrepondo-se ao favorecimento.
    Parabéns à Dra. Yraima pela conquista e à ABC pelo privilégio de ter membros como ela!

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  5. Acabei de ler, tia Brandina! Diz pro tio que adorei o texto e estou muito honrada de ter sido tema no blog! beijos aos dois

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  6. Que orgulho para a imensa família Cordeiro. Quanto mais para o Ruy e avós.
    Parabéns Yraima! O Brasil precisa de vc.

    Bjs.
    Thereza Maria Cordeiro.

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  7. Renovo os parabéns. Êita família superdotada!
    Abraços.

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  8. Lindo o texto e Yraima merece isso e muito mais!!!

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  9. Parabéns Yraima, estamos orgulhosos de você. Lembro muito bem de um telefonema que tive com a tua querida mãe antes dela falecer:ela me falou que tinha muito orgulho dos três filhos dela. Beijos e continue sempre sendo essa boa "menina", digo menina, porque para nós pais e tios, vocês sempre serão crianças.

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  10. Jair, lindo e emocionante texto. Parabéns à Dra.Yraima Cordeiro e à seus pais.

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  11. Tio Jair, que lindo texto!Estamos todos muito orgulhosos da Yra. Só queria salientar que eu não sou doutora, parei no mestrado! bjs, Nai.

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  12. Parabéns a Yraima e especialmente ao paizão Ruy que deve estar muito orgulhoso!
    Abraço
    Sandreli

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  13. Que bacana!!! Parabens à Dra., aos familiares e a vc Jair pelo belo texto. Uma linda e merecida homenagem à sua sobrinha. Abraços!

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  14. rsrs, essa da ABL e o chá das cinco...
    Parabéns à sua sobrinha e a todos os familiares, gente séria é que a sociedade precisa! Pelo menos ouvir algo diferente do cotidiano político brasileiro!

    Abraços, Jair.

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  15. Parabéns, Jair! Concordo sobre o DNA especial da família, tiro por esse amigo das Letras, 'por acaso' chamado Jair, rs...

    Um ótimo fim de semana e... Boas Festas!!!

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  16. Muito estimado Jair,
    reforças o mendelismo contra o lamarkismo.
    Lá uma Lopes se faz cientista brilhante; aqui outro escritor de escol.
    A uma e outro reverências,
    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com
    www.professorchassot.pro.br

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  17. Jair,
    Deixo aqui meus parabéns tanto à doutora quanto ao "cumpadi" Ruy.
    Abraços de com força,
    Joel.

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  18. —:> Valeu, primo "Joéu".
    Grande abraço,
    Ruy, H. de J.

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  19. Ruy.
    Davi Cordeiro grande herói da revolução, nosso avô e nosso ídolo de tendência anarquista, com certeza também está orgulhoso da sua bisneta.
    Grande abraço,
    "Joéu"

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  20. —:> Puiszé, primo Joéu, vô Davi, o "bugre" Kaingang do Pinheiral, ou lapeano, conforme o ponto de vista, era "aventureiro", como se dizia, e vivia metendo o pé "nos mato", cavalgando o seu/dele malhado. Segundo reza a lenda velhoburguiana, era nessas andanças pelo sertão em que sumia por semanas, meses até, quele mudava de lugar a sua mítica panela de dinheiro. Quem sabe, algum dia, vc ou algum neto ou bisneto sortudo, seguindo o Arco-Íris, desentoque as supostas libras esterlinas, de ouro, que estariam enterradas em algum lugar do que resta das matas nativas do velho rincão.
    Abraço.

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  21. Pois é cumpadi Ruy. Sempre tive o velho bugre lapeano em grande estima mesmo sem, ao contrário de vc, ter tido a oportunidade de conhece-lo pessoalmente. Sei das aventuras e peripécias do mesmo através de relatos da minha mãe e de outros tios. É claro que sempre existem aqueles que torcem o nariz quando se fala do velho kaingang dizendo que a sua (dele) vida esteve longe de servir como exemplo a qualquer vivente. Só pq como bem vc afirmou, em algumas ocasiões ele abandonava a família deixando mulher e filhos ao deus dará, por dias, as vezes até semanas para mudar de lugar a tal panela de dinheiro que até hoje não se sabe se é verdade ou lenda, só por isso, repito, alguns moralistas de plantão acham de criticá-lo. A nossa avó, mulher do dito cujo, guardiã dos bons costumes e da moralidade, jamais o criticou. Mas tbm, criticasse pra ver... Eu o tenho como um anarquista devido às frases imortais que ele deixou: "Eu almoço quando tenho fome e não quando a fábrica apita", "Não trabalho para os Manucela (Malucelli) pq não preciso de chefe para me mandar" "Começo e paro de trabalhar quando quero e não quando a fábrica apita". Existem outras pérolas mas por essas ja dá para ver que o homem era fera.
    Abraços de com força,
    Joel.

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  22. Muitos parabéns à Yraima uma jovem super especial, á sua familia, concerteza a base sólida que a ajudou a ser o que é, e a si Jair por este texto excelente.
    Aproveito também para desejar um Natal muito feliz.
    Beijinhos
    Maria

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  23. —:> Puiszé, primo "joéu", esse lance da rebeldia anárquica do nosso avô Davi, era por demais conhecida. Pena que o "bugre" ficou pouco tempo conosco, pois teríamos muito que perender com ele.
    Abraço fraterno e que 2013 seja supimpa pra vc e família.

    Ruy (Morales/Xoupim, ou verça-visse).

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