Os grandes impérios tinham por característica constituírem colônias em países e nações ocupados, geralmente depois de guerras de conquistas bem sucedidas, ou de "descobrimentos" seguidos de desembarques nem sempre pacíficos. Foi assim com os impérios: português, espanhol, britânico, francês, otomano e todos os demais, a exceção do americano. Este, de modo sintomático e compreensível, sempre preferiu estados-satélite ou protetorados a colônias formais, exemplos: Filipinas, Porto Rico, Ilhas Virgens Americanas e Cuba, (esta apenas até 1959, ano em que Fidel derrubou Batista e tornou-se ditador vitalício) incorporados ao império após guerra com a Espanha em 1898, sem contar que o Panamá foi “criado” a partir da Colômbia em 1903, só para satisfazer o desejo americano de construir um canal que ligasse o Atlântico ao Pacífico. Ao contrário das colônias tradicionais que compulsam o uso de manu militari para manter a ferro-e-fogo governos títeres sem representação, e completa submissão a seus patrões, estados-satélite e protetorados são versões mais "light" de colônias, porquanto permitem governos autônomos, constituições próprias, alguma autodeterminação e certa autonomia administrativa e econômica. Entre os problemas que se encontram neste tipo de território controlado estão o alinhamento automático político-militar e, muito mais importante, o atrelamento cultural e consumista à matriz: "O que é bom para os EUA, é bom para...". A primeira guerra mundial converteu os EUA numa potência. O fato de o país estar geograficamente distanciado do conflito e, ao mesmo tempo, engajado econômica, militar e politicamente ao lado dos vencedores, deu aos americanos oportunidade de desenvolvimento e influência econômica desmedida e potencialmente vantajosa. Depois da segunda guerra, - ocasião em os Estados Unidos, mais uma vez, havia desenvolvido suas indústrias a serviço dos aliados vencedores – o país se viu envolvido na chamada Guerra Fria, em que o “outro lado” impunha limitações ao expansionismo tácito que era seu “destino manifesto”, segundo o pensamento de William H. Seward, secretário de Estado de Lincoln, que pressionou o Congresso Americano para comprar o Alasca da Rússia. O destino manifesto e a força econômica americana, contudo, impuseram um expansionismo do império na Europa, no Japão e ilhas do Pacífico, onde bases militares floresceram e o American way of life virou referência para as nações ocupadas. Além disso, o Plano Marschall, um oportuno aprofundamento da Doutrina Truman, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Européia, foi o principal plano dos EUA para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. Claro que, ao lado da ocupação militar e da recuperação estrutural das indústrias, toda uma ideologia capitalista e um modus vivendi americano eram impostos implícita e compulsoriamente aos cidadãos. Mac Donald, Coca-cola e Wall Mart são só alguns exemplos. Com o fim da Guerra Fria, os óbices que limitavam a influência americana no mundo ruíram como havia ruído o muro de Berlim. Numa tese bem ao do gosto dos anunciadores da pós modernidade, Francis Fukuyama, filósofo nipo-americano, proclamou o “fim da história”, ou seja, o triunfo universal e definitivo do modus operandi político e econômico da sociedade capitalista. Não mais haveria dois pólos ideológicos puxando brasas para suas respectivas sardinhas, as chamadas “zonas de influência” deixavam de existir e, onde a cortina de ferro havia caído, uma terra ninguém ávida por provar o gostinho do capitalismo temperado com democracia, havia surgido para o júbilo dos neo expansionistas americanos. Ao mesmo tempo, a formidável e insuperável superioridade militar dos EUA e sua liberdade de ação após a desintegração da União Soviética encorajaram uma ambição desmedida num estado grande de poderoso o bastante para acreditar-se capaz de dominar o Planeta incontestável e cabalmente, coisa impensável para o Império Britânico, mesmo em seus tempos áureos. E, de fato, no início deste século, os Estados Unidos ocupavam uma posição histórica única e sem precedentes de poder e influência globais. No momento, levando em conta critérios tradicionais de política internacional, são a única grande potência; são hegemônicos. Todas as grandes potências e impérios da história sabiam que não estavam sozinhos, e nenhum deles almejava genuinamente dominar o mundo. Conheciam suficientemente de história para estarem cientes da impossibilidade do sonho. Mesmo o império chinês em seu auge estava ciente da possibilidade de ser conquistado e desintegrado, de assistir a queda de suas dinastias. No quadro atual, talvez não surpreenda que os políticos americanos sejam tentados pela ilusão de onipotência. A “nova ordem mundial” no período pós Guerra Fria parece ser uma hegemonia americana ampliada, ainda que seus detalhes não estejam claros. Mesmo a custa de sapatadas, as guerras de Bush indicam claramente que o momento é propício para o Império Americano colocar o pé definitivamente em locais onde antes não seria possível pela “ordem mundial” então vigente. E o Império Americano vai bem, obrigado. JAIR, Floripa, 06/11/09.
Excelente análise da política externa americana neste século, especialmente depois de 11 de setembro de 2001. Os americanos da era Bush se sentiam plenamente justificados em invadir países e impor sua "democracia" que, em última análise, se iguala à "pax romana" daquele império. Parabéns.
ResponderExcluirO Bush foi um animal. Obama parece ser mais cauteloso, parece saber comer pelas beradas. Enfim, eu admiro toda essa capacidade estratégica que os EUA tem. A ambição dos líderes desse país unida a capacidade em colocar os planos em prática tornou os Estados Unidos o que ele é atualmente. Isso merece aplausos.
ResponderExcluirOs americanos são mesmo sádicos, seus banqueiros patrocinaram, e continuam patrocinando guerras, só para as indústrias ganharem mais dinehiro com as desgraças dos outros. Como disse J. Mauro, a "democracia" norte-americana é uma espécie de "pax romana", ou seja, as opiniões que os caras lá do norte querem que a gente tenha, e que não seja muito diferente da deles. Muito bem postado! Parabéns!
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